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30/04/2012

III CONGRESSO ESPÍRITA ALEMÃO

kongress

Biografien
Divaldo Pereira Franco, der als der größte spiritistische Redner dieses Jahrhun-derts angesehen wird, hat 1952 zusammen mit Nilson Pereira de Souza die „Mansão do Caminho” (Haus des Weges) in Salvador, Bahia gegründet, ein karitatives Werk in dem über 3000 Kindern und 450 Familien ein menschliches Leben ermöglicht wird. Das brasilianische Medium hielt mehr als 12000 Vorträge und Seminare in verschiedenen Kontinenten. Er besuchte mehr als 60 Länder und hielt Vorträge an 63 Universitäten, wovon einige ihm den Doktortitel „Honoris Causa“ verliehen ha-ben.
„Mansão do Caminho” (Haus des Weges).

Programm
09.00 h Check-In Kongress
10.00 h - 10.30 h Eröffnung /Begrüßung – Musik
10.30 h - 11.30 h Divaldo Pereira Franco, Brasilien
Eröffnungsvortrag
11.35 h - 12.20 h Claudia Tetens, Gruppe SAJA, Berlin
Thema: “Wer bin ich, woher komme, wo hin gehe ich?“
12.20 h - 14.00 h Mittagessen
14.05 h - 14.50 h Dagobert Göbel, ALKASTAR Northeim
Thema: „Der Einfluss der Geister auf das materielle Leben“
14.55 h - 15.40 h Luciana Urban-Jamnik, Gruppe SEELE, Stuttgart
Thema: „Spiritismus und Quantenphysik ein wissenschaftlicher Beweis des Geisterle- bens“
15.40 h - 16.00 h Kaffeepause
16.05 h - 16.50 h Kai Kreutzfeldt, Gruppe Allan Kardec, Köln
Thema: “Moralische Gesetze des Lebens“
16.50 h - 17.35 h Fragen und Antworten
17.35 h - 17.55 h Pause
18.00 h - 19.00 h Divaldo Pereira Franco
Schlussvortrag
Ab 19.05 h Abschlussfeier des III.

28/04/2012

O MAIOR MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS DO SÉCULO XIX

Daniel Dunglas Home

"O Senhor Daniel Home nasceu em 15 de março de 1833, perto de Edimbourg (Escócia). Tem, pois, hoje, 24 anos (artigo escrito por Allan Kardec em fevereiro de 1858).

Descende da antiga e nobre família dos Douglas da Escócia, outrora soberana. É um jovem de talhe mediano, louro, cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrico; é de compleição muito delicada, de costumes simples e suaves, de um caráter afável e benevolente sobre o qual o contato das grandezas não lançou nem arrogância e nem ostentação. Dotado de uma excessiva modéstia, jamais exibiu a sua maravilhosa faculdade, jamais falou de si mesmo, e se, na expansão da intimidade, conta coisas que lhe são pessoais, é com simplicidade, e jamais com a ênfase própria das pessoas com as quais a malevolência procura compará-lo. Vários fatos íntimos, que são do nosso conhecimento pessoal, provam nele nobres sentimentos e uma grande elevação de alma; nós o constatamos com tanto maior prazer quanto se conhece a influência das disposições morais sobre a natureza das manifestações.

O Senhor Home é um médium do gênero daqueles que produzem manifestações ostensivas, sem excluir, por isso, as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão, para as primeiras, uma aptidão mais especial. Sob a sua influência, os mais estranhos ruídos se fazem ouvir, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, se erguem, se transportam de um lugar a outro através do espaço, instrumentos de música fazem ouvir sons melodiosos, seres do mundo extra-corpóreo aparecem, falam, escrevem e, freqüentemente, vos abraçam até causar dor. Ele mesmo foi visto, várias vezes, em presença de testemunhas oculares, elevado sem sustentação a vários metros de altura.

Do que nos foi ensinado sobre a classe dos Espíritos que produzem, em geral, essas espécies de manifestações, não seria preciso disso concluir que o Sr. Home não está em relação senão com a classe íntima do mundo espírita. Seu caráter e as qualidades morais que o distinguem, devem, ao contrário, granjear-lhe a simpatia dos Espíritos Superiores; ele não é, para esses últimos, senão um instrumento destinado a abrir os olhos dos cegos por meios enérgicos, sem estar, por isso, privado de comunicações de uma ordem mais elevada. É uma missão que aceitou; missão que não está isenta nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo guardião.

A causa das manifestações do senhor Home é inata nele; sua alma, que parece não prender-se ao corpo senão por fracos laços, tem mais afinidade pelo mundo espírita do que pelo mundo corpóreo; por isso ela se prepara sem esforços, e entra, mais facilmente que em outros, em comunicação com os seres invisíveis. Essa faculdade se revelou nele desde a mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava inteiramente sozinho, na ausência de sua babá, e mudava de ligar. Nos seus primeiros anos, era tão débil que tinha dificuldade para se sustentar, sentado sobre um tapete, os brinquedos que não podia alcançar, vinham, eles mesmos, colocar-se ao seu alcance. Com três anos teve as suas primeiras visões, mas não lhes conservou a lembrança. Tinha nove anos quando sua família foi se fixar nos Estados Unidos; aí os mesmos fenômenos continuaram com uma intensidade crescente, à medida que avançava em idade, mas a sua reputação, como médium, não se estabeleceu senão em 1850, por volta da época em que as manifestações espíritas começaram a se tornar populares nesse país. Em 1854, veio para a Itália, nós o dissemos, por sua saúde; espanta Florença e Roma com verdadeiros prodígios. Convertido à fé católica, nessa última cidade, tomou a obrigação de romper as suas relações com o mundo dos Espíritos. Durante um ano, com efeito, seu poder oculto parece tê-lo abandonado; mas como esse poder estava acima de sua vontade, a cabo desse tempo, assim como lhe havia anunciado o Espírito de sua mãe, as manifestações se produziram com uma nova energia. Sua missão estava traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência escolheu para nos revelar, por sinais patentes, a força que domina todas as grandezas humanas.

Para o senhor Home, os fenômenos se manifestam, algumas vezes, espontaneamente, no momento em que menos são esperados. O fato seguinte, tomado entre mil, disso é uma prova. Desde há mais de quinze dias, o senhor Home não tinha podido obter nenhuma manifestação, quando, estando a almoçar na casa de um dos seus amigos, com duas ou três pessoas do seu conhecimento, os golpes se fazem súbito ouvir nas paredes, nos móveis e no teto. Parece, disse, que voltaram. O senhor Home, nesse momento, estava sentado no sofá com um amigo. Um doméstico trás a bandeja de chá e se apressa em colocá-la sobre a mesa, situada no meio do salão; esta, embora fosse pesava, se eleva subitamente e se destaca do solo em 20 a 30 centímetros de altura, como se tivesse sido atraída pela bandeja; apavorado, o criado deixa-a escapar, e a mesa, de pulo, se atira em direção do sofá e vem cair diante do senhor Home e seu amigo, sem que nada do que estava em cima tivesse se desarrumado. Esse fato, sem contradita, não é o mais curioso daqueles que teríamos a relatar, mas apresenta essa particularidade, digna de nota, de ter se produzido espontaneamente, sem provocação, num círculo íntimo, onde nenhum dos assistentes, cem vezes testemunhas de fatos semelhantes, tinha necessidade de novos testemunhos; seguramente, não era o caso para o Senhor Home de mostrar as suas habilidades, se habilidades havia." (1)

Outras manifestações:

O que distingue Daniel Douglas Home é sua mediunidade excepcional. Enquanto outros médiuns obtém golpes leves, ou o deslocamento insignificante de uma mesa, sob a influência do senhor Home os ruídos, os mais retumbantes, se fazem ouvir, e todo o mobiliário de um quarto pode ser revirado, os móveis montando uns sobre os outros.

Igualmente os objetos inertes, ele próprio é elevado até o teto (levitação), depois desce do mesmo modo, muitas vezes sem que disso se aperceba.

De todas as manifestações produzidas pelo Sr. Home, a mais extraordinária é a das aparições, segundo análise de Allan Kardec. Do mesmo modo sons se produzem no ar ou instrumentos de música tocam sozinhos.

"Seguramente, se alguém fosse capaz de vencer a incredulidade por efeitos materiais, este seria o senhor Home. Nenhum médium produziu um conjunto de fenômenos mais surpreendentes, nem em melhores condições de honestidade." (2)

O senhor Home realizou várias experiências perante o Imperador Napoleão II. Durante essas experiências, obteve-se uma prova concreta da assinatura de Napoleão Bonaparte, com a presença da Imperatriz Eugênia, cujo fato aumentou grandemente sua fama.

Jamais esse excepcional médium mercadejou seus preciosos dons mediúnicos. Teve inúmeras oportunidades, mas sempre se recusou. Dizia ele: "Fui mandado em missão. Essa missão é demonstrar a imortalidade. Nunca recebi dinheiro por isso e jamais receberei."

Como todo o médium, o senhor Home foi caluniado e ferido em sua dignidade, mas nunca lhe faltou, nas horas mais difíceis, o amparo de seus mentores espirituais.

Fonte de consulta: Narração de Allan Kardec - Revista Espírita de 1858, mês de fevereiro.

Narração de Allan Kardec - Revista Espírita de 1863, mês de setembro.   "ABC do Espiritismo", de Victor Ribas Carneiro    "Allan Kardec - Vol. II" de Zeus Wantuil e Francisco Thiesen

26/04/2012

PARADIGMAS ESPÍRITAS NA PRÁTICA MÉDICA


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O conhecimento e a prática médica na atualidade estão fundamentados em postulados típicos daquilo que costuma ser chamado nos dias de hoje de conhecimento científico. Com este “Status” de Ciência, a medicina usufrui das vantagens de um atributo metodológico para confirmação das suas hipóteses e formulação das suas teorias. Esta mesma base exclusivamente científica, restringe, no entanto, sua capacidade de responder questões vitais para o ser humano, além de a tornar, tão vulnerável e transitória, como tem sido todo conhecimento científico na história da humanidade.
Enquanto corre atrás de respostas complexas usando equipamentos sofisticados para desvendar a intimidade da biologia molecular, a Medicina de hoje deixa ainda sem respostas questões básicas como a natureza e o sentido da vida.
Inúmeras vezes na história da medicina a explicação racional para determinadas situações de doença só puderam ser compreendidas quando se estabeleceram novos paradigmas para sua interpretação.
Enquanto não foi descoberto a existência das células, não compreendemos o funcionamento dos órgãos, enquanto não identificamos o inconsciente, não reconhecemos os mecanismos que operam a mente.
No que se refere ao ser humano integral, o espiritismo tem condições de revelar paradigmas fundamentais para uma revolução no conhecimento médico.
Esta doutrina deixa claro que a origem e a justiça do sofrimento humano só serão reconhecidos, por inteiro, quando aceitarmos nossa natureza espiritual como a única forma possível de dar sentido a vida e justificar nosso destino.
OS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS
Codificada por ALLAN KARDEC na segunda metade do século passado, a Doutrina Espírita expõe uma série de postulados não dogmáticos ditados por espíritos evoluídos que se utilizaram de médiuns de diversas partes da Europa, principalmente da França. Allan Kardec organizou de forma didática e sistemática estes ditados mediúnicos formando um conjunto de obras tidas como básicas para o estudo da Doutrina Espírita.
Dentre elas, a primeira e mais destacada é O Livro dos Espíritos que, na forma de perguntas e respostas, expõe toda sua base doutrinária. Considerando a área médica em particular, a literatura espírita, posterior a Allan Kardec, foi enriquecida de forma extraordinária com as publicações mediúnicas do espírito André Luiz através da psicografia de Francisco Candido Xavier.
Focalizando as obras de Kardec e André Luiz podemos anotar que a doutrina espírita estabelece postulados fundamentais cuja orientação doutrinária tem repercussões significativas na área médica.
Ensinam os espíritos que somos seres imortais, criados por Deus, sujeitos, como todos os seres da natureza, a um processo evolutivo que visa o progresso incessante de todas as criaturas, sem exceção e sem retrocesso, que se fundamenta nas leis de reencarnação.
A reencarnação, no estágio evolutivo em que nos encontramos, ocorre sempre na espécie humana, em qualquer sexo ou raça.
O nascimento não representa o início da vida, nem a morte o seu fim.
Tanto o nascimento como a morte física obedecem a desígnios de objetivos superiores visando o aprimoramento contínuo, segundo critérios da mais absoluta justiça.
Prevalece para todos a lei universal de ação e reação de modo inflexível e infalível.
A natureza física do corpo é para o ser humano apenas uma de suas expressões. O corpo físico nos permite interagir no ambiente material onde estamos inseridos. Cada um de nós, no entanto, é uma entidade espiritual organizada e independente, que sobrevive a morte e que se aperfeiçoa nos diversos corpos físicos que vai tendo oportunidade de utilizar com as reencarnações.
A união do corpo físico, carnal, com o espírito, que é sempre o senhor de nossas ações, se processa através de um organismo intermediário de constituição “semimaterial” chamado perispírito ou corpo espiritual.
Nas propriedades deste corpo intermediário ( perispírito ) se justifica toda uma série de fenômenos de intercâmbio entre nós e o mundo espiritual e nos apontam para uma linha de pesquisa fundamental para o esclarecimento das doenças humanas.
São chamados de fenômenos mediúnicos certas manifestação de efeitos físicos ou intelectuais que os espíritos desencarnados provocam através de pessoas dotadas de condições especiais, por isto denominados de médiuns. O corpo espiritual destes médiuns ampliam sensibilidades específicas para possibilitar este tipo de manifestação.
Os espíritos desencarnados habitam o mundo espiritual que, de certa forma, nos envolve, expandindo porém em dimensões inacessíveis as nossas limitações materiais. No mundo espiritual, conservamos o perispírito que, na dependência da nossa conveniência, repete a aparência do corpo físico que possuímos quando encarnados.
Os espíritos convivem constantemente conosco, atuando sobre nossos procedimentos, tanto física como moralmente, através de sugestões. Eles mantém uma atuação direta sobre nós, na dependência da nossa aceitação e assimilação, conforme princípios de sintonia e afinidade. No mundo espiritual prevalece também, para a afinidade e a convivência entre os espíritos, os mesmos princípios segundo o qual, o que aproxima ou afasta os espíritos entre si, é o padrão vibratório (mental) que depende do grau de evolução espiritual de cada um. Para cada estágio evolutivo corresponde determinado padrão de vibração mental que, por sintonia, aproxima espíritos de padrão vibratório semelhante.
Há em todo Universo um elemento fundamental denominado de Fluído Cósmico Universal de onde se originam todos os elementos tanto do mundo material como do mundo espiritual. Uma vez criadas as condições físicas adequadas, a matéria orgânica preparada na Terra, recebeu o Princípio Vital que possibilitou o desenvolvimento da vida no planeta. O Principio Vital foi se expandindo em cada ser vivo à medida em que os organismos iam se aprimorando sob os efeitos de seleção que a evolução exigia.
Ao mesmo tempo, o elemento espiritual primordial, foi adquirindo complexidade até o desabrochar da consciência e da inteligência que permitiram a incursão da espécie humana na Terra.
A energia emanante do espírito é o pensamento. Como fonte plasmadoura de idéias, o pensamento, é capaz de agregar elementos do Fluído Cósmico, construindo um material “idealizado” que constroe o ambiente espiritual em torno de nós.
As imagens mentais produzidas pelo pensamento de toda humanidade cria, em torno do planeta, uma atmosfera espiritual condizente com o teor destes pensamentos.
DISCUSSÃO
Sem a pretensão de ter esgotado os enunciados da doutrina espírita, podemos nos ater apenas aos que enumeramos para deduzir uma seqüência extensa de informações inovadoras para a ciência médica. Paradigmas fundamentais como a descoberta do mundo microbiano, (Pasteur) da circulação do sangue, (Harvey), da homeostase, (Claude Bernard), da psicodinâmica do inconsciente, (Freud), da seleção natural (Darwim), promovendo as transformações evolutivas dos organismos, trouxeram com suas teorias mudanças na interpretação dos fatos.
A cada nova ordem de conhecimento que cada um destes paradigmas introduzia, ocorreram mudanças de atitudes nos procedimentos médicos.
Nenhum destes paradigmas, nem qualquer outro que possamos citar, teve a pretensão de revelar uma verdade acabada e sem contestações.
Os paradigmas espíritas estão dentro desta mesma ordem de propósitos. Trata-se de um conhecimento inovador, que esclarece razões fundamentais para a doença e o sofrimento e vai modificar substancialmente nossas atitudes diante dos doentes. Entretanto, esta nova interpretação para os acontecimentos, não suprime o esforço da pesquisa nem a experiência que se conquista com o trabalho perseverante. Os postulados espíritas não se propõem, por exemplo, para a busca de um suposto agente etiológico para uma moléstia cuja causa atual é desconhecida. O que o conhecimento espírita introduz, de forma racional e passível de comprovação experimental, é o elemento espiritual na essência fundamental de todo acontecimento relacionado com a vida na Terra.
CORPO ESPIRITUAL OU PERISPÍRITO
A literatura espírita registra três elementos fundamentais na constituição do ser humano. O espírito, nosso eu inteligente, dotado de competência para criar as idéias e manter a unidade do organismo. O corpo físico, estruturado a partir do aglomerado celular que o compõe e que sustenta seu estado de vitalidade às custas do Princípio Vital que emana do Criador. O perispírito, um organismo intermediário que possibilita a atuação no corpo físico, da energia que emana do espírito.
Após a morte, o espírito desencarnado continua dispondo do perispírito para sua apresentação. Embora tenha fundamentalmente a mesma natureza, há diferenças na disposição orgânica do perispírito do homem enquanto encarnado e do espírito no mundo espiritual.
O perispírito tem natureza coloidal que lhe faculta propriedades eletromagnéticas sutilmente sensíveis à energia mental emitida pelo espírito que o controla. A ligação entre o perispírito e o corpo físico se processa na intimidade das ligações de partículas subatômicas ao nível das quais não se distingue os limites precisos onde termina o corpo físico e onde se inicia o corpo espiritual. A natureza do perispírito é dita “semimaterial”, pela falta de terminologia mais adequada e não difere dos mesmos elementos fundamentais que organizam nosso mundo físico.
A diferença em comprimentos de ondas em que se expressa a “matéria física” e a “matéria espiritual” é que as expõe em “realidades” diferentes. O corpo espiritual exerce um papel plasmador e estruturador da forma física que o corpo humano assume durante a vida. Pelo conhecimento espírita sabemos que as mudanças evolutivas que foram transformando os organismos vivos na Terra, foram programadas e articuladas primordialmente, nos corpos espirituais, antes de se processarem por conseqüência inevitável, nos organismos que a biologia terrena desenvolveu.
Através da força que a vibração mental impõe ao perispírito, este pode sofrer modificações quanto à forma e a aparência. Espíritos elevados tem o mais amplo domínio sobre seus perispíritos, enobrecendo sua aparência e, irradiando através deles, uma luminosidade extraordinária.
Por outro lado, tanto o homem comum, como os espíritos de mediana evolução, mostram em seus corpos espirituais, expressões e formas que denunciam sua pobreza de pensamentos. Quase sempre, por persistirmos em vibrações mentais de conteúdo vulgar e de franca animosidade, estamos todos enegrecidos por irradiações de baixo nível espiritual.
Prevalece no perispírito do homem encarnado a mesma composição celular e disposição dos órgãos físicos. Enquanto o corpo humano atua como um fator limitante da expressão plena do potencial espiritual de cada um, o perispírito, registra e acumula toda experiência de nossas múltiplas encarnações, além de dispor de forma expandida, de todas as percepções da alma. Sabemos que o espírito, através do corpo espiritual, pode ver, sentir ou ouvir com as mãos ou com qualquer outra parte do corpo.
Outra propriedade fundamental do corpo espiritual se relaciona com os fenômenos mediúnicos.
A atuação da entidade comunicante através do médium exige uma combinação dos fluídos do perispírito de ambos.
A maior fidelidade das mensagens está ligada com a maior afinidade entre os fluídos do médium e do espírito comunicante. Sendo o perispírito constituído de “matéria” radiante, extremamente sensível às vibrações mentais, o processo de comunicação entre os médiuns e os espíritos que com eles se familiarizam , depende muito desta sintonia em comprimento de ondas, que se ajustam entre os dois corpos espirituais que se aproximam.
Nos fenômenos de efeitos físicos em que ocorre o transporte de objetos materiais de um ambiente para outro, dizem os espíritos, que, o objeto transportado, fica como que, “animado” de vida, por efeito do seu envolvimento com os fluídos do perispírito do médium e do espírito que se presta a fazer este tipo de fenômeno.
Pode-se concluir que, a combinação dos fluídos do corpo espiritual é capaz de mudar a natureza dos elementos que compõe a matéria física que conhecemos. É bem provável que este processo também ocorra por modificações no comprimento de onda pelos quais se expressam os átomos que conhecemos.
MATÉRIA MENTAL E AS LEIS DE SINTONIA
A vida é a expressão de um fenômeno espiritual. Enquanto a mente, é o espírito que interpretando sensações cria as idéias e as emoções que através do pensamento exteriorizam nossos desejos.
O Fluído Cósmico serve de substrato ao pensamento que se projeta como energia expressa em partículas de comprimentos de ondas variados. Nossos pensamentos criam em torno de nós um ambiente psíquico onde estão “esculpidas” as imagens mentais que idealizamos com mais persistência.
Portanto, cada um de nós convive “materialmente” com suas próprias idéias. Somos de certa forma “escravos” de nossos próprios desejos. Cultivar ódio ou amor por alguém significa também conviver psiquicamente com o personagem que construímos em nossa psicosfera para odiar ou amar.
As projeções das nossas vibrações mentais estão sintonizadas em pelo menos três níveis de emissão mais ou menos hierarquizados conforme o cumprimento de onda em que ressoa nossos pensamentos. Por processos de automatismos e condicionamentos herdados, temos aptidão para emissão de pensamentos controladores das funções básicas do organismo, responsáveis pela nossa sobrevivência.
Numa outra hierarquia de fenômenos, nossas emissões mentais mantém nossa consciência desperta e interagindo com o ambiente exterior em que estamos inseridos.
E, finalmente em condições especiais podemos emitir pensamentos com comprimento de ondas ultracurtas, expandindo nossa capacidade de comunicação mental, atingido as dimensões espirituais mais nobres.
A afinidade que atrai ou repele qualquer criatura que se aproxime de nós vai depender essencialmente do teor das vibrações mentais que emitimos.
Os comprimentos de ondas mentais se ajustam ou criam ressonância conforme a sintonia que se estabelece entre elas. Ao criarmos uma idéia e projetarmos as ondas mentais pertinentes a um determinado tema, estamos estabelecendo sintonia com todos os indivíduos, encarnados ou não, que mentalizarem conosco o mesmo assunto. A convivência entre as pessoas tende as induzir a pensarem e aceitarem os mesmos princípios.
Freqüentemente somos vítimas de sugestões mentalizadas por nós ou induzidas pelos outros que produzem figuras mentais que se organizam em torno de nossa psicosfera. A imagem que passamos a fazer do mundo fica ligada então, a estas formas-mentais que induzem sistematicamente nossos comportamentos.
O empenho em assimilar um aprendizado novo, implica em sintonizar e desenvolver compreensão adequada para aceitação das sugestões propostas pela idéia nova.
Por outro lado, todos os desejos e vontades que buscamos ardentemente com insistência, nos escravizam com imagens que podem nos condicionar a comportamentos obsessivos.
As idéias que combatemos com veemência, por que nos incomodam ou nos martirizam, acabam por persistirem em nós porque, de certa forma, estamos aceitando inconscientemente o seu conteúdo e de alguma forma nos sintonizando com seus emissores.
DILEMA CÉREBRO-MENTE
A visão materialista da Ciência de hoje não tem alcance suficiente para explicar a origem do pensamento. Não há como justificar através de circuitos neuronais nossa capacidade de aprender e criar idéias novas. A partir dos estímulos neurais como a visão ou o tato, não se compreende como o cérebro, recebendo sensações físicas é capaz de gerar percepções, criar interpretações ou processar julgamentos. São funções psíquicas extremamentes complexas para as quais a fisiologia cerebral é insuficiente para justificar.
No processo evolutivo em que os organismos vivos foram se aprimorando ocorreram mudanças morfológicas e funcionais que pressupunham a sobrevivência dos mais aptos. Sem aceitarmos a existência do espírito fica muito difícil compreender como a mente, participando deste processo evolutivo, foi se aprimorando em todas as criaturas até atingir o estágio de humanização da consciência.
Todo cientista, no entanto, é forçado a acreditar que foi a partir de reflexos simples da vida unicelular que se atingiu o discernimento e a inteligência.
Com uma visão espiritualista, a mente deixa de ser uma expressão sintetizada pela atividade cerebral para se apresentar como uma entidade que organiza a vida, que sobrevive à morte e que acumula conhecimento a medida em que repete as experiências de novas vidas.
A partir dos reflexos desenvolvemos automatismos e instintos. Com a capacidade de tomar decisões adquirimos o discernimento. Pela experiência, selecionando caminhos, aprendemos a raciocinar. O raciocínio e o julgamento desenvolveram a inteligência. O pensamento fragmentário dos animais deu origem ao pensamento contínuo do ser humano. A consciência tomou conhecimento do eu, do mundo exterior e de seu significado.
Já temos a consciência temporal que nos permite situar os acontecimentos do presente, rememorar o passado e antever o futuro. Falta-nos conquistar a consciência da espiritualidade que nos envolve. A percepção de espaço-tempo registrada pelos nossos sentidos, se limita, no momento, às três dimensões que nos cercam. O aprimoramento espiritual deve nos reservar para o futuro a consciência contínua e a consciência expandida a outras dimensões.
FENÔMENO FÍSICO E O FENÔMENO PSICOLÓGICO
O cérebro é capaz de registrar milhões de informações em curtíssimo espaço de tempo. Ondas luminosas atravessam o olho e alcançam o lobo occipital, as auditivas ativam os lobos temporais e ao tocar um objeto registramos suas propriedades nos lobos parietais. Cada uma destas sensações não se limitam a provocar percepções de luz, de sons ou de objetos.
Para cada uma delas o cérebro promove interpretações e julgamentos “criando” imagens que passam a ser representações das sensações percebidas.
A todo instante estamos “sonhando” com imagens que tem para cada um de nós o significado da realidade. Nossa grande dificuldade é explicar como e quando um fenômeno físico se processa em fenômeno psicológico.
A nível de circuitos neuronais há muito pouco que justifique este dilema. Admitindo a existência do espírito como fonte emissora da energia que faz fluir nossos pensamentos podemos deduzir que todo fenômeno psicológico é de natureza espiritual. As sensações projetadas pelo mundo físico onde estamos inseridos devem atingir o espírito onde se processa todo fenômeno de interpretação e reconhecimento. A segunda questão é compreender como a energia emanada do espírito alcança o cérebro físico constituído de matéria densa e, como os estímulos que sensibilizam o cérebro podem ser registrados pelo espírito que pertence a outra dimensão.
Esclarece a doutrina espírita que, o elemento transdutor ou transformador das sensações física é o corpo espiritual que, como vimos, participa da nossa natureza material em diferentes comprimentos de ondas susceptíveis a ação direta da mente.
Allan Kardec estudando a importância do corpo espiritual, já chamava a atenção de que o conhecimento de suas propriedades deverá trazer esclarecimentos fundamentais para a Medicina.
Podemos conjeturar que, sendo o corpo espiritual constituído de elementos mais sutis que o corpo físico, sua capacidade para armazenar e transmitir informações mentais deve estar fundamentada em redes de circuito eletromagnético, que se espraiam por todo perispírito, sem necessidade da intermediação química como a que se processa “morosamente” no cérebro físico entre redes mentais e seus neurotransmissores.
DOENÇAS ESPIRITUAIS
A Medicina compreende como doença as pertubações no bem estar físico, psíquico e social do ser humano. A tendência atual é de se aceitar uma interação constante entre estes três aspectos.
Qualquer doença de expressão física desencadeia repercussões psicológicas ou psicossociais e, as perturbações psíquicas ou sociais se consolidam em quadros psicossomáticos.
Admitindo-se porém, o pressuposto da nossa natureza espiritual e, que todo processo psíquico em sua essência é uma atividade da alma, pode-se conjeturar a existência das doenças espirituais.
Esta hipótese se fundamenta em postulados que já adiantamos no início deste trabalho.
Numa tentativa de classificação, podemos separar as doenças espirituais dentro da seguinte ordem:
· Desequilíbrios vibratórios,
· Lesões cármicas do corpo espiritual,
· Vampirismo,
· Obsessão,
· Mediunismo.
Desequilíbrios vibratórios
Os desequilíbrios vibratórios consistem numa perturbação na dinâmica da interação entre o corpo físico e o corpo espiritual. Sabemos que o perispírito não ocupa o nosso corpo como se vestisse uma roupa. Ele interage com o corpo físico por ligação eletromagnética promovendo uma transição sutil entre um corpo e o outro. Esta junção entre os dois corpos permite variações na “aderência” entre um corpo e o outro. Esta ligação é mais “solta” na criança, nos idosos e na maioria dos médiuns.
Esta possibilidade de maior “desprendimento” do corpo espiritual é que possibilita toda a série de fenômenos mediúnicos.
Num mesmo indivíduo, a interação entre seu corpo físico e o perispírito, aumenta ou diminui nas horas de sono ou de meditação, nos momentos de tensão ou ansiedade e sob o efeito de certos medicamentos e alimentos.
O processo de doença espiritual, que classificamos como desequilíbrio vibratório, se estabelece, por efeito do nosso descontrole emocional, quando damos lugar em nossos pensamentos, ao ódio, a cólera, a agressividade, ao mau humor, ao desespero, a ociosidade, a maledicência permitindo com isto, uma desincronização entre o perispírito e o corpo físico. Habitualmente, esta situação provoca em todos nós, uma sensação de mal estar e indisposição que atribuímos freqüentemente a insucessos ou situações de animosidade vivenciadas no nosso dia a dia.
Cabe aqui a recomendação de lembrarmos da vigilância permanente em relação aos nossos comportamentos e as nossas atitudes cotidianas.
Lesões cármicas do corpo espiritual
Quadros extremamente freqüentes de cardiopatias, hidrocefalia, atrofias cerebrais, criptorquidia, deformações uterinas, são possíveis exemplos de doenças que arrastamos por longos anos, penosamente, resgatando e reformando estas lesões.
Antigos desvios como o aborto ou o suicídio, provocados por nós mesmos em vidas anteriores, deixam marcas permanentes em nosso perispírito. Estes sinais nos acompanham no mundo espiritual e cada um de nós, com os compromissos agravados, busca uma nova encarnação, onde num corpo lesado, conseguimos o resgate cármico de nossas culpas.
Vampirismo
Ocorre por desvios de conduta do comportamento humano quando nos permitimos enveredar pelo vício das drogas, dos tóxicos, do álcool, dos desvios sexuais e de extravagâncias alimentares.
Por criação da própria mente que persistentemente convive com o vício, criam-se, às custas da matéria mental, os “microorganismos mentais” ou “micróbios psíquicos” que passam a “corroer” e infestar o corpo físico sugando suas energias a partir dos centros vitais.
Estes desvio do comportamento humano, atraem pela perversão que promovem, grande número de espíritos que se associam à estes procedimentos viciados, comportando-se como parasitas ou “vampiros” do homem cujas atitudes lhes serve de gozo ou prazer.
As formas microbianas elaboradas pela mente, são construídas às custas da matéria fluídica perispiritual que “vivifica” sua atuação.
Mesmo sem ter vida própria são extremamente danosas para o organismo que “vampiriza”.
No momento em que uma decisão sincera faz o homem mudar de conduta e modificar seu conteúdo mental, especialmente quando ele passa a usar a oração e o trabalho como instrumentos de cura, estas formas-imagem perdem sua “vitalidade” e deixam de parasitá-lo.
Obsessão
Sabemos que cada ser humano, por discórdias promovidas em vidas anteriores, pode ser perturbado por espíritos que se consideram credores de suas vítimas. Estas entidades passam a exercer uma perturbação obsessiva, impondo sofrimento, principalmente, através de doenças mentais ou somatizações as mais complexas possíveis.
Em qualquer ambiente de atendimento psiquiátrico é possível encontrar pacientes com quadros esdrúxulos ou atípicos que as classificações médicas da psiquiatria de hoje se mostra incapaz de identificar. Muitos, senão a maioria destes quadros, estão relacionados com os processos obsessivos que a literatura espírita descreve.
Mediunismo
Na verdade, o “mediunismo” não deveria estar aqui rotulado como doença. Porém sua apresentação, em pessoas não esclarecidas ou não disciplinadas, pode revelar quadros rotulados na medicina humana tradicional como crises de epilepsia, ou crises histéricas. Uma boa orientação num centro espírita pode fazer com segurança a triagem destes quadro.
CONCLUSÕES
1 - Os paradigmas espíritas esclarecem de forma racional a natureza espiritual do ser humano.
2 - Nas propriedades do perispírito se encontram os mecanismos de interação entre o cérebro e a mente.
3 - Um grande número de doenças, se não todas, tem seus transtornos previamente, programados no perispírito.
4 - Os paradigmas espíritas sugerem a mudança de conduta, a reforma íntima, a espiritualização do homem como forma de resolver o problema do sofrimento humano.
*Nubor Orlando Facure - Ex-Professor Titular de Neurocirurgia UNICAMP.
Diretor do Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure (Campinas,SP)

24/04/2012

MENSAGEM FRATERNA

"O Reino de Deus, é a obra Divina no coração dos homens"

 AUta de souza

Meu irmão: tuas preces mais singelas

São ouvidas no espaço ilimitado,

Mas sei que às vezes choras, consternado,

Ao silêncio da força que interpelas.

Volve ao teu templo interno e abandonado,

A mais alta de todas as capelas

E as respostas mais lúcidas e belas

Hão de trazer-te alegre e deslumbrado.

Ouve o teu coração em cada prece.

Deus responde em ti mesmo e te esclarece

Com a força eterna da consolação;

Compreenderás a dor que te domina,

Sob a linguagem pura e peregrina

Da voz de Deus, em luz de redenção.

Do Livro: Parnaso de Além Túmulo/Auta de Souza

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

23/04/2012

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

plur 

CAMINHO DA VIDA                                                                         A questão da pluralidade das existências, desde longa data preocupou os filósofos, e muitos deles viram na anterioridade da alma a única solução possível dos mais importantes problemas de psicologia. Sem este princípio, viram-se detidos a cada passo e barrados por uma dificuldade de que não podiam sair senão com o auxílio da hipótese da pluralidade das existências.

A maior objeção que se pode fazer a esta teoria é a da ausência de lembrança das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências, inconscientes umas das outras; deixar um corpo para em breve retomar outro, sem a memória do passado, equivaleria ao nada, porque seria o nada do pensamento; seriam outros tantos novos pontos de partida, sem ligação com os precedentes; seria uma ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente e a mais doce esperança, a mais consoladora para o futuro; seria enfim, a negação de toda a responsabilidade moral. Tal doutrina seria tão inadmissível e tão incompatível com a justiça e a bondade de Deus, quanto a de uma única existência com a perspectiva de uma eternidade absoluta de penas para algumas faltas temporárias. Compreende-se, pois, que aqueles que fazem semelhante idéia da reencarnação a repilam. Mas não é assim que o Espiritismo no-la apresenta.

A existência espiritual da alma, diz-nos ele, é a sua existência normal, com lembrança retrospectiva indefinida; as existências corpóreas não passam de intervalos, de curtas estações na existência espiritual; e a soma de todas essas estações não passa de uma parte mínima da existência normal, exatamente como se, numa viagem de vários anos, a gente parasse, de vez em quando, por algumas horas. Se, durante as existências corpóreas, parece haver uma solução de continuidade, pela ausência da lembrança, a ligação se estabelece durante a vida espiritual, que não sofre interrupção; a solução de continuidade realmente só existe para a vida corpórea exterior e de relação; e aqui, a ausência da lembrança prova a sabedoria da Providência, não querendo que o homem fosse muito desviado da vida real em que tem deveres a cumprir; mas, no estado de repouso do corpo, no sono, a alma retoma em parte o seu vôo e então se restabelece a cadeia, interrompida apenas durante a vigília.

A isto se pode ainda fazer uma objeção e perguntar que proveito pode tirar de suas existências anteriores para seu melhoramento, se não se lembra das faltas que cometeu. O Espiritismo responde, inicialmente, que a lembrança das existências infelizes, juntando-se às misérias da vida presente, tornariam esta ainda mais penosa; é, pois, um acréscimo de sofrimentos, que Deus nos quis evitar; sem isto, qual não seria, por vezes, a nossa humilhação, ao pensarmos naquilo que fomos! Quanto ao nosso melhoramento, essa lembrança seria inútil. Durante cada existência damos alguns passos à frente: adquirimos algumas qualidades e despojamo-nos de algumas imperfeições; cada uma delas é, assim, um novo ponto de partida, no qual somos aquilo que nos fizemos, onde nos tomamos pelo que somos, sem termos que nos inquietar com aquilo que fomos. Se numa existência anterior fomos antropófagos, que é que isto importa se não mais o somos? Se tivemos um defeito qualquer, do qual já não restam traços, é uma conta liquidada, com a qual não temos mais de nos preocupar. Suponhamos, ao contrário, um defeito do qual só nos corrigimos pela metade; o restante irá encontrar na vida seguinte, e é na sua correção que nos devemos aplicar. Tomemos um exemplo: um homem foi assassino e ladrão; foi castigado na vida corporal ou na vida espiritual; arrepende-se e se corrige da primeira tendência, mas não da segunda; na existência seguinte será apenas ladrão; talvez um grande ladrão, mas não mais assassino; ainda um passo à frente e será apenas um pequeno ladrão; um pouco mais tarde e não mais roubará, mas poderá ter a veleidade de roubar, o que a sua consciência neutralizará; depois desse último esforço todo traço da doença moral terá desaparecido, ele será um modelo de probidade. Que lhe importa, então, aquilo que foi? A lembrança de ter morrido no cadafalso não seria uma tortura e uma humilhação perpétuas? Aplicai este raciocínio a todos os vícios, a todos os erros, e podereis ver como a alma progride, passando e repassando pelos crivos da encarnação. Deus não é mais justo por tornar o homem o árbitro de sua própria sorte, pelos esforços que pode fazer para se melhorar, do que por fazer sua alma nascer ao mesmo tempo em que seu corpo e condená-la a tormentos perpétuos por erros passageiros, sem lhe dar os meios de se purificar de suas imperfeições? Pela pluralidade das existências, seu futuro está em suas mãos; se levar muito tempo para progredir, sofre as conseqüências: é a suprema justiça; mas a esperança jamais lhe é negada.

A comparação seguinte pode ajudar a compreender as peripécias da vida da alma.

Suponhamos uma longa estrada, em cujo percurso se acham, de distância em distância, mas a intervalos desiguais, florestas que devem ser atravessadas; à entrada de cada floresta a estrada larga e bela é interrompida e só retomada à saída. Um viajante segue essa rota e entra na primeira floresta; mas aí não há trilha batida; é um Dédalo inextricável em cujo meio se perde; a luz do Sol desapareceu sob a espessa copa das árvores; ele erra, sem saber para onde vai; enfim, após fadigas incríveis, chega aos confins da floresta, mas, extenuado, rasgado pelos espinhos, magoado pelas pedras. Ali reencontra a estrada e a luz e prossegue seu caminho, procurando curar suas feridas.

Mais longe encontra uma segunda floresta, onde o esperam as mesmas dificuldades; mas já tem alguma experiência; sabe evitá-las em parte e delas sai com menos contusões. Numa encontra o lenhador que lhe indica a direção a seguir e que o impede de se perder. Em cada nova travessia sua habilidade aumenta, pois os obstáculos são transpostos cada vez mais facilmente; certo de encontrar a bela estrada à saída, essa confiança o anima; depois, sabe orientar-se para a encontrar mais facilmente. A estrada conduz ao topo de uma alta montanha, de onde descobre todo o percurso, desde o ponto de partida; também vê as várias florestas que atravessou e se recorda das vicissitudes que experimentou; mas a lembrança não é penosa porque chegou ao fim; é como o velho soldado que, na calma do lar, lembra-se das batalhas a que assistiu; essas florestas disseminadas pela estrada são para ele como pontos negros numa fita branca. Diz ele: “Quando eu estava nessas florestas, sobretudo nas primeiras, como me pareciam longas para atravessar! Parecia-me que jamais chegaria ao fim; tudo se afigurava gigantesco e intransponível em volta de mim. E quando penso que, sem esse bravo lenhador que me pôs no bom caminho, eu talvez ainda lá estivesse! Agora, que considero essas mesmas florestas do ponto em que me encontro, como me parecem pequenas! Parece que as teria transposto com um passo; ainda mais, minha vista as penetra e distingo seus menores detalhes; vejo até os passos errados que dei.”

Então lhe diz um velho: - Meu filho, estás no fim da viagem; mas um repouso indefinido logo te causaria um aborrecimento mortal e te porias a lamentar as vicissitudes que experimentaste e que davam atividade aos teus membros e ao teu espírito. Daqui vês um grande número de viajantes na estrada que percorreste e que, como tu, correm o risco de se perderem no caminho; tens a experiência e nada mais temes; vai ao seu encontro e, por teus conselhos, trata de os guiar, para que cheguem mais depressa.

- Eu lá vou com alegria, responde o nosso homem. Mas, acrescenta ele, por que não há uma estrada direta, desde o ponto de partida até aqui? Isto evitaria que os viajantes passassem por estas florestas abomináveis.

- Meu filho, retoma o velho, olha bem e verás que há muitos que evitam certo número delas; são os que, tendo adquirido mais cedo a experiência necessária, sabem tomar um caminho mais direto e mais curto para chegar; mas tal experiência é fruto do trabalho exigido pelas primeiras travessias, de tal sorte que aqui somente chegam em razão de seu mérito. O que saberias tu mesmo, se por elas não tivesses passado? A atividade que tiveste de desenvolver, os recursos da imaginação que te foram necessários para abrir caminho, aumentaram teus conhecimentos e desenvolveram tua inteligência; sem isto, serias tão inexperiente quanto em tua partida. E depois, procurando sair do embaraço, tu mesmo contribuíste para melhorar as florestas que atravessaste; o que fizeste é pouco, é imperceptível; pensa, porém, nos milhares de viajantes que fazem outro tanto, e que, trabalhando para si mesmos, sem o suspeitar trabalham para o bem comum. Não é justo que recebam o salário de seu esforço, pelo repouso que aqui desfrutam? Que direito teriam a este repouso, se nada houvessem feito?

- Meu pai, responde o viajante, numa dessas florestas encontrei um homem que me disse: “Na ourela há um imenso abismo que deve ser transposto de um salto; mas em mil, apenas um o consegue; todos os outros caem no fundo de uma fornalha ardente e se perdem sem remissão. Eu não vi esse abismo.”

- Meu filho, é que ele não existe; do contrário, seria uma armadilha abominável, preparada para todos os viajantes que vêm a minha casa. Bem sei que lhes é necessário vencer dificuldades, mas também sei que mais cedo ou mais tarde eles as vencerão. Se eu tivesse criado impossibilidades para um só, sabendo que deveria sucumbir, teria sido uma crueldade, com mais forte razão se o tivesse feito para um grande número. Esse abismo é uma alegoria, cuja explicação vais ver. Olha a estrada, no intervalo das florestas; entre os viajantes, vês alguns que andam lentamente, com ar jovial; vês esses amigos que se perderam de vista no labirinto da floresta, como são felizes por se reencontrarem à saída; mas ao lado deles há outros que se arrastam penosamente; estão estropiados e imploram a piedade dos transeuntes, porque sofrem cruelmente das feridas que, por própria culpa, fizeram nos espinheiros. Mas curar-se-ão e isso para eles será uma lição que devem aproveitar na nova floresta a atravessar, da qual sairão menos combalidos. O abismo é a imagem dos males que sofrerão, e dizendo que em mil só um o transporá, aquele homem teve razão, porque o número dos imprudentes é muito grande; mas não estava certo ao dizer que, uma vez caído nele, não mais sairá. Há sempre uma saída para chegar a mim. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída aos que estão no fundo do abismo; vai sustentar os feridos da estrada e mostrar o caminho aos que atravessam as florestas.

A estrada é a imagem da vida espiritual da alma, em cujo percurso somos mais ou menos felizes; as florestas são as existências corporais, nas quais trabalhamos pelo próprio avanço, ao mesmo tempo que na obra geral; o viajante, chegando ao fim e voltando para ajudar os que estão atrasados, é a imagem dos anjos guardiães, missionários de Deus, que encontram sua felicidade na visão da Divindade, mas também na atividade que desenvolvem para fazer o bem e obedecer ao Supremo Senhor.

Nota: Esta mensagem foi ditada pelo Espírito de Allan Kardec, pouco depois de sua morte.http://www.paginaespirita.com.br/caminho_da_vida.htm

 

22/04/2012

Comissão de Espíritas vai até o Supremo Tribunal Federal, mas não impede a descriminalização do aborto de Anencéfalos

O movimento espírita ante a questão da anencefalia

comis

Desde que foi divulgada a decisão do Supremo Tribunal Federal na questão do aborto dos anencéfalos, chegaram à redação desta revista algumas mensagens com críticas formuladas por confrades nossos destacando a suposta passividade dos espiritistas do Brasil com relação ao assunto.

Dentre as críticas recebidas, houve até mesmo uma que, numa simplificação absurda, atribuiu a decisão do Supremo à omissão dos espíritas brasileiros!

Parece que o autor de semelhante disparate não vive em nosso país e não acompanhou a intensa movimentação feita por várias correntes de pensamento, inclusive as entidades espíritas, no sentido de que a Suprema Corte deliberasse de modo diferente, com real respeito à vida, tal como determina a Constituição brasileira.

A movimentação feita em Brasília desdobrou-se em diferentes momentos, como foi amplamente divulgado por esta revista e por outros periódicos.

Nesta reportagem vamos ater-nos apenas a duas iniciativas, dentre as muitas de que a Federação Espírita Brasileira e outras instituições espíritas tomaram parte.

O ex-ministro Eros Roberto Grau manifestou-se de
forma clara sobre o assunto

A primeira – que merece todo o destaque – foi a publicação, na edição de setembro de 2011 da revista Reformador, de importante artigo escrito pelo Dr. Eros Roberto Grau, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.

refor

Intitulado “Pequena nota sobre o direito a viver”, eis, em seu inteiro teor, o texto de autoria do conhecido e respeitado jurista:

‘Inventei uma história para celebrar a Vida. Ana, filha de família muito rica, apaixona-se por um homem sem bens materiais, Antonio. Casa-se com separação de bens. Ana engravida de um anencéfalo e o casal decide tê-lo. Ana morre de parto, o filho sobrevive alguns minutos, herda a fortuna de Ana. Antonio herda todos os bens do filho que sobreviveu alguns minutos além do tempo de vida de Ana. Nenhuma palavra será suficiente para negar a existência jurídica do filho

que só foi por alguns instantes além de Ana.

A história que inventei é válida no contexto do meu discurso jurídico. Não sou pároco, não tenho afirmação de espiritualidade a nestas linhas postular. Aqui anoto apenas o que me cabe como artesão da compreensão das leis.

Palavras bem arranjadas não bastam para ocultar, em quantos fazem praça do aborto de anencéfalos, inexorável desprezo pela vida de quem poderia escapar com resquícios de existência – e produzindo consequências jurídicas marcantes – do ventre que o abrigou. Matar ou deixar morrer o pequeno ser que foi parido não é diferente da interrupção da sua gestação. Mata-se durante a gestação, atualmente, com recursos tecnológicos aprimorados, bisturis eletrônicos dos quais os fetos procuram desesperadamente escapar no interior de úteros que os recusam. Mais “digna” seria a crueldade da sua execução imediatamente após o parto, mesmo porque deixaria de existir risco para as mães. Um breve homicídio e tudo acabado.

Vou contudo diretamente ao direito, nosso direito positivo. No Brasil o nascituro não apenas é protegido pela ordem jurídica, sua dignidade humana preexistindo ao fato do nascimento, mas é também titular de direitos adquiridos. Transcrevo a lei, artigo 2º do Código Civil:

  • A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

No intervalo entre a concepção e o nascimento – dizia Pontes de Miranda – “os direitos, que se constituíram, têm sujeito, apenas não se sabe qual seja”.

Não há, pois, espaço para distinções, como assinalou o ministro aposentado do STF, José Néri da Silveira, em parecer sobre o tema:

  • Em nosso ordenamento jurídico, não se concebe distinção também entre seres humanos em desenvolvimento na fase intrauterina, ainda que se comprovem anomalias ou malformações do feto; todos enquanto se desenvolvem no útero materno são protegidos, em sua vida e dignidade humana, pela Constituição e leis.

Trata-se de seres humanos que podem receber doações [art. 542 do Código Civil], figurar em disposições testamentárias [art. 1.799 do Código Civil] e mesmo ser adotados [art. 1.621 do Código Civil].

É inconcebível, como afirmou Teixeira de Freitas ainda no século XIX, um de nossos mais renomados civilistas, que haja ente com suscetibilidade de adquirir direitos sem que haja pessoa. E, digo eu mesmo agora, nele inspirado, que se a doação feita ao nascituro valerá desde que aceita pelo seu representante legal – tal como afirma o artigo 542 do Código Civil – é forçoso concluir que os nascituros já existem e são pessoas, pois “o nada não se representa”.

Queiram ou não os que fazem praça do aborto de anencéfalos, o fato é que a frustração da sua existência fora do útero materno, por ato do homem, é inadmissível [mais do que inadmissível, criminosa] no quadro do direito positivo brasileiro. É certo que, salvo os casos em que há, comprovadamente, morte intrauterina, o feto é um ser vivo.

Tanto é assim que nenhum, entre a hierarquia dos juízes de nossa terra, nenhum deles em tese negaria aplicação do disposto no artigo 123 do Código Penal, (1) que tipifica o crime de infanticídio, à mulher que matasse, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho anencéfalo, durante o parto ou logo após, sujeitando-a a pena de detenção, de dois a seis anos. Note-se bem que ao texto do tipo penal acrescentei unicamente o vocábulo anencéfalo!

Ora, se o filho anencéfalo morto pela mãe sob a influência do estado puerperal é ser vivo, por que não o seria o feto anencéfalo que – repito – pode receber doações, figurar em disposições testamentárias e mesmo ser adotado?

Que lógica é esta que toma como ser, que considera ser alguém – e não res – o anencéfalo vítima de infanticídio, mas atribui ao feto que lhe corresponde o caráter de coisa ou algo assim?

De mais a mais, a certeza do diagnóstico médico da anencefalia não é absoluta, de modo que a prevenção do erro, mesmo culposo, não será sempre possível. O que dizer, então, do erro doloso? A quantas não chegaria, então, em seu dinamismo – se admitido o aborto – o “moinho satânico” de que falava Karl Polanyi? (2)

A mim causa espanto a ideia de que se esteja a postular abortos, e com tanto de ênfase, sem interesse econômico determinado. O que me permite cogitar da eventualidade de, embora se aludindo à defesa de apregoados direitos da mulher, estar-se a pretender a migração, da prática do aborto, do universo da ilicitude penal, para o campo da exploração da atividade econômica. Em termos diretos e incisivos, para o mercado.

Escrevi esta pequena nota para gritar, tão alto quanto possa, o direito de viver.'

(1) “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena – detenção de dois a seis anos.”

(2) A grande transformação: as origens da nossa época. Tradução portuguesa de Fanny Wrobel. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

Na véspera da sessão fez-se uma vigília defronte ao edifício do Supremo Tribunal Federal

A segunda iniciativa, que ora destacamos, foi próxima à sessão realizada pelo Supremo Tribunal Federal, concluída no dia 12 de abril.

Referimo-nos à visita que uma comissão integrada por dirigentes da Federação Espírita Brasileira (vice-presidente Antonio Cesar Perri de Carvalho), AJE-Brasil (Luciano Alencar da Cunha) e AME-Brasil (Antonia Marilene da Silva) fez, nos dias 9 e 10 de abril, a todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, levando-lhes um Memorial em Defesa da Vida e com argumentos contrários à liberação do aborto de anencéfalos, assinado pelos representantes das três Instituições, além do artigo do ex-ministro Eros Grau, acima reproduzido, e vários livros sobre o aborto publicados pela FEB e pela Folha Espírita Editora.

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Ainda no mesmo dia 10, à noite, os confrades citados estiveram presentes no ato público realizado na Praça dos Três Poderes, defronte ao edifício do Supremo Tribunal Federal, oportunidade em que usaram da palavra.

É bom lembrar que vivemos em um país regido pela democracia e que, num regime democrático, é assim que

as proposições devem ser feitas, por meio do convencimento, do esclarecimento, da conscientização, jamais por meio da violência. E quando a decisão do órgão competente – como o é a Suprema Corte – é tomada, cabe-nos respeitá-la, ainda que ela nos desagrade, certos de que, autorizada ou não pela Justiça, a alternativa do aborto será sempre uma decisão da gestante, única pessoa que pode determinar se o filho que se aninha em seu ventre deve ou não viver.

Com respeito aos que, inadvertidamente, gostam de criticar as instituições que representam o movimento espírita brasileiro, acusando-as de omissão ou passividade, espera-se que os fatos descritos nesta matéria contribuam para que revejam suas críticas.

Registramos, por fim, o que nos disse, a propósito do assunto, um experiente confrade: – Filho, diante da imensa seara a que se referiu Jesus, cabe-nos trabalhar mais e falar menos   MARCELO BORELA DE OLIVEIRA

http://www.oconsolador.com.br/ano6/257/especial2.html

20/04/2012

ESQUECIMENTO DE VIDAS PASSADAS

vidas
Indicamos neste capítulo as causas físicas do esquecimento das vidas anteriores. Inquirir se esse esquecimento não se justifica por uma necessidade de ordem moral? Para a maior parte dos homens, frágeis “canas pensantes” que o vento das paixões agita, não se nos afigura desejável a recordação do passado; pelo contrário, parece indispensável ao seu adiantamento que as vidas anteriores se lhes apaguem momentaneamente da memória.

A persistência das recordações acarretaria a persistência das idéias errôneas, dos preconceitos de casta, tempo e meio, numa palavra, de toda uma herança mental, um conjunto de vistas e coisas que nos custaria tanto mais a modificar, a transformar, quanto mais vivo estivesse em nós. Deparar-se-iam assim muitos obstáculos à nossa educação, aos nossos progressos; nossa capacidade de julgar achar-se-ia muitas vezes adulterada desde o berço. O esquecimento, ao contrário, permitindo-nos aproveitar mais amplamente os estados diferentes que uma nova vida nos proporciona, ajuda-nos a reconstruir nossa personalidade num plano melhor; nossas faculdades e nossa experiência aumentam em extensão e profundidade.

Outra consideração, mais grave ainda: o conhecimento de um passado corrupto, conspurcado, como deve suceder com o de muitos de nós, seria um fardo pesado. Só uma vontade de rija têmpera pode ver, sem vertigem, desenrolar-se uma longa série de faltas, de desfalecimentos, de atos vergonhosos, de crimes talvez, para pesar-lhes as conseqüências e resignar-se a passar por elas. A maior parte dos homens atuais é incapaz de tal esforço. A recordação das vidas anteriores só pode ser proveitosa ao Espírito bastante evolvido, bastante senhor de si para suportar-lhe o peso sem fraquejar, com suficiente desapego das coisas humanas para contemplar com serenidade o espetáculo de sua história, reviver as dores que padeceu, as injustiças que sofreu, as traições dos que amou. É privilégio doloroso conhecer o passado dissipado, passado de sangue e lágrimas, e é também causa de torturas morais, de íntimas lacerações.
                                                                                                    As visões que se lhe vinculam, seriam, na maioria dos casos, fonte de cruéis inquietações para a alma fraca presa nas garras do seu destino. Se as nossas vidas precedentes foram felizes, a comparação entre as alegrias que nos davam e as amarguras do presente, tornaria estas últimas insuportáveis. Foram culpadas? A expectativa perpétua dos males que elas implicam paralisaria a nossa ação, tornaria estéril nossa existência. A persistência dos remorsos e a morosidade da nossa evolução far-nos-iam acreditar que a perfeição é irrealizável!
                                                                                          Quantas coisas, que são outros tantos obstáculos à nossa paz interna, outros tantos estorvos para nossa liberdade, não quiséramos apagar da nossa vida atual? Que seria, pois, se a perspectiva dos séculos percorridos se desenrolasse sem cessar, com todos os pormenores, diante da nossa vista? O que importa é trazer consigo os frutos úteis do passado, isto é, as capacidades
adquiridas; é esse o instrumento de trabalho, o meio de ação do Espírito. O que constitui o caráter é também o conjunto das qualidades e dos defeitos, dos gostos e das aspirações, tudo o que transborda da consciência profunda para a consciência normal.
                                                                                                    O conhecimento integral das vidas passadas apresentaria inconvenientes formidáveis, não só para o individuo, mas também para a coletividade; introduziria na vida social elementos de discórdia, fermentos de ódio que agravariam a situação da humanidade e obstariam a todo progresso moral. Todos os criminosos da História, reencarnados para expiar, seriam desmascarados; as vergonhas, as traições, as perfídias, as iniqüidades de todos os séculos seriam de novo assoalhadas à nossa vista. O passado acusador, conhecido de todos, tornaria a ser causa de profunda divisão e de vivos sofrimentos.
                                                                                                     O homem, que vem a este mundo para agir, desenvolver as suas faculdades, conquistar novos méritos, deve olhar para frente e não para trás. Diante dele abre-se, cheio de esperanças e promessas, o futuro; a Lei Suprema ordena-lhe que avance resolutamente e, para tornar-lhe a marcha mais fácil, para livrá-lo de todas as prisões, de todo peso, estende um véu sobre o seu passado. Agradeçamos à Providência Infinita que, aliviando-nos da carga esmagadora das recordações, nos tornou mais cômoda a ascensão, a reparação menos amarga.
                                                                                                    Objetam-nos, às vezes, que seria injusto ser castigado por faltas que foram esquecidas, como se o esquecimento apagasse a falta! Dizem-nos, por exemplo: “Uma justiça, que é tramada em segredo e que não podemos pessoalmente avaliar, deve ser considerada como uma iniqüidade.”
Mas, em princípio, não há para nós em tudo um mistério? O talozinho de erva que rebenta, o vento que sopra, a vida que se agita, o astro que percorre a abóbada silenciosa, tudo são mistérios. Se só devemos acreditar no que compreendemos bem, em que é que havemos então de acreditar?

Se um criminoso, condenado pelas leis humanas, cai doente e perde a memória das suas ações (vimos que os casos de amnésia não são raros), segue-se daí que a sua responsabilidade desaparece ao mesmo tempo em que as suas lembranças? Nenhum poder é capaz de fazer com que o passado não tenha existido!
                                                                                                   Em muitos casos seria mais atroz saber do que ignorar. Quando o Espírito, cujas vidas distantes foram culpadas, deixa a Terra e as más lembranças se avivam outra vez para ele, quando vê levantarem-se sombras vingadoras, acaso o lamenta o tempo do esquecimento? Acusa a Deus por ter-lhe tirado com a memória das suas faltas a perspectiva das provas que elas implicam?
Basta-nos, pois, conhecer qual é o fim da vida, saber que a justiça
divina governa o mundo. Cada um está no local que para si fez e não sucede nada que não seja merecido. Não temos por guia nossa consciência e não brilham com vivo clarão, na noite de nossa inteligência, os ensinamentos dos gênios celestes?
O espírito humano, porém, flutua agitado por todos os ventos da dúvida e da contradição. Às vezes acha que tudo vai bem e pede novas energias vitais; outras amaldiçoam a existência e clama o aniquilamento. Pode a Justiça Eterna conformar os seus planos com as nossas vistas efêmeras e variáveis? Na própria pergunta está a resposta. A justiça é eterna porque é imutável. No caso que nos ocupa, é a harmonia perfeita que se estabelece entre a liberdade dos nossos atos e a fatalidade das suas conseqüências.

O esquecimento temporário das nossas faltas não evita o seu efeito. É necessária a ignorância do passado para que toda a atividade do homem se consagre ao presente e ao futuro, para que se submeta à lei do esforço e se conforme com as condições do meio em que renasce.

Livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor/ Léon Denis.

18/04/2012

18 DE ABRIL DIA DO ESPIRITISMO - 155 anos da publicação de “O Livro dos Espíritos”

 

 

Há exatamente 155 anos, em 18 de abril de 1857, foi publicado o primeiro livro que trata sobre a doutrina espírita no mundo. A obra, intitulada “O Livro dos Espíritos”, foi escrita por um educador francês que assinava sob o pseudônimo Allan Kardec. Por isso, o dia 18 de abril é considerado um marco para a doutrina Espírita.

O Dia Nacional do Espiritismo, data instituída através de um projeto da deputada federal Gorete Pereira (PL/CE), de número 291/2007, em homenagem ao lançamento do Livro do Espírita, de Alan Kardec, em 18 de abril de 1857.

A cada 18 de abril, os espíritas recordam o ano de 1857, hoje 155 anos de lançamento da obra que sustenta a Doutrina. Mais tarde, a obra foi completada pelo Livro dos Médiuns. O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, se juntaram a estes formando o pentateuco espírita.

O Livro dos Espíritos tem uma importância excepcional por ser uma revelação, de iniciativa do Plano Superior, com a finalidade de facilitar e orientar o progresso humano. Afinal, para vivermos em equilíbrio, precisamos de respostas.

O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec, foi a primeira obra da codificação, onde se encontram os princípios fundamentais do espiritismo. Seu conteúdo é apresentado em 4 partes: As causas primárias; Mundo espírita ou dos espíritos; Leis morais; Esperanças e consolações.

Nos ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos, que é um manual de conduta para a vida, encontramos recursos para que se compreenda, sem mistérios, as leis de causa e efeito, a reencarnação, a evolução do espírito, as ocupações e missões dos espíritos, entre tantas outras respostas embasadas sempre pela ciência, filosofia e religião. http://amigoespirita.ning.com/

Ave, 18 de Abril!

Antônio Moris Cury

Foi no dia 18 de abril de 1857, na cidade de Paris, capital da França, que veio a lume "O Livro dos Espíritos", a obra basilar do Espiritismo, ditada pelo mundo invisível e compilada, separada, classificada e codificada pelo ínclito professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que, propositadamente, adotou o pseudônimo de Allan Kardec, nome que tivera em recuada existência pretérita, a fim de que a obra pudesse ser comprada, se fosse o caso, pelo seu conteúdo e não por quem a assinava, já que era ele muitíssimo conhecido e reconhecido, como professor e como autor de diversos livros, vários dos quais adotados pela Universidade de Paris, notadamente os que versavam sobre educação.

Teve considerável peso também, na adoção do pseudônimo, o fato de que o livro foi ditado pelos Espíritos Superiores, daí o título "O Livro dos Espíritos", não sendo obra dele, professor Rivail, portanto, não obstante tenha nela lançado inúmeros comentários e observações pessoais.

Nota-se, assim, desde logo, por esses detalhes, a conduta reta e ilibada do professor Rivail, o codificador do Espiritismo, que foi discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi, famoso educador e fundador do Internato de Yverdon, na Suíça, e, posteriormente, seu substituto predileto, tendo sido considerado pelo célebre astrônomo francês Camille Flammarion "o bom senso encarnado", que, acrescente-se, sempre procurou agir com seriedade e sem rejeições apriorísticas, características do verdadeiro cientista.

Constituía traço característico de sua personalidade, por igual, a preservação da ética, sempre, em suas múltiplas e variadas expressões.

De 1855 a 1869, quando desencarnou em 31 de março, o eminente e ilustrado professor Rivail consagrou sua existência ao Espiritismo.

Em seu túmulo, no Cemitério Père Lachaise, em Paris, uma inscrição sintetiza a concepção evolucionista da Doutrina Espírita: nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei!

Por outro lado, decorridos 141 anos, não se pode deixar de reconhecer que os ensinos contidos em "O Livro dos Espíritos", em sua essência, permanecem absolutamente aplicáveis aos dias atuais, o que, por si, recomenda a leitura, a releitura e, sobretudo, a reflexão, em torno de tão preciosa obra, que contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade.

Verdadeira síntese do conhecimento humano, é um tesouro colocado em nossas mãos, que merece, por isso mesmo, repetimos adredemente, ser lido e refletido de capa a capa, palavra por palavra.

Com efeito, para dizer o mínimo, convém salientar que o Espiritismo nada impõe a seus profitentes, e muito menos a terceiros.

Ao contrário, procura orientar sempre, pela palavra escrita ou falada, que somos dotados de livre-arbítrio, da faculdade de decidir livremente sobre quaisquer assuntos, esclarecendo ao mesmo tempo que, exatamente por isso, somos responsáveis pelas decisões que tomemos, sejam quais forem e nos mais variados campos, e naturalmente responsáveis pelas suas conseqüências.

Por outra parte, enfatiza lições seculares, procurando demonstrar com exemplos e com fatos que "a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória" e que "a cada um será concedido de acordo com as suas obras".

Consola, ao salientar que ninguém será condenado irremediavelmente pelos erros, males e equívocos cometidos, porquanto até mesmo em outra reencarnação, que detalha e aprofunda, poderá repará-los, parcial ou totalmente, até quitá-los integralmente, contando com todas as oportunidades de que necessite para tal, uma vez que Deus, sendo o Pai Celestial de todos nós, a nenhum de seus filhos abandona ou desampara.

Consola, igualmente, ao demonstrar cabalmente que as Leis Naturais são perfeitas e por isso mesmo imutáveis, advindo daí a certeza de que a Justiça Divina, que nelas se baseia, é absolutamente imparcial, não havendo seres privilegiados na Criação ou privilégio de qualquer espécie a quem quer que seja, prevalecendo a convicção de que Deus não pune, não castiga e não premia a ninguém, sendo, assim, soberanamente bom e justo, Ele que é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas!

Por fim, nestas rapidíssimas observações, o Espiritismo ensina que o amor é a lei maior da vida, consubstanciada por Cristo na sentença que constitui o seu ensino máximo "amar ao próximo como a si mesmo", vale dizer, aconselhando que façamos ao próximo aquilo que gostaríamos que ele nos fizesse, porque quem assim procede estará, por esse mesmo motivo, "amando a Deus sobre todas as coisas".

Aliás, esta sentença de Jesus de Nazaré, o Cristo, modelo e guia da Humanidade, nosso mestre e amigo de todas as horas, também ensina e deixa muito claro que para que amemos ao próximo é absolutamente indispensável que nos amemos, de modo que é necessário, no mínimo, que tenhamos elevada auto-estima.

Agindo com amor e praticando o Bem, ensina-nos a veneranda Doutrina Espírita, ingressaremos na estrada que nos conduzirá à perfeição relativa e à felicidade suprema, destino final dos seres humanos, sendo certo que, assim, sem dúvida, seremos muito mais felizes, desde agora, aqui mesmo na Terra!

"Com efeito, para dizer o mínimo, convém salientar que o Espiritismo nada impõe a seus profitentes, e muito menos a terceiros."

(Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)

16/04/2012

ANENCEFALIA

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Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.

De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.

O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.

Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.

Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.

Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.

Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.

Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.

Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.

Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...

Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.

Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...

Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.

*

É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.

Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.

Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.

Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…

Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.

Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...

Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.

Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.

Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.

Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.

... E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.

Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...

A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.

As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.

Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?

O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…

*

Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.

Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias?

Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.

Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 11 de abril de 2011, quando o Supremo Tribunal de Justiça, estudava a questão do aborto do anencéfalo, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

A decisão do STF sobre os fetos anencéfalos

Wellington Balbo – Bauru SP

A vida na Terra é feita das mais diversas provações. São testes que como alunos da vida temos de passar para, enfim, obtermos o diploma e o conhecimento necessários para irmos adiante, avançando na hierarquia dos mundos e podendo, então, crescer como espíritos imortais. A Terra é apenas uma escola, um estágio evolutivo e não ficaremos nela para sempre.

Portanto, as provas podem ser vistass como desafios que são necessários ao nosso aprimoramento. Temos de pasar por elas, não adianta adiar.

Esta introdução é para mostrar que por mais complicados sejam nossas provas podemos vencê-las realizando esforços. E que esforço deve realizar uma mãe e toda família ao decidir levar adiante a gravidez de um feto anencéfalo. Não queremos aqui minimizar o sofrimento de quem quer que seja, tampouco sermos juízes julgando implacavelmente o comportamento alheio. Sabemos das dores, ou melhor, imaginamos que sejam dores pungentes.

No entanto, o que queremos aqui é mostrar um outro ponto da questão, o lado espiritual. Alunos em trânsito por esta escola temporária é de suma importância que nos atentemos para o fato de que nossa história não começa aqui, ao nascermos. Somos espíritos milenares carregando bagagens e necessidades evolutivas das mais diversas. Somos seres bem antigos, temos biografia espiritual, temos história...

O filho que trazemos no ventre, seja com ou sem cérebro é, acima de qualquer coisa um espírito que necessita passar por esta prova. Em face de tão grave realidade fica o questionamento:

Será útil para aquela criatura que abrigamos no ventre interromper a gravidez? E a sua realidade, suas necessidades evolutivas? Será justo pensarmos apenas em nosso sofrimento e esquecermos de que ali está um espírito imortal que precisa de nosso amor e carinho? Lembro da querida educadora Maria Montessori que afirmava que a educação começa no ventre. Será que poderíamos praticar esta educação da alma com relação ao filho que temos em nosso seio? Será que poderíamos dizer: Eu te amo, você é amado e poderá nesta encarnação viver poucas horas, mas ainda assim será amado e retornará, quem sabe, à nossa família para darmos prosseguimento a nossa história.

Ah, a reencarnação! Só mesmo a reencarnação para abrir as chaves do intrincado labirinto dos sentimentos humanos, explicando o que é para muitos inexplicável e pode ser resolvido com uma simplista votação sem os aprofundamentos adequados nas questões do espírito imortal.

Sem o conhecimento da reencarnação qualquer tipo de julgamento acerca de temas como, por exemplo, a interrupção da gravidez em caso de fetos anencéfalos é capenga. Os ministros do STF, sem o conhecimento das necessidades evolutivas dos espíritos que habitam a Terra, optaram por permitir que a gravidez seja interrompida. Como espírita discordo da decisão dos magistrados. Repetimos que não desprezamos a dor e a dificuldade da mãe que se depara com tão complicada provação, todavia vale lembrar que, como dissemos acima, este é um planeta de provas e, indubitavelmente, interromper a gravidez equivale a entregar a prova ao professor sem responder as questões mais importantes. Pensemos nisso!

Wellington Balbo (Bauru – SP)

Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita, e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru.

wellington_plasvipel@terra.com.br

Blog: http://wellingtonbalbo.blogspot.com/

12/04/2012

A DISCIPLINA DO PENSAMENTO

 

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O pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somente em torno de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura. Modelamos nossa alma e seu invólucro com os nossos pensamentos; estes produzem formas, imagens que se imprimem na matéria sutil, de que o corpo fluídico é composto. Assim, pouco a pouco, nosso ser povoa-se de formas frívolas ou austeras, graciosas ou terríveis, grosseiras ou sublimes; a alma se enobrece, embeleza ou cria uma atmosfera de fealdade. Segundo o ideal a que visa, a chama interior aviva-se ou obscurece-se.

Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e sua ação. É a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara todas as descobertas da Ciência, todas as maravilhas da Arte, mas também todas as misérias e todas as vergonhas da humanidade. Segundo o impulso dado, funda ou destrói as instituições como os impérios, os caracteres como as consciências. O homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento; por ele suas obras irradiam e se perpetuam através dos séculos.

O Espiritualismo experimental, muito melhor que as doutrinas anteriores, permite-nos perceber, compreender toda a força de projeção do pensamento, que é o princípio da comunhão universal. Vemo-lo agir no fenômeno espírita, que facilita ou dificulta; seu papel nas sessões de experimentação é sempre considerável. A telepatia demonstrou-nos que as almas podem impressionar-se, influenciar-se a todas as distâncias; é o meio de que se servem as humanidades do espaço para comunicarem entre si através das imensidades siderais. Em qualquer campo das atividades sociais, em todos os domínios do mundo visível ou invisível, a ação do pensamento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em nós mesmos, modificando constantemente nossa natureza íntima.

As vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras, renovando-se em sentido uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que não podem vibrar em harmonia com elas; atraem elementos similares que acentua as tendências do ser. Uma obra, muitas vezes inconsciente, elabora-se; mil obreiros misteriosos trabalham na sombra; nas profundezas da alma esboça-se um destino inteiro; em sua ganga o diamante purifica-se ou perde o brilho.

Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. É por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas, tem tanta virtude. Nesse diálogo solene do ser com sua causa, o influxo do Alto invade-nos e desperta sentidos novos. A compreensão, a consciência da vida aumenta e sentimos, melhor do que se pode exprimir, a gravidade e a grandeza da mais humilde das existências. A oração, a comunhão pelo pensamento com o universo espiritual e divino é o esforço da alma para a beleza e para a verdade eternas; é a entrada, por um instante, nas esferas da vida real e superior, aquela que não tem termo.

Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo ciúme, pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e o entenebrecem. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra, o que afirmam tantas comunicações de além-túmulo. Somos o que pensamos, com a condição de pensarmos com força, vontade e persistência. Mas, quase sempre, nossos pensamentos passam constantemente de um a outro assunto. Pensamos raras vezes por nós mesmos, refletimos os mil pensamentos incoerentes do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver do próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nesse grande reservatório de inspiração que cada um traz consigo, mas que a maior parte ignora. Por isso criam um invólucro povoado das mais disparatadas formas. Seu Espírito é como uma habitação franca a todos os que passam. Os raios do bem e as sombras do mal lá se confundem, num caos perpétuo. É o combate incessante da paixão e do dever, em que, quase sempre, a paixão sai vitoriosa. Antes de tudo, é preciso aprender a fiscalizar os pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno.

A fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização dos atos, porque, se uns são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á regulado por uma concatenação harmônica. Todavia, se nossos atos são bons e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências, mais cedo ou mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa vida.

Às vezes observamos uma contradição surpreendente entre os pensamentos, os escritos e as ações de certos homens, e somos levados, por essa mesma contradição, a duvidar de sua boa-fé, de sua sinceridade. Muitas vezes não há mais do que uma interpretação errônea de nossa parte. Os atos desses homens resultam do impulso surdo dos pensamentos e das forças que eles acumularam em si no passado. Suas aspirações atuais, mais elevadas, seus pensamentos mais generosos traduzir-se-ão em atos no futuro. Assim, tudo se combina e explica quando se consideram as coisas do largo ponto de vista da evolução; ao passo que tudo fica obscuro, incompreensível, contraditório, com a teoria de uma vida única para cada um de nós.

LÉON DENIS