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28/03/2012

EGOÍSMO E ORGULHO: CAUSAS, EFEITOS E MEIOS DE DESTRUÍ-LOS

ego

É fato reconhecido que a maior parte das misérias da vida provém do egoísmo dos homens. Desde que cada um só pensa em si sem pensar nos outros e ainda só quer a satisfação dos próprios desejos, é natural que a procure a todo preço, sacrificando embora os interesses de outrem, quer nas pequenas, quer nas maiores coisas, tanto na ordem moral, como na material. Daí todo o antagonismo social, todas as lutas, conflitos e misérias, visto como cada um quer pôr o pé adiante dos outros.

O egoísmo tem origem no orgulho. A supremacia da própria individualidade arrasta o homem a considerar-se acima dos demais. Julgando-se com direitos preferenciais, molesta-se por tudo o que, em seu entender, o prejudica. Naturalmente a importância que, por orgulho, se atribui, o torna naturalmente egoísta.

O egoísmo e o orgulho têm origem num sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm razão de ser e utilidade, pois que Deus não faz coisa inútil. Deus não criou o mal; é o homem que o produz por abuso dos dons divinos, em virtude do livre-arbítrio.

Este sentimento contido em justos limites é bom em si; a sua exageração é que o torna mau e pernicioso. O mesmo acontece às paixões, que o homem desvia do seu fim providencial. Deus não criou o homem egoísta e orgulhoso, mas simples e ignorante; foi o homem que, ao malversar o instinto, que Deus lhe deu para a própria conservação, se tornou egoísta e orgulhoso.

Os homens não podem ser felizes enquanto não viverem em paz, isto é, enquanto não forem animados pelos sentimentos de benevolência, indulgência e condescendência recíprocas e enquanto procurarem esmagar uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas reclamam abnegação. Ora a abnegação é incompatível com o egoísmo e com o orgulho; logo, com estes vícios não pode haver verdadeira fraternidade e, em conseqüência, igualdade e liberdade; porque o egoísta e o orgulhoso tudo querem para si. Serão sempre eles os vermes roedores de todas as instituições progressistas e, enquanto reinarem, os mais generosos sistemas sociais, os mais sabiamente combinados, cairão aos golpes deles.

Faz gosto ver proclamar o reino da fraternidade; mas de que serve, se vai de par com uma cauda de destruição? É construir na areia; é o mesmo que procurar um país insalubre para restabelecer a saúde. Para ali, se quiserem garantir os habitantes, não basta enviar médicos, que morrerão como outros; é preciso mandar os meios de estudar as causas de insalubridade.

Se quiserdes que os homens vivam como irmãos, na Terra, não basta dar-lhes lições de moral; é preciso destruir a causa do antagonismo existente e atacar a origem do mal: o orgulho e o egoísmo. É esta a chaga que deve merecer toda a atenção daqueles que desejam seriamente o bem da humanidade. Enquanto subsistir este obstáculo, estarão paralisados os seus esforços, não só pela resistência da inércia, como por uma força ativa, que trabalhará incessantemente para destruir o trabalho; porque toda idéia grande, generosa e emancipadora, arruina as pretensões pessoais.

Destruir o egoísmo e o orgulho é impossível, direis, porque esses vícios são inerentes à espécie humana.

Se assim fosse, impossível seria o progresso moral, ao passo que, quando considerarmos o homem em diversas épocas, reconhecemos à evidência um progresso incontestável; logo, se temos sempre progredido, em progresso continuaremos. Demais, não haverá, por ventura, algum homem limpo de orgulho e de egoísmo? Não há exemplos de uma pessoa dotada de natureza generosa, em quem o

sentimento do amor ao próximo, da humildade, do devotamento e da abnegação, parece inato? O número é inferior ao dos egoístas, bem o sabemos, e se assim não fora, estes não fariam a lei; mas não é tão reduzido, como pensam, e se parece menor é porque a virtude, sempre modesta, se oculta na sombra, ao passo que o orgulho se põe em evidência. Se pois o egoísmo e o orgulho fossem condições de vida, como a nutrição, então, sim, não haveria exceção.

O essencial portanto é fazer que a exceção passe a ser regra e para isso incumbe destruir as causas produtoras do mal. A principal é, evidentemente, a falsa idéia, que faz o homem da sua natureza, do seu passado e do seu futuro. Não sabe donde vem, julga-se mais do que é; não sabendo para onde vai, concentra todos os pensamentos na vida terrestre. Deseja viver o mais agradavelmente possível, procurando a realização de todas as satisfações, de todos os gozos. É por isso que investe contra o vizinho, se este lhe opõe obstáculo; então entende dever dominar, porque a igualdade daria aos outros o direito que ele quer só para si, a fraternidade lhe imporia sacrifícios em detrimento do próprio bem-estar, e a liberdade, deseja-a só para si, não concedendo a outrem senão o que não fira as prerrogativas. Se todos têm essas pretensões, hão de surgir perpétuos conflitos, que farão comprar bem caro o pouco gozo, que conseguem fruir.

Identifique-se o homem com a vida futura e a sua perspectiva mudará inteiramente, como acontece a quem sabe que pouco tempo deve estar em pouso ruim e que dele saindo alcançará um excelente lugar para o resto da vida.

A importância da presente vida, tão triste, tão curta e efêmera, desaparece diante do esplendor da vida futura infinita, que se abre à frente. A conseqüência natural e lógica desta certeza é o sacrifício voluntário do presente fugitivo a um futuro sem fim, ao passo que antes tudo era sacrificado ao presente. Desde que vida futura se torna o fim, que importa gozar mais ou menos nesta? Os interesses mundanos são acessórios, em vez de principais. Trabalha-se no presente, a fim de assegurar-se uma boa posição no futuro, sabendo quais as condições para alcançá-la. Em matéria de interesses mundanos, podem os homens opor obstáculos, que ocasionem a necessidade de combatê-los, o que gera o egoísmo. Se porém erguerem os olhos para onde a felicidade não pode ser perturbada por ninguém, nenhum interesse alheio precisa de ser debelado e, conseguintemente, não há razão de ser para o egoísmo, embora subsista o estimulante do orgulho.

A causa do orgulho está na crença, que o homem tem, da sua superioridade individual, e aqui se faz ainda sentir a influência da concentração do pensamento nas coisas da vida terrestre.

O sentimento de personalidade arrasta o homem que nada vê diante de si, atrás de si ou acima de si; então o seu orgulho não conhece medidas.

A incredulidade, além de não ter meio para combater o orgulho, estimula-o e dá-lhe razão, pelo fato de negar a existência de um poder superior à humanidade. O incrédulo só crê em si; é, portanto, natural que tenha orgulho, não vendo nos contratempos que oferecem senão obra do acaso; ao passo que o crente vê a mão do Senhor naqueles contratempos e curva-se submisso, enquanto o outro se revolta.

Crer em Deus e na vida futura é pois a principal condição para quebrar o orgulho; mas não é a única. Conjuntamente com o futuro, é preciso ter em vista o passado, para poder fazer justa idéia do presente. Para que o orgulhoso cesse de crer em sua superioridade, é preciso provar-lhe que ele não é mais que os outros e que todos lhe são iguais, que a igualdade é um fato e não uma teoria filosófica. São verdades que derivam da preexistência da alma e da reencarnação.

Sem a preexistência da alma, o homem, que crê em Deus, é levado a acreditar que lhe deve singulares vantagens, e o que não crê é levado a atribui-los ao acaso e aos méritos próprios. A preexistência, dando-lhe a nocão da vida anterior da alma, ensina-o a distinguir a espiritual, infinita, da corporal, temporária. Ele chega por aí a compreender que as almas saem iguais das mãos do Criador, têm o mesmo ponto de partida e o mesmo fim, que todos atingirão em mais ou menos tempo, segundo os esforços empregados; que ele próprio não chegou ao ponto, em que se acha senão depois de ter longa e penosamente vegetado como os outros, nos planos inferiores; que não há entre os mais e os menos adiantados senão questão de tempo; que as vantagens do nascimento são puramente corporais e não afetam o Espírito; que o proletário pode, noutra existência, nascer em um trono e o mais poderoso vir como proletário.

Se ele não considerar senão a vida corporal, vê as desigualdades sociais e não as pode explicar; mas se lançar a vista para o prolongamento da vida espiritual, para o passado e o futuro, desde o ponto de partida até o terminal, todas aquelas desigualdades se lhe desfazem perante os olhos e reconhecerá que Deus não deu a nenhum de seus filhos vantagens que negasse a outros; que fez a partilha com a mais rigorosa igualdade, não preparando o caminho melhor para uns do que para outros; que o mais atrasado de hoje, dedicando-se à obra do seu aperfeiçoamento, pode ser amanhã mais adiantado; enfim, reconhece que, não se elevando ninguém a não ser pelos esforços pessoais, o princípio da igualdade tem o caráter de um princípio de justiça e de lei natural, diante das quais não prevalece o orgulho dos privilégios.

A reencarnação, provando que os Espíritos podem renascer em diferentes condições sociais, quer como expiação, quer como prova, faz-nos saber que muitas vezes tratamos desdenhosamente uma pessoa, que foi noutra existência nosso superior ou igual, amigo ou parente. Se o soubéssemos, trata-lo-íamos com atenção, mas neste caso não haveria nenhum mérito; e se soubéssemos, que o amigo de hoje fora antes um inimigo, um servo, um escravo, não o repeliríamos? Deus não quis que fosse assim e por isso lançou um véu sobre o passado para que em todos víssemos irmãos e iguais, como é mister para estabelecer-se a fraternidade; sabendo que poderemos ser tratados como houvermos tratado os outros, firmaremos o princípio de caridade como dever e necessidade, fundados nas leis da natureza.

Jesus estabeleceu os princípios da caridade, da igualdade e da fraternidade, dos quais fez condições indispensáveis para a salvação; mas ao Espiritismo ficou reservada a terceira manifestação da vontade de Deus, pelo conhecimento da vida espiritual, pelos horizontes novos que descortina e pelas leis, que revela, como sanção daquele princípio, provando que não é somente uma doutrina moral, mas uma lei natural, que está no interesse dos homens cultivar e praticar. Ora, eles hão de praticá-la desde que deixarem de ver no presente o princípio e o fim, desde que compreenderem a solidariedade, que existe entre o presente, o passado e o futuro.

No infinito campo, que o Espiritismo lhes põe aos olhos, a sua importância pessoal anula-se, porque compreendem que, sós nada valem e nada podem, que todos precisamos uns dos outros não sendo nenhum mais que outro; duplo golpe desfechado contra o orgulho e o egoísmo.

Para isso, porém, é preciso terem fé, sem a qual ficarão detidos dentro do círculo do presente, mas não a fé cega, que foge da luz, que acanha as idéias e portanto alimenta o egoísmo, mas sim a fé inteligente, racional, que pede a luz e não as trevas, que rasga, ousadamente, o véu dos mistérios e alarga os horizontes. Essa fé, elemento essencial de todo progresso, é a que o Espiritismo proclama: fé robusta, porque se firma na experiência e nos fatos, dá as provas palpáveis da imortalidade e nos ensina de onde ela vem, para onde vai e porque está na Terra e, finalmente, fixa as nossas idéias a respeito do futuro.

Uma vez encaminhados por esta larga via, não daremos mais ao orgulho e ao egoísmo o pasto, que os alimenta, resultando daí o seu aniquilamento progressivo e a modificação de todos os laços sociais pela caridade e pela fraternidade bem compreendidas. Pode dar-se essa modificação de chofre? Não, isso é impossível, pois nada vai de um salto em a natureza; a saúde não volta subitamente; e entre a moléstia e a cura, há sempre a convalescença.

O homem não pode instantaneamente mudar de sentimentos e elevar os olhos da terra ao céu; o infinito deslumbra-o e confunde-o; precisa de tempo para assimilar as novas idéias.

O Espiritismo é, sem contestação, o elemento mais potente de moralização, porque alui os fundamentos do egoísmo e do orgulho, dando sólido fundamento à moral; faz milagres de conversão. Não são ainda, é certo, senão curas individuais e, quase sempre, parciais; mas o que ele produz nos indivíduos é prenúncio do que produzirá um dia nas massas populares. Não pode, de uma vez, arrancar toda a erva daninha; mas dá a fé, que é boa semente e que não precisa senão de tempo para germinar e frutificar. Eis porque ainda não são todos perfeitos. Ele encontrou o homem no meio da vida, no ardor das paixões, na força dos preconceitos, e se em tais condições tem operado prodígios, como não operará quando o tomar no berço, virgem de todas as impressões maléficas, quando lhe der, com o leite, a caridade, e o acalentar com a fraternidade, quando, enfim, uma geração inteira vier alimentada por idéias que a razão fortificará em vez de debilitar?(76) Sob o império dessas idéias, que serão mandamentos de fé racional para todos, o progresso, limpando a estrada de egoísmo e orgulho, penetrará nas instituições que se reformarão a si mesmas, e a humanidade caminhará rapidamente para os destinos que lhe são prometidos na terra, enquanto não chega a hora de alcançar o céu.

(76) Desde O Livro dos Espíritos Kardec insiste nessa tese da educação como instrumento básico de transformação do mundo. Felizmente a Educação Espírita já surgiu no Brasil e vem se desenvolvendo de maneira auspiciosa através de uma rede escolar que vai do grau pré-primário ao grau superior de ensino. No final de 1970 (Ano Internacional da Educação decretado pela UNESCO, órgão cultural da ONU, e Ano Nacional da Educação decretado pelo Governo Brasileiro) foi lançada em São Paulo a revista Educação Espírita, primeira revista pedagógica do Espiritismo no mundo. Lançamento da Edicel, essa publicação especializada abriu uma nova frente na batalha da cultura, iniciando a elaboração da Pedagogia Espírita. Dessa elaboração depende o que Kardec prevê para o futuro: uma geração inteira educada e fortalecida pelos princípios racionais do Espiritismo. (N. do Rev.) Livro: Obras Póstumas- Allan Kardec

24/03/2012

A DEPRESSÃO É FALTA DE DEUS?

 

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As pesquisas científicas mais recentes são categóricas em afirmar que a fé religiosa interfere positivamente na capacidade de recuperação de um doente. Por outro lado, existem pessoas que atribuem à sua fé religiosa seu estado de saúde plena.

Sem dúvida, a fé é um recurso transformador da mente, porém, sem discernimento ela deságua no fanatismo e no preconceito, o que é sempre pernicioso. Os bens espirituais não são materiais ou físicos, por isso, as bênçãos divinas não podem ser medidas pelo sucesso financeiro ou pelo vigor físico de um indivíduo.

Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Mateus 6:20

O que pretendemos discutir neste artigo é o outro lado da moeda. Será o doente um indivíduo sem fé, sem Deus? Será que o otimismo, o pensamento positivo, a boa vontade, a fé em Deus são suficientes para que tenhamos saúde?
Todas as doenças têm causas multifatoriais. Existe um componente físico, um emocional e outro espiritual. A conjunção dos três níveis de desequilíbrio é que abre as portas do organismo humano para a instalação de doenças.
Choca-me a forma recorrente e incisiva com que pessoas esclarecidas, atuantes dentro de comunidades religiosas as mais diversas, afirmam que para elas a depressão é falta de Deus. Como se se tratasse de uma questão de escolha. Chegam a cogitar que os medicamentos antidepressivos seriam os responsáveis pela doença. É lastimável que essa visão distorcida seja tão presente em nossa sociedade.
Trata-se de questão relevante, pois o doente com depressão tem ao seu lado, em sua família, pessoas com esse pensamento. O que resulta em um retardo no diagnóstico, prolonga o sofrimento do deprimido e, boicota seu tratamento. Essa visão se transfere ao doente e, ele sente-se ainda pior. Considera-se fraco, incapaz ou indolente.
As pessoas que assim pensam cometem vários erros do ponto de vista médico e, outros tantos do ponto de vista evangélico. Elas assim agem por interpretarem os sintomas dessa doença como puramente emocionais ou como falhas de caráter. Desconhecem os mistérios da mente em sua interação complexa envolvendo o universo biológico, emocional e espiritual.
O religioso precipitado julga o doente ignorando o verdadeiro mecanismo da sua doença, que é expressão de anomalia física e não de anomalia de caráter. Assim como o diabetes traduz a falta de insulina, a depressão reflete déficit de neuro-hormônios no cérebro.
Existe, logicamente, um intricado emaranhamento entre questões emocionais e o curso mais ou menos favorável dessa condição, como em qualquer outra situação de desequilíbrio orgânico.

Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor. I Coríntios 4:5

É interessante como a humanidade repete, incansavelmente, os mesmos erros de seu passado. Os Hansenianos contemporâneos de Jesus eram tidos como malditos e pecadores, como vítimas do castigo divino.
Sob o prisma da medicina sabemos que humor é uma função da mente regulada por neuro-hormonios. A pessoa com distúrbio do humor não está triste ou alegre. Ela está deprimida ou eufórica. Em medicina não são sinônimos, podemos ter uma pessoa deprimida e alegre e, uma pessoa em euforia e triste. A tristeza é um sentimento em reação a um fato exterior. A depressão não depende
de cau sa externa, daí o termo depressão endógena.
Quando ocorre uma diminuição da produção de neuro-hormônios, especialmente da serotonina, ocorre alteração do humor no sentido da depressão. A euforia é mais rara e, associa-se a um distúrbio da mente mais severo conhecido como doença bipolar.
A depressão endógena, portanto, reflete déficit de neurotransmissores e a etiologia desse déficit por sua vez é multifatorial. A influência genética é bastante evidente. Trata-se de condição mais frequente na mulher em função da flutuação hormonal que ela sofre. A progesterona, hormônio da segunda fase do ciclo e, da gravidez, predispõe à depleção de serotonina, por isso a tendência feminina para alterações do humor na fase pré-menstrual.
Trata-se de doença com caráter cíclico e recorrente. Os episódios de depressão costumam ser longos durando entre seis meses e dois anos. Em suas formas graves pode levar a uma profunda apatia, sensação de intenso pesar que pode levar o deprimido até extremos como o do suicídio.
As formas leves muitas vezes são negligenciadas, pois tem manifestação algo diferente. A pessoa fica irritada, ansiosa, intolerante, pode desenvolver pânico ou comportamento obsessivo
compulsivo. Mesmo em sua forma leve a depressão compromete bastante a qualidade de vida do seu portador, compromete ainda seus relacionamentos profissionais e pessoais. São pessoas tidas como chatas, arrogantes, perfeccionistas, intransigentes ou cheias de manias.
A Distimia é um distúrbio crônico do humor, uma forma mais leve da depressão endógena que se caracteriza por persistir por períodos maiores que dois anos e por manifestar-se com humor mais irritável do que depressivo.
Os exercícios físicos liberam endorfinas na corrente sanguínea as quais tem ação antidepressiva natural. O chocolate, fonte de triptofano, um precursor da serotonina, também tem ação antidepressiva. Atualmente existem medicamentos seletivos
e seguros para o tratamento da depressão. São os antidepressivos, que não devem ser confundidos com sedativos, hipnóticos ou tranquilizantes. Estes últimos causam dependência química, o que não acontece com os medicamentos específicos para depressão.
Infelizmente, drogas ilícitas e lícitas, como o álcool, também têm algum efeito antidepressivo transitório. Isso leva, comumente, ao seu uso abusivo pelos doentes em função de um busca por alívio instantâneo do desconforto que os consomem, especialmente, naquelas pessoas que não se sabem ou não se admitem doentes.
Assim, o risco de desenvolvimento de dependência química entre os deprimidos é aumentado. Não é incomum que o diagnóstico de depressão endógena só seja feito após a instalação de uma dependência química, especialmente entre os adolescentes.
Os antidepressivos ainda que bastante eficientes devem ser associados a exercício físico e ao suporte emocional para que se obtenha um bom controle das crises depressivas. Tal medicação pode ser usada por extensos períodos, de acordo com a forma da doença e a necessidade de cada doente.
O suporte espiritual é também fundamental para o depressivo. Reduz a influência exterior negativa (obsessão) e, aumenta a capacidade de reagir à doença através da busca serena de soluções seguras. Quando afirmamos que
a depressão é falta de Deus estamos julgando um doente como um simulador ou como um auto-agressor. Estamos julgando o doente como fraco e, sem vontade. E pior, como distante de Deus. Quantos enganos em relação ao Evangelho do Cristo? Ele, o Cristo, nos conclama a não julgarmos, a sermos compassivos e misericordiosos.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Mateus 5:7

Todas as doenças enfrentadas com o auxílio divino são mais leves e tornam-se instrumento de educação do espírito encarnado. Tendo fé a nossa dor tem um sentido, faz parte de um conjunto de bênçãos do criador em favor de nossa evolução rumo aos paramos celestiais. Com fé lutaremos pela vida e pela disposição, sem revolta e com inteligência.
Tendo fé usaremos todas as armas terapêuticas em nosso benefício e pelo tempo necessário conforme essa necessidade se imponha. Caso não precisemos de medicação, usaremos apenas os exercícios físicos e o apoio emocional como alternativa suficiente, já que múltiplos são os tratamentos eficazes em relação a essa doença.
A premissa que depressão é falta do que
fazer, falta de Deus, chilique... É desinformada e cruel. A informação sobre essa condição permitirá que pessoas saudáveis acolham respeitosamente as necessidades dos doentes com os quais convivem.
E, para finalizarmos, levantamos uma evidência óbvia de que a depressão não tem como causa, em hipótese alguma, a falta de Deus: os índices dessa doença são semelhantes entre ateus e teístas.
Giselle Fachetti Machado

Médica Ginecologista e Obstetra. Graduada pela Faculdade de Medicina da UFG e, Residência médica e especialização em Colposcopia no HC da UFMG. É responsável pelo Serviço de Colposcopia do Laboratório Atalaia de Goiânia. É membro da Comunidade Espírita Ramatís, em Goiânia e atuante no movimento em Defesa da Vida e na AME Goiás (Associação Médico Espírita). Nasceu em 20/05/1962 em Cianorte, no Paraná. Reside em Goiânia desde os 6 anos de idade. Oriunda de família espírita sendo que seu avö Osmany Coelho e Silva foi pesquisador espírita na década de 1940 no Rio de Janeiro.http://medicinaespiritual.blogspot.de/2011/10/depressao-e-falta-de-deus-dra-giselle.html

21/03/2012

ESTRUTURA DO CORPO ESPIRITUAL EM ESPÍRITO DE EVOLUÇÃO MEDIANA

corpo

Inicialmente, para que tenhamos uma visão mais clara do mecanismo da encarnação, faz-se necessário reportarmos ao estudo do corpo espiritual.

Quando as entidades espirituais se nos tornam visíveis, seja pela simples vidência mediúnica, seja pelo fenômeno de materialização ectoplasmática, observamos que elas possuem um corpo semelhante ao nosso corpo físico. No fenômeno da materialização, tão estudado pelo famoso físico inglês Willian Crookes[1] e pelo prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, Charles Richet, os espíritos tornam-se visíveis e palpáveis a todos os presentes à sessão de estudos. São percebidos e tocados em seus corpos espirituais.

Inegável é, sem dúvida, que existem alhures, fraudes conscientes e inconscientes; no entanto a grande frequência dos fenômenos e o elevado nível cultural e ético das pessoas, seriamente envolvidas em determinados casos, atestam a sua realidade.

Embora a essência espiritual não tenha forma, pois é o princípio inteligente, os espíritos de mediana evolução, ou seja, aqueles relacionados ao nosso planeta, possuem um corpo espiritual anatomicamente definido e com uma fisiologia própria da dimensão extrafísica.

Dos planos espirituais temos notícia, por inúmeros médiuns confiáveis, como Francisco Cândido Xavier (Chico) e Divaldo Pereira Franco, da organização de comunidades sociais que os espíritos constituem, comunidades essas às vezes semelhantes às terrestres.

A energia cósmica universal ou fluido cósmico que permeia todo o universo é a matéria-prima que o comando mental dos espíritos utiliza para a construção dos objetos por eles manuseados. As primeiras informações mais detalhadas foram dadas a Kardec emO Livro dos Médiuns[2], no capítulo: “Do Laboratório do Mundo Invisível”.

O corpo dos espíritos, já mencionado pelo apóstolo Paulo e conhecido nas diferentes religiões com os mais diferentes nomes, como perispírito, corpo astral, psicossoma e outros, é também constituído de um tipo de matéria derivada do fluido cósmico universal.Assim nos informam as entidades espirituais.

O corpo espiritual apresenta-se moldável conforme as emanações mentais do espírito. Cada espírito apresenta seu perispírito com aspecto correspondente ao seu estado psíquico. A maior elevação intelecto-moral vai determinar como consequência uma sutilização do próprio corpo espiritual. Em contrapartida, os espíritos, cujas vibrações mentais são mais inferiores, determinam inconscientemente que seu corpo espiritual se apresente mais denso e obscurecido, não tendo a irradiação luminosa dos primeiros.

Conforme se tem notícia por meio de inúmeros autores espirituais, o perispírito apresenta-se estruturado por aparelhos ou sistemas que se constituem de órgãos; esses órgãos são formados por tecidos que, por sua vez, são constituídos por células.

As células do corpo espiritual, em nível mais profundo, são formadas por moléculas constituídas de átomos. Os átomos do perispírito são formados por elementos químicos nossos conhecidos, além de outros desconhecidos do homem encarnado. Elementos aquém do Hidrogênio e além do Urânio, que na Terra representam os limites da matéria atômica conhecida.

Nas obras de Gustave Geley[3] e Jorge Andréa, encontramos referências a essas afirmações.

Os átomos e moléculas que constituem as células do perispírito possuem uma energia cinética própria que é a força determinante de sua vibração constante. Quanto mais evoluída a entidade espiritual, maior a velocidade com que vibram os átomos do perispírito.

Da mesma forma, conforme o adiantamento moral do espírito, maior o afastamento entre as moléculas que compõem o perispírito, por sua vibração, daí a menor densidade de seu corpo espiritual.

Uma analogia: a água em estado líquido, quando fervida, transforma-se em vapor pela maior energia cinética de suas moléculas, determinando um afastamento entre elas decorrente da vibração mais intensa que passa a ter. Neste exemplo simples nós mentalizamos o porquê da leveza do corpo espiritual das entidades cujo padrão vibratório é mais elevado.

No livro Mecanismos da Mediunidade[4], de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, encontramos elementos complementares a respeito dessa informação.Espíritos de alta hierarquia moral possuem vibrações de alta frequência. Isto é, as ondas que emitem ou irradiam são “finas”, ou de pequeno comprimento de onda.

As energias emanadas pelas vibrações das moléculas perispirituais se traduzem também por uma irradiação luminosa com cores típicas. Os espíritos são vistos pelos videntes ou descritos nas obras psicografadas emitindo cores e tons bastante peculiares ao seu grau de adiantamento.

Quanto mais primitivas forem as entidades espirituais, mais escuros os tons das cores e mais opacos se apresentam. À medida que galgam mais degraus na escada do progresso, mais sábios e amorosos, as entidades espirituais passam a emitir uma luminosidade mais clara e cada vez mais brilhante.

Salientamos, no entanto, que transitoriamente pela postura mental adotada, decorrente de situações momentâneas, as vibrações se aceleram ou se desaceleram, determinando modificações na estrutura do corpo espiritual, e todo o conjunto se altera. São descritos casos de zoantropia ou licantropia[5], em que as formas perispirituais tornam-se profundamente modificadas.

Exemplos práticos de modificações profundas e graves, no capítulo das patologias do corpo astral, seriam os casos descritos como os de zoantropia ou licantropia. Nessas situações as formas perispirituais se animalizam pela postura de ódio recalcitrante ou outros sentimentos inferiores, sentimentos que se tornam agentes deformantes do corpo espiritual.

Denomina-se zoantropia (zôo=animal e anthropos=homem) aos casos em que o corpo espiritual, pela deformação progressiva, passa a se assemelhar a um animal. Licantropia (lican=lobo e anthropos=homem) aos casos em que o corpo espiritual, pela alteração degenerativa da forma, lembra a figura de um lobo, o que nos remete à lenda do lobisomem que, talvez, tenha sua origem no fato de que, pelo fenômeno da vidência mediúnica, tenham sido vistos espíritos com esse tipo de deformidade anatômica no seu corpo astral.

Naturalmente, que essas deformidades são transitórias e relativas ao tempo em que a entidade espiritual ainda se mantém na atitude mental de ódio.

O tratamento reparador dessas deformidades efetua-se por meio de uma energização adequada dos Espíritos, de acordo com o que temos observado nas lides mediúnicas em que participamos.

Ousamos, inclusive, a criar o verbeteperispiritoplastia para nos referir ao processo de recuperação anatômica observado nas entidades tratadas e recuperadas, em seu aspecto morfológico, nos grupos mediúnicos. Tanto energias do plano extrafísico, bem como energias extraídas da natureza, além de ectoplasma dos médiuns, fizeram parte da matéria-prima utilizada por nós, nessa restauração anatômica do perispírito licantropizado das entidades tratadas. Todavia, lembramos que nesse trabalho nós estamos, constantemente, sendo assistidos pelos mentores espirituais que nos amparam.

Ricardo di Bernardi


[1] William Crookes – químico e físico inglês.

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. FEB, 1960, p.413.

[3] Gustave Geley – médico e pesquisador espírita francês.

[4] XAVIER, Francisco Cândido. Mecanismos da Mediunidade. FEB, 1959, p.188.

[5] Tipo de deformidade presente no corpo espiritual em que a forma chega a parecer não-humana.

17/03/2012

AMAR, O MAIOR DESAFIO DA VIDA

 

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Sendo o Amor o mais nobre sentimento de que é capaz um ser humano, evidentemente não consiste em mera simpatia romântica, e muito menos em atração sexual; consiste em algo muito mais profundo, consiste na afirmativa do Cristo:- Mestre qual é o maior mandamento da lei?- "Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma e de todo o vosso espírito; é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amareis vossa próximo como a vós mesmos. ( S. Mateus, cap. 22, v, 34 a 40).

Se compreendêssemos a grandiosidade dessa máxima ensinada por Jesus, certamente a humanidade já não se lamentaria de tanta dor e sofrimento, já não se lamentaria tanto das vicissitudes da vida, por que a vida deslizaria tranqüila como as águas límpidas de um rio calmo; não haveria tantas mágoas e nem tantas lágrimas. A dor de cada um, o rio de lágrimas que corre na fronte dos mais desalentados, com certeza, são vestígios de desamor a si e ao próximo.

Amar ao próximo como a si mesmo, é a receita prescrita pelo divino Mestre, capaz de desarmar corações enfurecidos, capaz de transformar pensamentos desprovidos desse sentimento que se pode afirmar ser a maior carência do ser humano que o impossibilita de experimentar e aprender a amar; amar para ser feliz, amar para fazer o outro também feliz. Leo Buscaglia, autor de um livro que fala sobre a maior experiência da vida, que é o

AMOR, escreveu:-" Ninguém pode dar aquilo que não possui; para dar amor, precisamos ter amor. Ninguém pode ensinar aquilo que não sabe, para ensinar o amor, precisamos compreendê-lo. Ninguém pode conhecer aquilo que não estuda; para estudar o amor, precisamos viver no amor. Ninguém pode admitir aquilo a que não se entrega; para se entregar ao amor, precisamos estarmos vulneráveis a ele."

Estarmos vulneráveis ao amor, é vivermos de tal forma que as nossas atitudes e exemplos possam servirem de ponte recíproca para tantos quantos por ela trafeguem, ou seja, para consolidação na praticidade da regra de ouro, que é fazer ao outro somente o que gostaríamos que fosse feito a nós. Cumprida esta assertiva, ninguém jamais se queixaria de ninguém, porque sendo o aprendizado do amor, o maior desafio na vida do homem, e este tivesse de perecer por não absolvê-lo, a humanidade certamente inteira, pereceria, por falta de amor.

Mas, tendo sido a criatura humana, criada para ser feliz, e a felicidade consistindo na vivência e prática do amor, estamos todos fadados a conhecer, experimentar, praticar e viver a maior experiência e desafio da vida, que é o AMOR.

Ninguém, tão bem expressou o sentimento de amor do que Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios, em sua primeira Epístola aos Corintios, no cap.13, em bela forma poética.

Ainda que eu falasse línguas, a de todos os homens e a dos anjos, e não tivesse amor, seria como um sino ruidoso ou um címbalo estridente.

E ainda que eu tivesse o dom de todas as profecias e o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, e ainda que eu tivesse toda a fé ao ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse amor, eu nada seria.

E ainda que eu distribuísse toda a minha fortuna para alimentar os pobres, e que eu entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me adiantaria, por que o amor não é vaidoso, é benigno..., não é leviano e não se ensoberbece.

Zenaide Ramos da Silva. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/comportamento/amar-o-maior-desafio.html

15/03/2012

MEDIUNIDADE CURADORA.

cura

Da Mediunidade Curadora

"Caro Senhor Kardec.

"Venho, na qualidade de Espírita, recorrer à vossa cortesia, e vos rogar consentir em dar-me alguns conselhos relativamente à prática da mediunidade curadora pela imposição das mãos. Um simples artigo a este respeito na Revista Espírita, contendo alguns desenvolvimentos, seria acolhido, disto estou seguro, com um grande interesse, não só por aqueles que, como eu, se ocupam desta questão com ardor, mas ainda por muitos outros a quem essa leitura poderia inspirar o desejo de dela se ocupar também. Lembro-me sempre dessas palavras de uma sonâmbula que eu havia formado. Eu a enviei, durante seu sono magnético, para visitar uma doente à distância, e a meu pedido como se poderia curá-la, ela disse: "Há alguém em sua aldeia que o poderia, é um tal; é médium curador, mas sobre isto nada sabe."

"Não sei até que ponto essa faculdade é especial, cabe-vos mais do que a qualquer outro apreciá-la, mas se ela o é realmente, como seria de desejar, que atraísseis sobre este ponto a atenção dos Espíritas. Mesmo todos aqueles que, fora de nossas opiniões, vos lessem, não poderiam ter nenhuma repugnância em tentar uma faculdade que não pede senão a fé em Deus e a prece. Que de mais geral, de mais universal? Não é mais questão de Espiritismo, e cada um, nesse terreno, pode conservar suas convicções. Quantas irmãs de caridade, quantos bons curas do campo, quantos milhares de pessoas piedosas, ardentes pela caridade, poderiam ser médiuns curadores? É o que sonho em todas as religiões, em todas as seitas. Aceita por toda a parte, essa faculdade, esse presente divino da bondade do Criador, em lugar de ficar como apanágio de alguns, cairia, se assim posso me expressar, no domínio público. Este seria um belo dia para aqueles que sofrem, e há tantos deles!

"Mas, para exercer essa faculdade, independentemente de uma fé viva e da prece, podem existir condições a reunir, procedimento a seguir para agir o mais eficazmente possível. Qual é a parte do médium na imposição das mãos? Qual é a dos Espíritos? É preciso empregar a vontade, como nas operações magnéticas, ou se limitar a pedir, deixando agir à sua vontade a influência oculta? Essa faculdade é realmente especial ou acessível a todos? O organismo nela desempenha um papel, e que papel? Essa faculdade pode ser desenvolvida, e em que sentido?

"Eis aqui onde vossa longa experiência, vossos estudos sobre as influências fluídicas, o ensino dos Espíritos elevados que vos assistem, e, enfim, os documentos que recolheis de todos os cantos do globo, podem vos permitir nos esclarecer e nos instruir; ninguém, como vós, está colocado nessa situação única. Todos aqueles que se ocupam da questão desejam vossos conselhos tanto quanto eu, disto estou seguro, e creio me fazer o intérprete de todos. Que mina fecunda é a mediunidade curadora! Aliviar-se-á ou se curará o corpo, e pelo alívio ou pela cura encontrar-se-á o caminho do coração, lá onde freqüentemente a lógica havia fracassado. Quantos recursos possui o Espiritismo! Quanto é rico dos meios dos quais é chamado a se servir! Não deixando nenhum deles improdutivo; quanto tudo concorre a elevá-lo e a difundi-lo. Nisto nada poupais, caro senhor Kardec, e depois de Deus e dos bons Espíritos, o Espiritismo vos deve o que é. Já tendes uma recompensa disto neste mundo pela simpatia e afeição de milhões de corações que oram por vós, sem contar a verdadeira recompensa que vos espera num mundo melhor.

“Tenho a honra, etc.

“A. D.”

O que nos pede nosso honorável correspondente não é nada menos do que um tratado sobre a matéria. A questão foi esboçada em O Livro dos Médiuns e em muitos artigos da Revista, a propósito de fatos de curas e de obsessões; ela está resumida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, a propósito das preces para os doentes e os médiuns curadores. Se um tratado regular e completo não pode ainda ser feito, isto se prende a duas causas: a primeira que, apesar de toda a atividade que desdobramos em nossos trabalhos, nos é impossível fazer tudo ao mesmo tempo; a segunda, que é mais grave, está na insuficiência das noções que se possuem ainda a esse respeito. O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo; mas o Espiritismo, que começa, não pode ainda haver dito tudo; não pode, de um só golpe, nos mostrar todos os fatos que ele abarca; cada dia deles desenvolve novos, de onde decorre novos princípios que vêm corroborar ou completar aqueles que já se conheciam, mas é preciso o tempo material para tudo; qualquer parte integrante do Espiritismo é, por si mesma, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e abarca não só as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e tão complicadas de obsessões que, elas mesmas, influem sobre o organismo. Não é, pois, em algumas palavras que se pode desenvolver um assunto tão vasto. Nele trabalhamos, como em todas as outras partes do Espiritismo, mas como não queremos nele nada pôr de nossa autoridade e que seja hipotético, não procedemos senão pelo caminho da experiência e da observação. Os limites deste artigo não nos permitindo dar-lhe os desenvolvimentos que comporta, resumimos alguns dos princípios fundamentais que a experiência consagrou.

1. Os médiuns que obtêm as indicações de remédios da parte dos Espíritos não são o que se chama médiuns curadores, porque não curam por si mesmos; são simples médiuns escreventes que têm uma aptidão mais especial do que outros para esse gênero de comunicações, e que, por essa razão, podem se chamar médiuns consultantes (consultores), como outros são médiuns poetas ou desenhistas. A mediunidade curadora se exerce pela ação direta do médium sobre o doente, com a ajuda de uma espécie de magnetização de fato ou de pensamento.

2. Quem diz médium diz intermediário. Há esta diferença entre o magnetizador e o médium curador, que o primeiro magnetiza com o seu fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espíritos, ao qual serve de condutor. O magnetismo produzido pelo fluido do homem é o magnetismo humano; aquele que provém do fluido dos Espíritos é o magnetismo espiritual.

3. O fluido magnético tem, pois, duas fontes muito distintas: os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma diferença muito grande na qualidade do fluido e em seus efeitos.

O fluido humano é sempre mais ou menos impregnado das impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas que levam a uma cura mais rápida. Mas, passando por intermédio do encarnado, pode-se alterar como uma água límpida passando por um vaso impuro, como todo remédio se altera se permanece em um vaso impróprio, e perde em parte suas propriedades benfazejas. Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar em sua depuração, quer dizer, em sua melhoria moral, segundo este princípio vulgar: limpai o vaso antes de vos servir dele, se quereis ter alguma coisa de bom. Só isto basta para mostrar que o primeiro que chega não poderia ser médium curador, na verdadeira acepção da palavra.

4. O fluido espiritual é tanto mais depurado e benfazejo quanto o Espírito que o fornece é, ele mesmo, mais puro e mais desligado da matéria. Concebe-se que o dos Espíritos inferiores deve se aproximar do homem e pode ter propriedades malfazejas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções.

Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresenta nuanças infinitas segundo as qualidades físicas e morais do indivíduo; é evidente que o fluido saindo de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, quer dizer, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar seu semelhante, unido à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos se aproximar das qualidades do fluido espiritual.

Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como uma simples máquina na transmissão fluídica. Nisto como em todas as coisas, o produto está em razão do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, haveria imprudência em se submeter à ação magnética do primeiro desconhecido; abstração feita dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar ou insalubre.

5. O fluido humano sendo menos ativo, exige uma magnetização prolongada e um verdadeiro tratamento, às vezes, muito longo; o magnetizador, dispensando seu próprio fluido, se esgota e se fatiga, porque é de seu próprio elemento vital que ele dá; é porque deve, de tempos em tempos recuperar suas forças. O fluido espiritual, mais poderoso em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, freqüentemente, quase instantâneos. Esse fluido não sendo o do magnetizador, disto resulta que a fadiga é quase nula.

6. O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo, assim como se pôde constatar em muitas ocasiões, seja para aliviá-lo, curá-lo se isto se pode, ou para produzir o sono sonambúlico. Quando se age por intermediário, é o caso da mediunidade curadora.

7. O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que o magnetizador haure tudo em si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção da palavra, quer dizer, aqueles cuja personalidade se apaga completamente diante da ação espiritual, são extremamente raros, porque esta faculdade, elevada ao seu mais alto grau, requer um conjunto de qualidades morais que raramente se encontra sobre a Terra; somente eles podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas que nos parecem prodigiosas; muito poucas pessoas podem pretender este favor. O orgulho e o egoísmo sendo as principais fontes das imperfeições humanas, disso resulta que aqueles que se gabam de possuir esse dom, que vão por toda a parte enaltecendo as curas maravilhosas que fizeram, ou que dizem ter feito, que procuram a glória, a reputação ou o proveito, estão nas piores condições para obtê-la, porque esta faculdade é o privilégio exclusivo da modéstia, da humildade, do devotamento e do desinteresse. Jesus dizia àqueles que tinha curado: Ide dar graças a Deus, e não o digais a ninguém.

8. A mediunidade curadora pura sendo, pois, uma exceção neste mundo, disso resulta que há quase sempre ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano; quer dizer, que os médiuns curadores são todos mais ou menos magnetizadores, é por isso que agem segundo os procedimentos magnéticos; a diferença está na predominância de um ou de outro fluido, e na maior ou na menor rapidez da cura. Todo magnetizador pode se tornar médium curador, se sabe se fazer assistir pelos bons Espíritos; neste caso os Espíritos lhe vêm em ajuda, derramando sobre ele seu próprio fluido que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente humano.

9. Os Espíritos vão para onde querem; nenhuma vontade pode constrangê-los; eles se rendem à prece se é fervorosa, sincera, mas jamais à injunção. Disso resulta que a vontade não pode dar a mediunidade curadora, e que ninguém pode ser médium curador de desejo premeditado. Reconhece-se o médium curador pelos resultados que obtém, e não pela sua pretensão de sê-lo.

10. Mas se a vontade é ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, ela é onipotente para imprimir ao fluido, espiritual ou humano, uma boa direção, e uma energia maior. No homem débil e distraído, a corrente é débil, a emissão fraca; o fluido espiritual se detém nele, mas sem proveito para ele; no homem de uma vontade enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha. É preciso não confundir a vontade enérgica com a teimosia, porque a teimosia é sempre uma conseqüência do orgulho e do egoísmo, ao passo que o mais humilde pode ter a vontade do devotamento.

A vontade é ainda onipotente para dar aos fluidos as qualidades especiais apropria- das à natureza do mal. Este ponto, que é capital, se prende a um princípio ainda pouco conhecido, mas que está em estudo, o das criações fluídicas, e das modificações que o pensamento pode fazer a matéria suportar. O pensamento, que provoca uma emissão fluídica, pode operar certas transformações moleculares e atômicas, como se vê isto se produzir sob a influência da eletricidade, da luz ou do calor.

11. A prece, que é um pensamento, quando é fervorosa, ardente, feita com fé, produz o efeito de uma magnetização, não só chamando o concurso dos bons Espíritos, mas em dirigindo sobre o doente uma corrente fluídica salutar. Chamamos a esse respeito a atenção sobre as preces contidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo, para os doentes ou os obsidiados.

12. Se a mediunidade curadora pura é o privilégio das almas de elite, a possibilidade de abrandar certos sofrimentos, de curar mesmo, embora de maneira não instantânea, certas doenças, é dada a todo o mundo, sem que seja necessário ser magnetizador. O conhecimento dos procedimentos magnéticos é útil em casos complicados, mas não é indispensável. Como é dado a todo o mundo chamar os bons Espíritos, orar e querer o bem, freqüentemente, basta impor as mãos sobre uma dor para acalmá-la; é o que pode fazer todo indivíduo se nisso põe a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus. Há a se anotar que a maioria dos médiuns curadores inconscientes, aqueles que não se dão nenhuma conta de sua faculdade, e que se encontram, às vezes, nas condições mais humildes, e entre pessoas privadas de toda instrução, recomendam a prece, e ajudam a si mesmos orando. Somente sua ignorância faz crer na influência de tal ou tal fórmula; algumas vezes mesmo ali misturam práticas evidentemente supersticiosas, das quais é preciso dar o caso que elas merecem.

13. Mas do fato de que se tenha obtido uma vez, ou mesmo várias vezes, resultados satisfatórios, seria temerário se dar como médium curador, e disso concluir que se pode vencer toda espécie de mal. A experiência prova que, na acepção restrita da palavra, entre os melhores dotados, não há médiuns curadores universais. Tal terá devolvido a saúde a um doente, que não produzirá nada sobre um outro; tal terá curado um mal num indivíduo, que não curará o mesmo mal uma outra vez, sobre a mesma pessoa ou sobre uma outra; tal, enfim, terá a faculdade hoje, que não terá mais amanhã, e poderá recobrá-la mais tarde, segundo as afinidades ou as condições fluídicas em que se encontrem.

14. A mediunidade curadora é uma aptidão, como todos os gêneros de mediunidade, inerente ao indivíduo, mas o resultado efetivo dessa aptidão é independente de sua vontade. Ela se desenvolve, incontestavelmente, pelo exercício, e sobretudo pela prática do bem e da caridade; mas como ela não poderia ter a constância, nem a pontualidade de um talento adquirido pelo estudo, e do qual se é sempre senhor, não poderia tornar-se uma profissão. Seria, pois, abusivamente que uma pessoa se ostentasse diante do público como médium curador. Estas reflexões não se aplicam aos magnetizadores, porque a força está neles, e são livres para dela dispor.

15. E um erro crer que aqueles que não partilham nossas crenças, não teriam nenhuma repugnância em tentar essa faculdade. A mediunidade curadora racional é intimamente ligada ao Espiritismo, uma vez que repousa essencialmente sobre o concurso dos Espíritos; ora, aqueles que não crêem nem nos Espíritos, nem em sua alma, e ainda menos na eficácia da prece, não saberiam colocar-se nas condições desejadas, porque isso não é uma coisa que se possa tentar maquinalmente. Entre aqueles que crêem na alma e sua imortalidade, quantos há ainda hoje que recuariam de medo diante de um chamado aos bons Espíritos, no temor de atrair o demônio, e que crêem ainda de boa-fé que todas essas curas são a obra do diabo? O fanatismo é cego; ele não raciocina. Isto não será sempre assim, sem dúvida, mas se passará muito tempo antes que a luz penetre em certos cérebros. À espera disto, façamos o maior bem possível com a ajuda do Espiritismo; façamo-lo mesmo aos nossos inimigos, aceitemos ser pagos com a ingratidão, é o melhor meio de vencer certas resistências, e de provar que o Espiritismo não é tão negro quanto alguns o pretendem.

REVISTA ESPÍRITA

JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS - PUBLICADA SOB A DIREÇÃO DE ALLAN KARDEC

ANO 8 - SETEMBRO 1865 - Nº. 9

13/03/2012

DESDOBRAMENTO ESPIRITUAL

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O fisiológico, mui propriamente denominado como "um estado de morte", por propiciar o torpor das faculdades pensantes e fazer desaparsono ecer a parente realidade do mundo objetivo, faculta ao Espírito um parcial desdobramento, no qual se movimenta além dos limites corporais.
Conforme as suas inclinações, desejos e hábitos, tão logo sente afrouxarem-se os liames perispirituais, o Espírito desloca-se para os lugares onde encontra respostas para as necessidades cultivadas.
Mediante automatismo de sintonia da faixa vibratória na qual se localiza durante o estado de lucidez física, transfere-se sem qualquer esforço para outra equivalente, graças ao clima psíquico no qual se compraz.
Normalmente, nesse estado, encontra-se com Entidades que fazem parte do seu conúbio habitual, com elas se comprazendo, ou temendo-as, de acordo com o estado evolutivo que lhes seja peculiar.
Da mesma forma, vai conduzido por esses comensais da sua simpatia às regiões nas quais se homiziam com outras semelhantes, ou agem no bem, afeiçoadas ao programa da solidariedade e do progresso da Humanidade, conforme a evolução das mesmas.
Ao retornar ao corpo, nos neurônios cerebrais, na área da memória, são impressas as cenas vividas ou vistas, decorrentes dos pesadelos, sonhos e fenômenos mediúnicos transcendentes, podendo ou não recordar-se, de acordo com o estado de desprendimento em que vive.
Sem qualquer dúvida, durante o sono fisiológico, natural ou provocado, especialmente na ocorrência do primeiro, o ser espiritual participa da vida estuante e causal, de onde todos procedemos e para a qual todos retornamos.
A vivência diária, geradora da psicosfera própria a cada um, faculta a sintonia equivalente, graças à qual o desprendimento ocorre com naturalidade, submisso ao mecanismo das ocorrências afins.
O apóstolo Paulo, em decorrência dos seus extraordinários sacrifícios pela causa do Cristo, não poucas vezes foi arrebatado ao terceiro céu, região superior de onde hauria a inspiração e as forças para o ministério e apostolado.
Maomé, em parcial desprendimento, foi conduzido a uma Esfera Superior, a fim de confirmar a imortalidade da alma, de onde retornou, transformado.
Afonso de Liguori, enquanto dormia, em Arienzo, deslocou-se em espírito até Roma, assistindo à desencarnação do Papa Clemente XIV.
Dante Alighiere conheceu regiões inferiores conduzido por Virgílio e vislumbrou as paisagens célicas sob o amparo de Beatriz.
Voltaire, em momento de lúcido desdobramento pelo sono fisiológico, compôs todo um canto de sua obra Henriade.
Tartini, igualmente desdobramento parcial do corpo, escreveu a emocionante Sinfonia do diabo.
Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo sacramentano, deslocando-se com facilidade enquanto o organismo repousava, socorria doentes, gestantes e necessitados. ..
É expressivo o número dos médiuns que, em desdobramento espiritual, atuam conscientemente, participando de experiências extracorpóreas, ou cooperando com os Mentores em tarefas socorristas, ou aprendendo comportamento, ou iluminando-se pelo conhecimento, de cujas experiências volvem com plena lucidez.
Não é indispensável que a consciência do fenômeno permaneça, como condição essencial para a ocorrência.
O conhecimento dos mecanismos da vida espiritual, o exercício do desapego às paixões mais grosseiras, a preparação mental antes do repouso através da oração, a irrestritas confiança no amor de Deus e a entrega tranquila as próprios Guias Espirituais, permitem que as horas do sono se transformem em realizações edificantes para si mesmo e para o seu próximo.
Cultivada, mediante os recursos da moral salutar, da dedicação ao bem, esta faculdade psíquica enseja abençoado intercâmbio mediúnico, graças ao qual se ampliam os horizontes da vida, embora a permanência na roupagem carnal.
(Obra: Momentos de Esperança - Divaldo Franco/Joanna de Ângelis)

10/03/2012

VIVER EM PAZ

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"..Vivei em paz..."
Paulo, (II CORÍNTIOS. 13:11.)

 
Mantém-te em paz.
É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver; entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.
Para isso, contudo - para que a tranqüilidade te banhe o pensamento -, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.
Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.
Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e na posição que lhes dizem respeito.
Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...
Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços... Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.
Uns acusam, outros choram.
Ajuda-os, enquanto podes.
Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.
Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.
Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.
Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.
Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.
Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva

09/03/2012

SÍNDROME DO PÂNICO NA VISÃO ESPÍRITA

 

Entrevista com Dr. Jaider Rodrigues de Paulo

01.O que é Síndrome do Pânico?
Resposta: É uma vivência geralmente abrupta sem motivos aparentes levando o individuo portador a um estado de pavor, medo de morrer e de enlouquecer, como sentimento de estranheza e varias sintomas orgânicos tais como taquicardia, sudorese, mau estar, boca seca, falta de ar e outros.
02.Quais são as medidas profiláticas dessa síndrome?
Resposta: Toda e qualquer atitude salutar diante da vida.
03.Quais são as causas da síndrome do pânico? Orgânicas-genéticas ou espirituais (obsessivas)?

Resposta: A ciência oficial ainda não tem uma causa definida e clara para esta síndrome.
Somos do parecer pelos estudos que já fizemos que o núcleo central da síndrome do pânico está na reencarnação translata, quando o individuo teve uma morte violenta e prematura, por acidente ou suicídio. Nas regressões de memórias que submetemos a alguns clientes com essa síndrome encontramos em todas uma morte traumática. A dificuldade em desvenciliar-se do corpo físico morto, sentindo as conseqüências de sua decomposição, fixa no perispírito das pessoas aquelas impressões desagradáveis que o corpo físico da seguinte reencarnação, não consegue apagar. De uma maneira geral temos observado que pessoas que têm síndrome do pânico tem medo de cemitério e não gostam de freqüentar velórios, ou seja, evitam inconscientemente aqueles locais aonde sofreram muito. Quanto à parte genética, há a possibilidade de transmissão autossômica dominante com reentrância parcial do gene do cromossomo 16.
04.Como podemos viver em harmonia com alguém que sofre dessa síndrome?

Resposta: Primeiro entendendo que se trata de uma pessoa enferma necessitando de compreensão e apoio. Segundo, auxiliando-o em seu tratamento especializado.
05.Na prática do dia-a-dia, como podemos ajudar um companheiro que possui a síndrome do pânico?
Resposta: Procurando entender o seu sofrimento e fazendo a ele o que você gostaria que fosse feito a você, como por exemplo, evitando criticas exigências que ela não dá conta de fazer.
06.Sensação de medo do futuro, ansiedade, tontura gerando insegurança, sensação de falta de ar, são possíveis sintomas da síndrome do pânico? A síndrome do pânico pode ser confundida com a aproximação de energias estranhas à nossa?
Resposta: Não, estão mais parecidos com crise de ansiedade. Com energias estranhas sim, principalmente se a pessoa for médium.
07.Gostaria de saber se a obsessão é sempre a causa desta síndrome, e se devemos tomar remédios controlados para amenizar as crises já que estes viciam e afetam o perispírito, e também sobre a terapia de regressão se é talvez o caminho para a cura?

Resposta: Primeiro há um engano na afirmação. Síndrome do pânico não tem ao nosso ver como causa a obsessão.Isso é vicio de interpretação de espíritas mal informados que afirmam que tudo que um individuo sente em nível mental ou é obsessão ou mediunidade. Isso revela desconhecimento das obras de Kardec. Um processo obsessivo agrava um quadro de síndrome do pânico, mais isso não quer dizer que seja a etiologia da mesma. Quem tem síndrome do pânico necessita de tratamento especializado. Quanto ao fato dos medicamentos afetarem o perispírito, isso é uma verdade somente se o individuo usa o medicamento de maneira abusiva e não procura fazer nada que venha a modificar as suas atitudes diante da vida. A regressão de memória pode ser muito útil para o paciente portador dessa síndrome.

08.Atualmente estou ficando com a língua, os braços e as pernas dormentes, sem contar com a sensação de perda de consciência e sensação de falência. Já realizei vários exames e fui a diversos especialistas, todos me dizem que estou com síndrome do pânico. Tenho discordado, pois além de não estar com medo de sair de casa e das pessoas (o que é um sintoma), essas crises aparecem nos momentos de maior relaxamento. Tenho a impressão que essa sensação tem influencia espiritual. Pergunto: é possível associar esses sintomas com a questão espiritual?
Resposta: Acreditamos que sim, embora falte ainda uma análise mais detalhada para suspeitarmos de síndrome do pânico.
09.Como lidar com esta síndrome com um filho adulto e espírita? (índice)

Resposta: Por ser espírita seu filho tem mais recursos para lidar com a doença embora tenha necessidades de tratamento medico. Os recursos espíritas ajudam a amenizar as influências espirituais o que pode aliviar muito a sobrecarga sobre o paciente. Porém repetimos que ele necessita de tratamento especializado.Você pode incentivá-lo a procurar tais ajudas.
10.A síndrome do pânico pode atingir alguém que mora em uma cidade pacata, do interior?

Resposta: Perfeitamente.
11.A síndrome do pânico não deveria ser tratada como obsessão? Por que espíritas se refugiam na medicina quando não querem enfrentar a causa espiritual primaria de muitas doenças?
Resposta: Não porque não é simplesmente uma obsessão. Trata-se de uma nosologia medica com tratamento medico. Querer tratar problemas psicológicos e orgânicos somente com recursos espirituais é não aceitar a realidade e muitas vezes refugiar-se na doutrina espírita para não aceitar que está doente. O inverso também ocorre como você está dizendo. Tem muitos espíritas que refugiam-se em consultórios médicos quando na realidade deveriam assumir as suas necessidades
espirituais.
12.Onde eu poderia ter algum esclarecimento sobre o tema?
Resposta: Dentre muitas revistas medicas e livros que versam sobre o assunto, existe um livro com o titulo "pânico" de Mario Eduardo Costa Pereira muito bom.
13.Até que ponto a mente influencia no comportamento do individuo e o ajuda a conquistar o que deseja, tanto material quanto espiritual?
Resposta: A mente está na base de todos fenômenos humanos. Uma vontade firme determinada é capaz de realizar prodígios muitas vezes inimagináveis por nós. Como dizia Einstein é preciso crer para ver.
14.Quando se acorda, sentindo um medo que não se sabe de que, um vazio, apesar de ter inúmeras atividades, isso é síndrome do pânico?
Resposta: Não. É bem provável que sejam vivencias obsessivas ou admoestações feitas por mentores nos orientando que estamos fora do caminho programado.
15.Como diferenciar síndrome do pânico de uma influenciação, uma aproximação de alguma entidade espiritual?
Resposta: A síndrome do pânico apresenta sintomas característicos embora, alguns possam confundirem com influência espiritual. Uma influência de tamanha proporção já está nas raias da obsessão e esta apresenta outras características. Os pesadelos persecutórios com despertar na madrugada com medo, insônia por medo de dormir,irritabilidades constantes crises de ansiedades sem outros sintomas físicos, mudanças de humor constantemente, idéias esquisitas invadindo a mente do individuo, aversões sem justificativas, pensamentos suicidas e outros quase sempre estão presentes nas obsessões.
16.Ocupar o nosso tempo com atividades úteis, alegres, participativas auxiliam o tratamento de pessoas que tem síndrome do pânico?
Resposta: Muito, porque elevam o padrão mental da pessoa, fazendo-a vibrar numa oitava a cima do normal dela,dificultado as incursões inconsciente da mente nos dramas passados que ao nosso ver são as verdadeiras causas da síndrome do pânico.
17.Não sei se aplica ao pânico, mas como se analisa a questão do medo advindo de experiências nessa existência que minaram a confiança da pessoa ( ex.. sofrer atos de violência física ou mental, acidentes, etc )? Qual o melhor caminho para se desvencilhar desse medo?
Resposta: Essas experiências traumáticas muitas vezes tornam o individuo mais sensível e costumam despertar dificuldades ocultas que até então estavam sobre controle em seu campo mental.Nesses casos o bom seria procurar um profissional competente que ajudasse a pessoa a se dessensibilizar-se desses traumas. Existem técnicas de tratamento para isso.

18.O que fazer quando percebo que a "crise" está começando... o coração passa de 220 batimentos por minuto... tenho medo de enfartar ( o cardiologista falou que não tenho nada no coração). Eu começo a orar, peço ajuda, mas parece que não consigo evitar...estou tomando passe e água fluidificada.
Resposta: Normalmente é isso que acontece. As pessoas dizem: rezo, rezo, rezo e não melhoro vou ao centro tomo passe água fluidificada e nada. Será que Deus esqueceu de mim? A sua questão vem reafirmar o que estamos dizendo: paciente com síndrome do pânico necessita de tratamento especializado, alem da ajuda espiritual.
19.Senti-me mal e foi diagnosticada síndrome do pânico. Sou espírita e fiquei com uma interrogação : ouvi dizer que tem a ver com falta de fé, mas não me considero sem ela. Isto é correto?
Resposta: As maiores dificuldades que temos na vida realmente é por falta de fé. Mas no caso da síndrome do pânico isto não é apanágio da falta de fé propriamente dito.
20.Teria a síndrome do pânico algum papel punitivo ou educativo na encarnação?
Resposta: Punitivo não porque Deus não pune os seus filhos que erram porque são ignorantes. Essa idéia de punição são resquícios de idéias religiosas da "psicologia do inferno". Educativas sim. Pois todo sofrimento quando bem entendido tende a levar a conscientização da pessoa.
21.Uma pessoa que tenha um problema tipo ciúme obsessivo, pode ter síndrome do pânico?
Resposta: Pode sim, mas não vejo ligação direta entre eles.
22.Tenho uma formação espírita desde criança, leio livros espíritas, participo de reuniões semanais e faço o evangelho no lar. Mesmo assim não consigo me livrar da síndrome de pânico, tomo regularmente Rivotril, duas vezes ao dia e nas tentativas que fiz para parar de tomar me senti péssima. Tudo começou após o nascimento de minha filha, hoje possui dez anos. A sensação que tenho é que alguma catástrofe está para acontecer, a todo instante mas principalmente a noite e em ambientes fechados. Tenho muito medo de que algo me aconteça ,pois, mesmo acreditando na vida em outro plano, não quero que minha filha sofra a minha falta ainda tão nova, não quero vê-la sofrer. Atualmente tenho sofrido muito, pois o meu marido está desempregado e a empresa que eu trabalho já avisou que irá demitir funcionários, pois está sendo adquirida por outra. Não tenho me sentindo bem e, mesmo com os remédios, vivo em pânico, acordo durante a noite e fico pensando como vou sustentar a minha família. Às vezes tenho vontade de morrer, mas ao mesmo tempo não quero que isto aconteça pois quero criar a minha filha, encaminha-la na vida. Estou sofrendo muito. O que o espiritismo pode ajudar quanto ao pânico?
Resposta: O seu quadro ao nosso ver trata-se de transtorno de ansiedade generalizado, complicado pelas vicissitudes da vida. Não me parece estarmos diante de um quadro de Síndrome do Pânico característico. Você necessita de fazer o tratamento deste transtorno e trabalhar mais a sua fé no criador. Alias, no momento atual pelo qual passamos, todos nós necessitamos buscar na nossa fé, a força necessária para vencermos essas dificuldades que assolam o nosso país.
23.Quero saber como devo agir no meio de tanto estresse, para evitarmos tê-la, e melhor, como auxiliar alguém que esteja começando a tê-la ou até já esteja em grau um pouco mais adiantado da doença?

Resposta: Fazendo uma analise de como você está administrando a sua vida. O que realmente é necessário e o quê está de supérfluo ocupando o espaço do vital para você. Nós muitas vezes sofremos desnecessariamente por não sabermos o que queremos da vida. Necessitamos priorizar em nossa vida o que realmente é necessário. Leia o livro "mereça ser feliz" vai lhe ajudar muito, espero.
24.Deve a pessoa que tem síndrome do pânico, tomar medicação? A meu ver trata-se somente de obsessão.

Resposta: Já foi respondido em outra parte (questões 4 e 11).
25.Milha filha apresentou esse problema alguns anos atrás. Os médicos demoraram muito para diagnosticar; tiveram que fazer muitos exames. Enfim, ela ficou sete dias internada. Fez tratamento alopático e só. Gostaria de saber se há possibilidade de voltar o problema e em que situação?

Resposta: Geralmente são os psiquiatras ou cardiologista que fazem o diagnostico com mais facilidades, pois é grande a freqüência em suas clinicas de tais pacientes. Junto com o tratamento alopático (sempre necessário), deve-se buscar a psicoterapia e também os tratamentos complementares. A ajuda espiritual é muito benéfica. Leituras salutares, o hábito da oração, esportes, divertimentos sadios são muito importantes para manter a mente da pessoa sempre em um nível superior, pois o pessimismo o vicio de mentalizar o lado negativo da vida podem ser fatores desencadeante das crises.
26.Sou casada há l2 anos e tenho um filho de seis anos. Tenho sofrido ao longo de sete anos entre período de depressão e outro, e hoje foi diagnosticado que tenho além de fibromialgia, que é um distúrbio neurológico, a síndrome do pânico. Há dias que é ainda mais intenso o meu pavor e aversão ao mundo externo. Gostaria de saber porque esta síndrome se instala e se há cura.

Resposta: A causa como já falamos alhures, é desconhecida pela ciência. Existem varias hipóteses, mas nenhuma por si responde todas as questões. É muito comum depressão, fibromialgia e síndrome do pânico, estarem presente numa mesma pessoa. No final destas questões exporemos o nosso ponto de vista sobre a síndrome do pânico.
27.Como ajudar uma pessoa com esses sintomas fora de um centro espírita? A terapia de regressão a vidas passadas não incorre em riscos para o paciente (se Deus nos deu a benção da amnésia parcial, será beneficio relembrar certas vivencias)?

Resposta: Aconselhando-a procurar um médico em primeiro lugar. Depois a orientando fazer uma revisão de como tem vivido. Procurar vincular-se a um trabalho voluntário em favor de alguém e não esquecer de buscar o habito da oração.Quanto ao fato da regressão de memória a vivência passadas, costuma ser muito útil no tratamento destas pessoas. O esquecimento do passado é realmente uma benção, mas não impede que busquemos recursos para a solução dos nossos problemas hoje. O nosso " EU" superior só permitirá vir á consciência aqueles fatos que o nosso psiquismo de superfície já suportar elaborar. A mente tem os seus mecanismos de defesas, que protegem a integridade psíquica. Quando Emmanuel desaconselha vasculhar o passado, afirma isso nas questões de curiosidade e não para tratamento. Para tratamento somos do parecer que é valido desde que seja feito por profissional competente.
28.Como o medo e a solidão influenciam no processo da síndrome do pânico?

Resposta: O medo quando em grau superlativo, é o pior sentimento que uma pessoa possa sentir. A síndrome do pânico é um medo extremo, que desencadeia vários sintomas numa pessoa. Ele é para nós a porta de entrada da síndrome do pânico.
29.Minha mãe teve síndrome do pânico logo após o desencarne de meu pai ( ele ficou doente 15 anos e nesse tempo todo ela dedicou somente a sua doença). Com a síndrome do pânico, ela várias vezes foi ao hospital com a pressão alta e após várias crises, foi constatada a doença. Ele hoje está bem melhor, mas continua tomando os medicamentos. Na mesma época que ela começou o tratamento, ela voltou a aplicar passe no centro. Não sabemos se a melhora foi devido aos trabalhos no centro ou a medicação. Se ela parar com a medicação a síndrome pode voltar? Ela não queria mais ficar tomando tantos remédios.

Resposta: Somos do parecer que foram as duas coisas que redundaram na melhora. É bom que ela procure o seus médico e converse com ele na possibilidade de reduzir a medicação e observar como ela irá sentir.
30.Observação do entrevistado (índice)
A síndrome do pânico à nossa experiência tem como provável causa uma morte traumática na reencarnação próxima passada. Geralmente por suicídio. No livro Memórias de um suicida, Camilo Castelo Branco descreve com rara felicidade os principais sintomas encontrados em tal síndrome. A dificuldade em desvencilhar-se do corpo vital quando de um desencarne abrupto provocado direta ou indiretamente pelo próprio individuo é que ao nosso ver responde por todo cortejo de sensações estranhas que a pessoa sente. De uma maneira geral vários sintomas são confundidos com esta síndrome. Ansiedade, palpitação, mal estar e outros por si só não nos autoriza a dar este diagnostico A sensação de desrealização, despersonalização, medo de enlouquecer ou de morte eminente com a angustia de que ninguém pode ajudar, são para nós os principais sintomas dessa síndrome. Os pacientes em regressão de memória quando acessam estes momentos, nos revelam esses sentimentos. A dificuldade em desencarnar (não de morrer) é que trás esse sofrimento. A morte pode ser de varias maneiras: suicídio, enfarto, guerra, traumas vários, mas é a dificuldade em desvencilhar-se do corpo e ficar preso ao duplo etérico quando o corpo já está morto que é o grande problema. Ao reencarnar, o novo corpo não é capaz de abafar as sensações violentas do passado e por ressonância com vivencias atuais , pode abrir-se uma janela dos passados e essas sensações podem materializarem-se na vida atual. O momento da morte como do nascimento é muito importante para todos nós.

 http://casadeemmanuel.org.br/entrevista_jaider_rodrigues.html#tema

Pânico

Joanna de Ângelis (espírito) / Divaldo Franco

No imenso painel dos distúrbios psicológicos o medo avulta. Predominando em muitos indivíduos e apresentando-se, quando na sua expressão patológica, em forma de distúrbio de pânico.
O medo, em si mesmo, não é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra a pessoa.
O desconhecido, pelas características de que se reveste, pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias, tornando-se, de certo modo, fator de preservação da vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado na infância, por educação deficiente, o que poderia tomar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso adversário do equilíbrio do educando.
São comuns, nesse período, as ameaças e as chantagens afetivas: Se você não se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem, papai e mamãe não gostarão mais de você... ou O bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz de digerir a informação, passa a ter medo de perder o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tomando o adolescente inseguro, e um adulto que não se sente credor de carinho, de respeito e de consideração. A deformação leva-o às barganhas sentimentais - conquistar mediante presentes materiais, bajulação, anulando a sua personalidade, procurando agradar o outro, diminuindo-se e supervalorizando o afeto que anela.
A pessoa é, e deve ser amada, assim como é. Naturalmente, todo o seu empenho deve ser direcionado para o crescimento interior, o desenvolvimento dos recursos que dignificam: não invejando quem lhe parece melhor - pois alcançará o mesmo patamar e outros mais elevados, se o desejar - nem se magoando ante a agressividade dos que se encontram em níveis menores.
Por outro lado, face às ameaças, o ser permanece tímido, procurando fazer-se bonzinho, não pela excelência das virtudes, mas por mecanismo de sobrevivência afetiva.
O medo, assim considerado, pode assumir estados incontroláveis, causando perturbações graves no comportamento.
Os fatores psicossociais, as pressões emocionais influem, igualmente, para tomar o indivíduo amedrontado, especialmente diante da liberação sexual, gerando temores injustificáveis a respeito do desempenho na masculinidade ou na feminilidade, que propiciam conflitos psicológicos de insegurança, a se refletirem na área correspondente, com prejuízos muitos sérios.
Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio, auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado, até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui pela consciência responsável.
Confunde-se o pânico como expressão do medo, quando irrompe acompanhado de sensações físicas: disritmia cardíaca, sudorese, sufocação, colapso periférico produzindo algidez generalizada. Essa sensação de morte com pressão no peito e esvaecimento das energias que aparece subitamente, desencadeada sem aparente motivo, tem outras causas, raízes mais profundas.

Na anamnese do distúrbio de pânico, constata-se o fator genético com alta carga de preponderância e especialmente a presença da noradrenalina no sistema nervoso central. É, portanto, uma disfunção fisiológica. Predomina no sexo feminino, especialmente no período pré-catamenial, o que mostra haver a interferência de hormônios, sendo menor a incidência durante a gravidez.
Sem dúvida, a terapia psiquiátrica faz-se urgente, a fim de que determinadas substâncias químicas sejam administradas ao paciente, restabelecendo-lhe o equilíbrio fisiológico.
Invariavelmente atinge os indivíduos entre os vinte e os trinta e cinco anos, podendo surgir também em outras faixas etárias, desencadeado por fatores psicológicos, requerendo cuidadosa terapia correspondente.
Há, entretanto, síndromes de distúrbio de pânico que fogem ao esquema convencional. Aquelas que têm um componente paranormal, como decorrência de ações espirituais em processos lamentáveis de obsessão.
Agindo psiquicamente sobre a mente da vítima, o ser espiritual estabelece um intercâmbio parasitário, transmitindo-lhe telepaticamente clichês de aterradoras imagens que vão se fixando, até se tornarem cenas vivas, ameaçadoras, encontrando ressonância no inconsciente profundo, onde estão armazenadas as experiências reencarnatórias, que desencadeadas emergem, produzindo confusão mental até o momento em que o pânico irrompe incontrolável, generalizado. Dá-se, nesse momento, a incorporação do invasor do domicílio mental, que passa a controlar a conduta da vítima, que se lhe submete à indução cruel.
Cresce assustadoramente na sociedade atual essa psicopatologia mediúnica, que está requerendo sérios estudos e cuidadosas pesquisas.
As terapias de libertação têm a ver com a transformação moral do paciente, a orientação ao agente e a utilização dos recursos da meditação, da oração, da ação dignificadora e beneficente.
Quando a ingerência psíquica do agressor se faz prolongada, somatiza distúrbios fisiológicos que eliminam noradrenalina no sistema nervoso central do enfermo, requerendo, concomitantemente, a terapia especializada, já referida.
Mediante uma conduta saudável de respeito ao próximo e à vida, o indivíduo precata-se da interferência perniciosa dos seres espirituais perturbadores, adversários de existências passadas, que ainda se comprazem na ação perversa. Esse sítio que promovem, responde por inúmeros fenômenos de sofrimento entre os homens.
Não sendo a morte do soma o aniquilamento da vida, a essência que o vitaliza - o eu profundo - prossegue com suas conquistas e limitações, grandezas e misérias. Como o intercâmbio decorre das afinidades morais e psíquicas, fácil é constatar-se as ocorrências que se banalizam.
O medo, portanto, necessita de canalização adequada e o distúrbio do pânico, examinada a sua gênese, merece os cuidados competentes, sendo passíveis de recuperação ambos os fenômenos psicológicos viciosos, a que o indivíduo se adapta, mesmo sofrendo.
Do livro Autodescobrimento: Uma busca interior - Divaldo P. Franco, pelo espírito de Joanna de Angelis.
Livraria Espírita Alvorada Editora, Bahia, 2002

Pânico (Joanna de Ângelis / Divaldo Franco)

08/03/2012

GRATIDÃO: UM NOVO OLHAR SOBRE A VIDA

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Vida, Natureza, família, semelhante, trabalho, chefe, prova, expiação, dor, sofrimento, enfermidade, saúde, amigo, inimigo, alegria, tristeza, situação financeira são alguns exemplos dos motivos de gratidão ou reclamação de nossa parte.

Qualquer coisa pode ser razão para agradecer ou reclamar, a depender do ponto de vista.

Costumamos reclamar de tudo.

Quando chove, reclamamos do mau tempo; quando faz sol, reclamamos porque está quente; quando é noite, gostaríamos que fosse dia; quando é dia, nos incomodamos pelo desejo de que a noite chegue logo; se o tempo passa depressa, reclamamos sugerindo a ampliação do dia para 36 horas; se o tempo é vagaroso, lamentamos pela lerdeza do deus Cronos. Tudo, sem exceção, parece ser motivo para reclamar. Poderíamos continuar escrevendo uma página ou um livro inteiro elencando motivos de reclamação ou exemplos práticos de sua ocorrência.

Vamos fazer o contrário? Agradeçamos por tudo. Até pela dor que nos atinge profundamente. “Bendita a dor, ela é a grande sinfonia que acorda os corações humanos para a Vida Eterna”, já dizia meu pai e continua dizendo até hoje nos seus 80 anos, como informação colhida de fonte oral. Segundo Emmanuel, Guia Espiritual do cândido Chico Xavier, “a dor é um constante convite da vida, a fim de que aceitemos uma entrevista com Deus”. (1)

Quando tudo está bem, tendemos a nos esquecer do agradecimento. Mas, a misericórdia divina, reconhecendo nossas necessidades, oferece-nos a dor-expiação, a dor-evolução, a dor-auxílio (2) para que, humildemente, nos coloquemos diante do Senhor da Vida e, em definitivo, consigamos nos libertar de nosso passado infeliz, acordando o homem renovado para o novo mundo de regeneração.

Joanna de Ângelis, a psicóloga espiritual e guia do médium Divaldo Pereira Franco, alerta que a “reclamação é perda de tempo”. (3) Realmente, quem reclama está perdendo a oportunidade de agradecer, de fazer algo útil na existência Aquele momento de reclamação não nos leva a resultado efetivo, então, poderia ser absolutamente dispensado sem que fizesse falta alguma. Não estamos aqui cogitando da avaliação serena e necessária para determinadas situações, ocorrências e circunstâncias que vivenciamos fruto da nossa iniciativa ou decorrente da ação de terceiros. É importante, sim, avaliarmos para melhorar o que for indispensável à caminhada evolutiva.

A reclamação, pelo contrário, não tem propósito útil. Apenas o da lamentação, que deixa transparecer nosso azedume. Seria melhor que nos silenciássemos, pois o silêncio na maioria das vezes se traduz na melhor das respostas. É como aquela expressão do ditado popular que nos exorta, quando não fomos felizes em alguma afirmação: “Você perdeu uma boa oportunidade de ficar calado”.

Vamos exercitar o silêncio quando a vontade de reclamar visitar os escaninhos da mente, provocando-nos para ações menos recomendáveis. Reclamar é feio, denota falta de educação, e, dependendo de como a atitude é manifestada, ausência de respeito para com o semelhante e, sobretudo, ingratidão para com Deus.

Gostaria de fazer um trato e assinar tacitamente um contrato com o prezado leitor. No dia, temos três períodos claramente delimitados: manhã, tarde e noite. Vamos assumir o compromisso de agradecer pelo menos uma vez em cada período do dia. Agradeceremos: pela manhã ao acordar – cada dia é como se fosse uma nova encarnação; à tarde, quando almoçarmos ou olharmos o crepúsculo ou, ainda, estivermos no trânsito que nos oferece o ensejo de desenvolver várias virtudes, tais como a paciência, a tolerância e a indulgência; e agradeçamos ao final da noite por mais um dia, repleto de oportunidades e desafios para o aprendizado constante. Amanhã, depois de amanhã, e depois... A atitude deverá ser mantida ao longo de todo o mês. Quando este findar, na noite do derradeiro dia, o número de agradecimentos chegará a pelo menos 90 vezes!

Acredito que, após esse período, já teremos adquirido o hábito do agradecimento. A partir daí, o comportamento será espontâneo, assegurando que começamos a exercitar um novo olhar sobre a vida.

A reclamação reflete postura de orgulho, ao passo que a gratidão é resultado de atitude humilde.

A reclamação nos fecha para a sintonia com o auxílio superior; a gratidão facilita a sinergia com aqueles que aspiram à harmonia e ao equilíbrio dela decorrente. A gratidão é um ato que transparece a divindade existente em cada um de nós. Já a reclamação é de nossa responsabilidade, sobre a qual deveremos prestar as devidas contas no momento em que a lei de causa e efeito nos requisitar para uma entrevista com Deus.

Se analisarmos detidamente, chegaremos à conclusão de que a vida nos oferece muito mais motivos para agradecer do que para reclamar. Agradecer faz bem à saúde integral do indivíduo, que se sente mais aberto à sintonia com o Plano Superior da Vida, em contato com os amigos espirituais que podem ter o trabalho de inspiração facilitado pelas vias da nossa intuição a ser colocada, gradativamente, à disposição do serviço no bem.

Agradecer-nos tornas felizes, pois aprendemos a enxergar novos horizontes. Os nossos olhos brilham mais, identificando-se com o belo, o bom, o útil. Agradeçamos pelo bem e pela oportunidade de melhoria, pela prova e pela expiação, pela bênção do trabalho e da libertação. Na vida, é recomendável aprendermos a agradecer mais e a reclamar menos.   Geraldo Campetti Sobrinho

FEDERACAO ESPIRITA BRASILEIRA -REFORMADOR Fev.2012

Referências:

1XAVIER, Francisco C.Material de construção. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo: Ideal, 1982.

2___. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 19, p. 329.

3FRANCO, Divaldo P. Desperte e seja feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Salvador: LEAL, 2000

05/03/2012

NOTÍCIAS DE RAUL TEIXEIRA - 04.03.2012

raul

Raul Teixeira prossegue com seu tratamento visando sua recuperação.

Está escrevendo muito bem com a mão esquerda. A mão direita ainda se apresenta com certa rigidez, requisitando continuado tratamento fisioterápico. Ainda se comunica com limitações, embora, consiga articular palavras e frases curtas.

No período do Carnaval, esteve presente ao lado de amigos da SEF, jovens da Mocidade e de convidados de outras cidades, no tradicional encontro de quatro dias realizado no interior paulista, participando dos estudos realizados na parte da tarde e dos Cultos, à noite. Nos períodos da manhã, rodeado pelos amigos, contava casos e as experiências vividas nas últimas semanas, usando da fala associada aos gestos, que lhe vão permitindo se comunicar.

Raul se apresenta com excelente disposição e com seu conhecido bom-humor.

Sua submissão e confiança na Vontade Divina é contagiante, deixando-nos profundamente comovidos.

Fraternalmente

Diretoria da Sociedade Espírita Fraternidade
SEF