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06/05/2012

DIVALDO PEREIRA FRANCO - UMA VIDA SEMEANDO ESTRELAS PELO MUNDO

Tempo sem tempo de Divaldo Franco

diva

O dia 05 de maio de 2012, amanhece.

Na Mansão do Caminho, na cidade de Salvador, o sol vence as sombras da madrugada e, lentamente, preenche todos os espaços, com o seu brilho habitual. Divaldo Franco, no silêncio de seu gabinete de trabalho, reflete. Mal amanheceu e ele está desperto, após uma noite quase insone. Desde a véspera que as lembranças assomaram à sua mente. Afinal está completando 85 anos de sua atual reencarnação, e mais que nunca, quase por um automatismo, vê diante de si, na tela mental, cenas e mais cenas de sua vida, como num caleidoscópio , cujo início o traz de volta ao lar paterno. E aqui estou eu, que escrevo este artigo, criando, na minha imaginação, o amanhecer dessa data tão especial para todos nós, o aniversário de uma pessoa tão querida e amada pelos amigos que granjeou, em muito mais do que nos 65 países que percorreu, levando a sua palavra plena de paz, de sabedoria e de amor, pregando o evangelho do Cristo e a Doutrina dos Espíritos.

Ali está o baiano Divaldo Pereira Franco, enquanto as cenas se desenrolam em sua mente. É uma viagem notável, iniciada na infância, quando a mediunidade despontou em sua vida atual. As dificuldades que se foram somando, em meio às vivências familiares, culminando com a desencarnação de sua irmã Nair e de outras dolorosas provações que os pais, D. Ana e Francisco Franco, enfrentaram com fé em Deus e a certeza de sua misericórdia. Em meio às ocorrências familiares, o menino Divaldo ia experimentando os primeiros indícios da mediunidade. Um salto no tempo e eis Divaldo, já adulto, tendo sido orientado quando ainda no aconchego familiar, por pessoas que o conduziram pelos caminhos da sua iniciação ao Espiritismo e à prática equilibrada da mediunidade. Ele se vê no trabalho profissional, às voltas com a dupla vista, que lhe sendo tão natural é algo estranho para os demais. Um desfile de amigos especiais, companheiros das primeiras horas que ali estão, e ao revê-los, no painel da mente, um sentimento de saudade o envolve, convocados que foram, à época, para colaborar no processo de construção da obra missionária de Divaldo. Neste momento preciso, chega também, Nilson de Souza Pereira, o amigo das eras longínquas, pelas mãos da própria Joanna de Ângelis.

Em suas reminiscências Divaldo retorna à emoção vivida no dia 05 de dezembro de 1945, quando a mentora Joanna de Ângelis, que, anteriormente, ele não identificara, se apresenta, e por primeira vez, ele a vê, conscientemente, em sua beleza radiosa , ela que o acompanha e orienta desde os tempos imemoriais, tanto quanto a imensa família espiritual que ela vem agregando através das eras. Em breve, fundam o Centro Espírita Caminho da Redenção, no dia 07 de setembro de 1947. Meses antes o jovem baiano, então com 20 anos, inicia a sua trajetória como orador. São 65 anos transcorridos, que perpassam vivos em sua memória, quando hesitante e inseguro, diante de um público que aguardava o seu pronunciamento, ouviu uma voz a lhe dizer: – “Fala! Falaremos por ti e contigo! Era o dia 27 de março de 1947, na cidade de Aracaju (SE) e ali estava o espírito Humberto de Campos, convidando-o a iniciar a sua missão de pregar o Espiritismo e o Evangelho de Jesus. Ele se levantou e falou! E nunca mais parou.

Muitas vezes, nestes 55 anos de nosso abençoado convívio, ouvi Divaldo mencionar que, acima de tudo, queria falar de Jesus para as pessoas. Estava traçado, portanto, o mapa-mundi das palestras de Divaldo, que já pregou em 65 países nos cinco continentes.

Ele revê os detalhes de todas as programações, sempre antecipadamente preparadas, sob a égide de Joanna de Ângelis, que convida, inclusive, os Espíritos protetores de cada país, ensejando um tempo para que transmitam mensagens, que Divaldo psicografa nos hotéis ou lares onde se hospeda, nos intervalos dos compromissos e atividades. Porque a missão transcende o plano físico e adentra o espaço espiritual de cada país. De repente, no rio das recordações, surge a Mansão do Caminho, e Divaldo sente, como outrora, a emoção do instante em que teve a visão extraordinária da obra, que seria um marco em sua vida. Ali estava ele, na vidência psíquica, idoso, cercado de crianças, vivendo por antecipação o trabalho que deveria realizar, numa projeção mental realmente notável, que Joanna de Ângelis lhe proporcionou. Pouco tempo depois da visão, atendendo ao chamado, surge a Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima, na cidade de Salvador. O calendário assinala o dia 15 de agosto de 1952.

As cenas mentais que o fio da memória rebobinava, começam agora a se sobrepor e se misturam: viagens, países, livros psicografados, pessoas, público, auditórios superlotados; milhares de crianças na Mansão, que estudam, que crescem, crianças que nascem na Mansão e cujo primeiro choro é música celestial; trabalhos dia e noite, reuniões mediúnicas, entrevistas, passes em enfermos, estudos contínuos, amigos, muitos amigos, multidão de amigos, conversas em várias línguas nas ruas do mundo, enquanto passa, qual cometa luminoso e itinerante; milhares de pessoas, milhões de pessoas, livros e livros, compromissos, Espíritos que desfilam através de sua mediunidade, dores que sua palavra aliviou, curas espirituais; Espíritos nobres que o cercam, movimento espírita, Dr. Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda, Amélia Rodrigues – Joanna de Ângelis! E muito mais. Divaldo se enternece. Olha através da janela os jardins floridos, o recanto de Joanna com suas frondosas árvores, as salas de aula, o ginásio de esportes, o ambulatório, onde médicos, dentistas e enfermeiros atendem ao bairro, a padaria, a creche.

A Manjedoura, o lar das idosas, a gráfica, as construções que foram surgindo, o Centro Espírita Caminho da Redenção, onde Nilson assinalou o pórtico com o símbolo que relembra as mãos em oração, a lanchonete, a livraria, a enorme cozinha e todas as suas dependências, o lindo refeitório onde se reúnem os trabalhadores, as centenas de voluntários, o memorial, a campanha Auta de Souza, salas e mais salas para a administração desse imenso complexo que alguém denominou ( e realmente é) de A Mansão do Amor e, por fim, e por enquanto, a Casa de Parto!... Pelas alamedas floridas, pelas ruas da Mansão paira a certeza de que é possível criar aqui na Terra um recanto de paz e fraternidade, no qual o pensamento de Jesus e sua mensagem de amor estejam sendo vividos ali, a cada dia. Parabéns, Divaldo Franco! Você faz aniversário mas quem recebe os presentes somos nós. Você vem e entrega a cada um o mimo especial da sua presença, da sua palavra plena de sabedoria e amor, sempre amiga e afetuosa e dessa alegria irradiante que a todos contagia. Quando você se despede e se vai para cumprir outros compromissos, o seu psiquismo perdura, numa vibração superior, deixando em todos a sensação de um novo tempo, que começa agora. No tempo sem tempo, Divaldo caminha, semeando estrelas, que brilham, que cintilam no seu rastro.                     Suely Caldas Schubert

DIVALDO PEREIRA FRANCO-UMA VIDA SEMEANDO ESTRELAS PELO MUNDO

“A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. (...) Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. “ (O Espírito de Verdade -Havre, 1863.)1

Em 05 de maio de 1927, uma quinta-feira de outono, ressurgia no cenário planetário um Espírito que trazia em si a marca do Cristo. Uma estrela que descia do firmamento para fazer brilhar novamente na Terra a luz do Evangelho de Jesus, que deveria ser espalhada por todos os quadrantes, nas lições do Consolador. Seu nome: Divaldo Pereira Franco.

Natural da cidade de Feira-de-Santana, Estado da Bahia, experimentou desde a primeira infância as provações mais difíceis, que já lhe indicavam o caminho a seguir para o resto de sua existência física.

Nascido em família de escassos recursos materiais, aprendeu a viver com o necessário.

Recebeu no seio familiar os valores mais altos de dignidade humana.

Cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, recebendo o diploma de professor primário, em 1943. Trabalhou como escriturário no antigo IPASE, em Salvador, aposentando-se em 1980.

Ainda na infância, sua mediunidade eclodiu, permitindo-lhe conviver naturalmente com os seres dos dois planos da vida, físico e espiritual.

Mas seu verdadeiro compromisso era com o Consolador prometido por Jesus e, por isso, foi conduzido pelos desígnios divinos ao encontro com a Terceira Revelação, a Doutrina Espírita; a partir de então, inicia a sua árdua preparação para a tarefa que lhe estava reservada.

Em 27 de março de 1947, Divaldo iniciava oficialmente o seu ministério junto à Doutrina dos Espíritos, quando realizou a sua primeira conferência espírita, na União Espírita Sergipana.

Logo, tornou-se um dos maiores oradores e médiuns espíritas de todo o mundo.

“ ‘Divaldo tem uma estrela na boca’, disse um dia Chico Xavier.”; ele é o “semeador de estrelas”, assim escreveria Suely Caldas Schubert, biógrafa do médium baiano.2

Doutra feita, afirmaria também Francisco Cândido Xavier: “Divaldo é o trator de Jesus.”

Com efeito, a longa trajetória desse humilde e abnegado servo do Senhor tem sido marcada por testemunhos constantes e quase sempre dolorosos.

Seu heroísmo está patente em sua conduta ilibada de verdadeiro espírita-cristão.

Seus exemplos dizem de sua grandeza moral e espiritual.

Jamais se queixou de nada, nem das privações materiais sofridas, nem tampouco dos cravos das provações morais que lhe foram fincados na alma, mantendo-se sempre submisso à vontade de Deus.

Mesmo quando perseguido, combatido e caluniado, sempre preferiu o silêncio pacificador.

Esse homem incomum não conhece o descanso. As suas horas, os seus minutos, são rigorosamente dedicados à causa do bem.

Dedica-se, incansavelmente, ao atendimento das criaturas em sofrimento, que padecem de necessidades de ordem material, moral e espiritual.

Em 07 de setembro de 1947, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção.

Ao lado de Nilson de Souza Pereira, fundou em 1952, em Salvador/BA, a Mansão do Caminho, obra social das mais importantes no Brasil, que assiste, diariamente, a cerca de 3200 crianças e jovens, além de adultos e idosos, provendo-lhes do atendimento às necessidades materiais , mas também do “pão” intelectual e espiritual.

Por sua mediunidade diamantina, já surgiram mais de 250 livros, de autoria de Espíritos diversos, muitos dos quais já traduzidos para vários idiomas.

Como conferencista espírita, visitou mais de 2000 cidades brasileiras e 65 países, em todos os continentes, tendo já proferido mais de 13 mil palestras.

Divaldo recebeu, ao longo de sua vida espírita, muitas homenagens, comendas, medalhas, títulos honoríficos, diplomas, destacando-se:

• 1991 - Título Honoris Causa em Humanidades, pelo Colégio Internacional de Ciências Espirituais e Psíquicas, em Montreal, Canadá em 23.05.1991.

• 1997 - Decreto de Ordem do Mérito Militar, 31.03.1997, pelo Presidente da República do Brasil.

• 2001 - Medalha Chico Xavier, do Governo do Estado de Minas Gerais.

• 2002 - Título de Doutor Honoris Causa em Humanidades, pela Universidade Federal da Bahia.

• 2002 - Homenagem da Universidade Estadual de Feira de Santana.

• 2005 - Título de Embaixador da Paz no Mundo, junto com o amigo Nilson de Souza Pereira, título recebido em Genebra, na Suíça, em 30 de dezembro de 2005, pela Ambassade Universalle Pour la Paix.

  • 2008 - Em junho, em Paigton, no Sudoeste da Inglaterra, recebeu do monge tibetano Kelsang Pawo, da Fundação Kelsang Pawo, que se dedica a proteção de crianças em perigo em todo o mundo, o título de Embaixador da Bondade no mundo.

Todas as homenagens recebidas pelo gigantesco trabalho realizado em prol da Humanidade, Divaldo sempre as transferiu ao Espiritismo e, especialmente, a Jesus, seu mestre, modelo e guia, a quem tanto ama e a quem tem devotado toda a sua existência.

Sempre dócil às orientações de sua mentora espiritual Joanna de Ângelis, Divaldo Pereira Franco tornou-se verdadeiro êmulo de Jesus, seguindo-Lhe as pegadas firmemente, com disciplina e estoicismo, renúncia e humildade, cantando as bem-aventuranças por onde passa e entoando um hino de louvor a Deus.

Por isso, ao celebrarmos os 85 anos de existência de nosso querido Divaldo, recordamos o “Cântico das Criaturas”, de Francisco de Assis:

“Louvado sejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações. Bem-aventurados aqueles que suportam em paz, pois, por ti, Altíssimo, serão coroados”.

Rendamos graças e louvores a Deus que nos enviou essa estrela que, qual farol iluminando as trevas, indica-nos o rumo para que também , de nossa parte, alcancemos a plenitude da vida.

Feliz Aniversário, querido Divaldo!

Fontes:

  1. Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 6, item 8, p. 161, 120ª ed.,RJ, FEB.
  2. Schubert, Suely Caldas. O Semeador de Estrelas. 1989, Salvador, LEAL

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