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01/07/2012

HOMOSSEXUALIDADE COMO EXPRESSÃO DA DIVERSIDADE HUMANA. NORMAL OU ANORMAL?

homo

O Espírito, expressão da Chama Divina, em sua jornada evolutiva, manifesta-se de diferentes formas visando aprender e ascender espi-ritualmente. Seu corpo espiritual, ou perispírito, veículo de manifes-tação na dimensão de origem, o permite-lhe relacionar-se de dife-rentes formas dada sua plasticida-de e suscetibilidade ao pensamen-to. Quando envolvido pelo corpo físico, o Espírito experimenta limi-tações em função da rigidez cro-mossômica que lhe caracteriza a formação. Em face disso, a vivência de sua sexualidade encontra obstáculos para que se manifeste plenamente. A sexualidade huma-na é a dimensão que capacitou o espírito a constituir sua afetivida-de. Sem ela, não conseguiria o Espírito experimentar as demons-trações de carinho e amor de que tem sido capaz nas suas suas relações com o outro:


A homossexualidade, forma diferenciada de viver a dimensão afetiva, estudada por muitos cien-tistas com distintas opiniões, teve sua saída do rol dos transtor-nos mentais desde o sé-culo passado, pondo fim às oficiais rejei-ções homofó-bicas precon-ceituosas. O Espírito é livre para manifestar sua dimen-são afetiva, sexual e amorosa como lhe apraz, sendo uma questão de foro íntimo como a vive, respeitando o direito do outro com quem pretenda estabelecer relações. Evocar causas genéticas, sociais ou cármicas é, de fato, ainda não entender a natureza íntima do Espírito.
Rotular a homossexualidade como anormal ou considerá-la uma perversão ainda é parte do precon-ceito movido pela ignorância e pela não aceitação da própria bissexuali-dade psíquica, inerente a todo ser humano. A Doutrina Espírita, em seus princípios fundamentais, decla-ra a neutralidade do Espírito quando afirma que os mesmos espíritos habitam corpos masculinos e femi-ninos. O corpo físico, com sua ana-tomia e seu funcionamento, é in-competente e ineficiente para mani-festar a diversidade sexual que pulsana intimidade da alma, tampouco é capaz de conter a ânsia que domina o Espírito em ser ele mesmo. A evolução deverá permi-tir, pelas diferentes formas de relações humanas que estão sur-gindo, que haja livre manifestação da sexualidade humana sem que se precise criar casuísmos nem eliciar preconceitos retrógrados. O amor deve ser o elemento princi-pal de nossa percepção a respeito do comportamento de alguém.
Adenáuer Novaes
Psicólogo Clínico

Q.367 - Unindo-se ao corpo, o Espírito se identifica com a matéria?
“A matéria é apenas o envoltório do Espírito, como o vestuário o é do corpo. Unindo-se a este, o Espírito conserva os atributos da natureza espiritual.”
Q.200 - Tem sexo os Espíritos?
“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organiza-ção. Há entre eles amor e simpa-tia, mas baseados na concordância dos sentimentos.”
Q.201 - Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?
“Decerto; são os mesmos os Espí-ritos que animam os homens e as

mulheres.”
Q.202 – Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?
“Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.”
O Livro dos Espíritos (79ª edição -Feb)
Allan Kardec

HOMOSEXUALIDADE SOB A ÓTICA DO ESPÍRITO IMORTAL

1. Qual a visão espírita sobre a homossexualidade? É ou não uma doença à luz do Espírito imortal?
A homossexualidade, segundo a ciência, é uma orientação afetivo-sexual normal.
Não há uma visão que seja con-senso sobre o assunto no movimentoespírita, mas há excelentes textos dos espíritos André Luiz e Emmanuel nos direcionando o pensamento e a reflexão para o respeito, acolhimento e a inclusão da pessoa homossexual, entendendo a homossexualidade como uma condição evolutiva natural (e o termo “natural” como sinônimo de “presente na natureza”) decor-rente de múltiplos fatores, sempre individuais para cada espírito. Essa condição, quando exclusiva ou pre-dominante na vida do espírito, é construída ou escolhida em função de tarefas específicas ou provas re-dentoras, incluindo aí
as condições expiatórias e reeducativas devidas a abusos afetivo-sexuais no passado, que parecem ser a causa deter-minante da maior parte das con-dições homossexuais, segundo a literatura espírita.
Emmanuel esclarece, em Vida e Sexo (psicografia de Chico Xavier), que o espírito é portador da bissexu-alidade psíquica, em função de ser assexuado em sua natureza e viven-ciar as duas polaridades, de forma alternada, ao longo das múltiplas vivências encarnatórias. A atração sexual e afetiva da experiência pre-sente é o resultado de uma intera-ção de fatores biológicos e psicológi-cos que varia enormemente de indi-víduo para indivíduo, tanto na en-carnação quanto nas suas fases.

Desta forma, encontraremos indiví-duos vivenciando experiência ho-mossexual, sem ser essa a identida-de predominante, caracterizando uma série de vivências que necessi-tam de individualização para serem compreendidas à luz da reencarna-ção, sem que haja uma receita de bolo para essas múltiplas circuns-tâncias desafiadoras dos valores sociais, religiosos e até mesmo cien-tíficos. Explico isso com detalhes na obra Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal.
2. Qual a diferença entre orien-tação e escolha sexual?
A orientação sexual é definida pelo sexo pelo qual o ser se atrai. Pode ser heterossexual (sexos dife-rentes), homossexual (mesmo sexo) ou bissexual (os dois sexos). Há aqueles que defendem ainda que o ser pode ser assexual, ou seja, não se atrair por nenhum dos sexos. Escolha sexual é o que o indivíduo faz a partir do seu desejo, como se comporta na parceria afetiva-sexual. A homossexualidade, na maioria dos casos, é uma orientação e não escolha.
3. Em todos os ca-sos, o espírito já renasce homossexu-al? É possível rever-ter essa orientação?
Nem sempre. A orientação homossexu-al pode surgir ao longo da vida, devido a múl-tiplos fatores biológi-cos, emocionais e espi-rituais, como acontece com os diferentes tipos de desejo
heterossexual.
Não se conhecem métodos psicoterapêu-ticos eficazes para a
para a reversão do desejo sexual e nem há necessidade disso, já que a homos-sexualidade é uma variante normal do desejo sexual humano, segundo a psicologia. Só há necessidade de atenção e cuidado psicológico quan-do o indivíduo não se aceita como é (condição egodistônica) e precisa de auxílio para a autoaceitação e auto-amor ou quando o desejo for sinto-ma, como no caso de abusos sexu-ais na infância.
4. Existem casos de homossexu-alidade desenvolvida exclusiva-mente pela educação na infân-cia? Em caso afirmativo, é possí-vel reverter o processo?
Sim, a orientação sexual sofre influência decisiva do processo edu-cacional, como Freud e outros estu-diosos descreveram. O desejo sexu-al é originado, segundo a psicologia, dos movimentos reacionais inconsci-entes aos processos de amadureci-mento psicossexual. Nesta perspec-tiva, toda orientação, seja hetero ou homossexual, é uma escolha inconsciente.

5. Como devem se comportar os pais de um indivíduo que se descubra homossexual?
O acolhimento amoroso da família é fundamental para que o indivíduo homossexual possa se aceitar, se compreender, entendendo o papel dessa condição em sua vida atual, e para que se sinta digno e responsável perante suas escolhas.
A família é o núcleo em que se encontram corações compromissa-dos em projetos reencarnatórios comuns, com vínculos pessoais de cada um com o passado daqueles que com eles convivem, devendo ser cada membro dessa célula da sociedade um esteio para que o melhor do outro venha à tona, por meio da experiência amorosa.
Os pais de homossexuais pode-rão ler e compartilhar interessantes experiências de outros pais no site e nos livros de Edith Modesto:
http://www.gph.org.br.


6. O homossexual não consegue de forma alguma ter atração por pessoa do sexo oposto ou isso pode acontecer de forma natural?
O homossexual exclusivo só se atrai por alguém do mesmo sexo, já o bissexual se atrai pelos dois sexos. A bissexualidade se apresen-ta com porcentagens diferenciadas de desejo, assim uma pessoa bisse-xual pode ser homossexual predo-minante, ter vida e comportamento homossexual e mesmo assim ter atração minoritária
por alguém do sexo oposto. E vice-versa.

7. O homem homossexual se sente uma mulher? A mulher homossexual se sente um homem?
Não, o homossexual tem a identidade do próprio sexo, o que significa que se olha no espelho e se sente do seu sexo biológico, não se sente do sexo oposto nem deseja sê-lo. Isso não impede que as identificações se-jam com o mesmo sexo ou com o sexo oposto, fazendo com que o indi-víduo seja mais ou menos masculini-zado ou feminilizado.
8. Considerando a imortalidade da alma, como entender os relaciona-mentos homossexuais?
Como caminhos de crescimento espiritual, como qualquer relaciona-mento, desde que pautados no respei-to, na afetividade e na amorosidade. A postura na vivência da sexualidade, para homossexuais, deve ser a mes-ma aconselhada pelos espíritos a heterossexuais: dignidade, respeito a si mesmo e ao outro, valorização da família, da parceria afetiva profunda no casamento e dedicação da energia sexual criativa em benefício da comunidade em que está inserido.

9. Muitos consideram que a absti-nência é uma recomendação edu-cativa no caso de homossexualidade. Qual seu parecer?
Muitos poucos espíritos estão pron-tos para a abstinência sexual, que só é útil quando a serviço do benefício coletivo ou como medida disciplinar em casos de compulsão sexual.
O homossexual tem direito a uma vida afetiva e sexual plena, competin-do a cada um o reconhecimento do que lhe convém ou não, em termos de prática e conduta. Todos devem evitar os abusos, a promiscuidade, o comér-cio do corpo e a banalização da energia sexual, que é força sagrada destinada a alimentar o corpo e a alma de afetos e nutrição espiritual.
10. Por que e para que buscar o tratamento do vício em pornografia?

-Porque o vício da pornografia cultiva uma imagem deturpada do homem e da mulher, fazendo-os objetos de desejo, alimentando a violência interpessoal, abrindo as portas paraa obsessão espiritual e trazendo à tona conflitos e núcleos afetivos adoecidos complexos do passado espiritual, que colocam o ser em perturbação, fazendo-o desvalorizar os afetos e as relações atuais, as lutas reeducativas e o aprendizado da grandiosidade da energia e práti-ca sexual à luz do amor e da imorta-lidade da alma.
11. Fale sobre o HIV/aids numa visão médico-espírita.
Trata-se, em breves linhas, de uma condição de infecção ou doen-ça, que convida o ser à reeducação afetiva-sexual e ao cultivo da espiri-tualidade, atitudes que fortalecem o organismo e a imunidade física e espiritual. Há um capítulo sobre o tema na nossa obra.
Andrei Moreira
Médico

Jornal de Estudos Psicológicos - Ano V l N° 23 l Julho e Agosto 2012

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Um comentário:

  1. Marcia, já comentei em três postagens, e adorei.
    Como o texto é esclarecedor!
    Sinto que tenho ainda muito o que aprender aqui.
    Cada texto lido, é uma nova lição, um pensamento diferente que construo.
    Está sendo para mim algo edificante!
    Beijos, e espero te ver no meu espaço. Será um prazer!

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