.

26/05/2010

EVOLUCAO

marcha evolutiva

A evolução é tema complexo. A compreensão integral da marcha evolutiva do Espírito é coisa que nos escapa, na fase em que nos encontramos. Sabemos que ela se dá e é conquista de cada ser, mas nossa percepção dessa jornada é fragmentária.

Desconhecemos nosso início, desde a mônada fundamental, e os passos dados por esse princípio inteligente, na esteira dos séculos, até o estágio atual. É trajetória fascinante que um dia haveremos de compreender na sua plenitude.

Sobre o assunto, encanta-nos os sonetos abaixo transcritos, nos quais os poetas, realizando sínteses admiráveis, expressam com beleza e rara felicidade os passos dessa caminhada do Espírito.

ADELINO da FONTOURA Chaves

Fui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,

Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera...

Partícula, pousei... Encarcerado, eu era

Infusório do mar em montões de sargaço.

Por séculos fui planta em movimento escasso,

Sofri no inverno rude e amei na primavera;

Depois, fui animal, e no instinto da fera

Achei a inteligência e avancei passo a passo...

Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,

Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,

A lutar e chorar para, então, compreendê-las!...

Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,

Vivo de corpo em corpo a forjar o destino

Que me leve a transpor o clarão das estrelas!..."

"EVOLUÇÃO2

Antero de Quental (1842-1891)

Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,

Tronco ou ramo na incógnita floresta...

Onda, espumei, quebrando-me na aresta

Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo

Na caverna que ensombra urze e giesta;

Ou, monstro primitivo, ergui a testa

No limoso paul, glauco pascigo...

Hoje sou homem — e na sombra enorme

Vejo, a meus pés, a escada multiforme,

Que desce, em espirais, na imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...

Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro

E aspiro unicamente à liberdade."

"EVOLUÇÃO3

Rubens C. Romanelli

De muito longe venho, em surtos milenários;

Vivi na luz dos sóis, vaguei por mil esferas

E, preso ao turbilhão dos motos planetários,

Fui lodo e fui cristal, no alvor de priscas eras.

Mil formas animei, nos reinos multifários:

Fui planta no verdor de frescas primaveras

E, após sombrio estágio entre os protozoários,

Galguei novos degraus: fui fera dentre as feras.

Depois que em mim brilhou o facho da razão,

Fui o íncola feroz das tribos primitivas

E como tal vivi, por vidas sucessivas.

E sempre na espiral da eterna evolução,

Um dia eu transporei os círculos do mal

E brilharei na luz da Essência Universal."

A síntese, em tema complexo e de forma tão abrangente, sobretudo vazada em soneto, é admirável. Partem do princípio ao puro Espírito!

ADELINO da FONTOURA Chaves nasceu em Axixá, Maranhão, em 30.03.1855 e desencarnou em Lisboa, Portugal, em 02.05.18841.

Foi, portanto, contemporâneo do poeta português, ANTERO Tarquínio de QUENTAL, que viveu de 1842 a 1891; contudo, o soneto de sua lavra foi psicografado neste século, pelo médium Francisco C. Xavier, e publicado em 1962.

Teria o Espírito conhecimento dos textos do vate lusitano e do Professor Romanelli? E este último conheceu os outros dois sonetos? Afinal, são especulações irrelevantes, uma vez que são criações distintas, enfocando o mesmo assunto.

Quanto ao Professor Rubens Romanelli, a segunda edição de "O Primado do Espírito" não oferece seus dados biográficos. Indica apenas datas de publicações de livros e discursos de sua autoria, no período que vai de 1940 a 1960, em Belo Horizonte, MG.

Sentimo-nos no dever de divulgar as três peças literárias, para compartilhar esses preciosos tesouros com aqueles que sabem apreciar o belo e reconhecem a evolução como dádiva celeste!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. XAVIER, Francisco C. Antologia dos Imortais. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983. 345p. p. 33/4;

2. MESQUITA, Ary (org.). O Livro de Ouro da Poesia Universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988. 533p. p. 490;

3. ROMANELLI, Rubens C. O Primado do Espírito. 2 ed. Belo Horizonte - 1960 (Não menciona Editora).

Nota: O livro "O Primado do Espírito" foi reeditado pela "Publicações Lachâtre".

Encaminhado à FEB, em 01.02.00. Publicado na edição de ago/2000, pág. 236.

23/05/2010

PLANTIO

Visao missionaria 1T07.indd

A nossa vida é um eterno plantio; a consciência, a lavoura imensa, onde as sementes são depositadas como todas as nossas ações. Devemos ordenar os nossos sentimentos todos os dias, examiná-los, antes que eles se tornem palavras e atos porque, como nada se perde, tudo cresce e se agiganta diante do seu próprio criador e passa a conviver com ele.

Trabalhemos na escolha daquilo que vamos semear, principalmente quando o plantio for na mente alheia. A palavra é uma semente e a audição dos semelhantes é o canal por onde lançamos o que irá frutificar e uma grande parte da responsabilidade é nossa, pelo que depositamos nas terras dos nossos companheiros.

Aprendamos, pois, a plantar com discernimento, para colhermos alegria. A justiça não falha; somente dá a quem merece e oferta a quem precisa. Quem planta afabilidade colhe cortesia; quem planta gentileza colhe boas maneiras; quem planta afeição colhe entendimento. Tudo no universo tende a unir-se ao seu igual.

Não esqueçais, companheiro, de amanhar o bem em todas as direções da vida, seja ele um simples sorriso a um triste, ou livrar a nação de um catástrofe. Não importa o tamanho do que fazeis, isto sim, o modo pelo qual o fazeis e sentis no coração. Jesus achou de muito mais valia o denário colocado no gazofilácio pela viúva que somente possuía aquela moeda que estava doando, do que as ricas ofertas dos homens de posse.

A vida é contínuo plantio, do lar ao trabalho e deste à sociedade. Por onde passamos, deixamos a nossa marca de espírito de bem ou de alma ignorante.

Devemos escolher e escolher nas normas que o Evangelho nos ensina, e como os seus primeiros seguidores o viveram. Não há onde nos escondermos das reações das nossas ações, pois elas deixam o magnetismo interligado na consciência de quem as pratica, como fica escrito no éter cósmico o que plasmamos por dentro de nós. Respondemos pelo que fazemos, pois o que sai de nós volta à nossa casa mental, por vezes, reforçado por companhias afins. Plantai moderação, que recebereis brandura; plantai prudência, que recebereis modéstia; plantai sobriedade, que recebereis tolerância.

Sede uma criatura moderada, que a inteligência maior, por vias seguras, vos dará uma paz imperturbável nos caminhos que o Senhor vos concedeu para trilhar.

Deveis planear, por todos os meios lícitos possíveis, na semeadura do Bem com Jesus Cristo, para que Deus acorde em nós os talentos divinos no centro de nossa vida. Comunguemos com a comunhão maior, que a paz crescerá em nossos passos.

Se a oportunidade vos ofereceu meios de ajudar, não deixeis para outro dia: fazei hoje mesmo, agora, porque isto é luz nas mãos do trabalhador, luz que não deve ser desperdiçada. Observai a natureza, dadivosa e santa, e copiai seus gestos na doação universal, vibrando somente ação de servir.

A vossa boca é como uma mão de luz, que pode semear as palavras em forma de sementes, por isso, analisai o que ides falar aos outros, para que não venhais a plantar a desarmonia, o ódio, a vingança, o ciúme e a discórdia. Cuidai dos vossos ouvidos, na seqüência do que ouvis, porque é lícito que ouçamos tudo, porém, nem sempre é certo sermos influenciados pelo que ouvimos. E para que sejamos mestres na seleção, necessário se faz que tenhamos o Cristo vibrando em nosso peito e se irradiando em nosso coração, pela livre expressão dos nossos sentimentos.

O plantio é mais ou menos livre, mas a colheita cai na lei da obrigatoriedade da alma que semeou.     Trecho do livro “Saúde” – João Nunes Maia – pelo Espírito Miramez

Texto cedido getilmente por Valéria do blog: http://docefilosofia.blogspot.com

18/05/2010

MOTIVOS PARA SOCORRER OS MAUS

AJUDA  ESPIRITUAL-Mediunidade

MOTIVOS PARA SOCORRER OS MAUS
. . . e orai pelos que vos perseguem.
-Jesus. (Mateus. 5:44.)

Todos aqueles espíritos interpretados como maus são irmãos nossos - criaturas do Criador, quanto nós mesmos - credores de auxílio e consideração.

- A maldade, em muitos, provém da ignorân­cia que compele o ser a comportamento infeliz, reclamando assistência educativa.

- Às vezes a crueldade não é senão doença ca­talogável na patologia da mente, agravada, em muitas ocasiões, por influência obsessiva solicitando ajuda curativa ao invés de punição.

- Muitos criminosos são companheiros que não resistiram às tentações trazidas de existências passadas, incursos em faltas das quais somos pas­síveis em nossa atual posição de consciências en­dividadas perante a Lei.

- O malfeitor no cárcere ou em cumprimento da pena que lhe foi cominada é semelhante ao enfermo no hospital ou em tratamento adequado, requerendo compreensão e apoio fraterno.

- Ninguém experimenta alegria ante as ví­timas do mal, como ninguém sente prazer diante do vizinho que a moléstia perturba, mas, assim como o doente do corpo exige medicação, o doente da alma requisita socorro.

- Tanto quanto não será possível prever a extensão do incêndio sem medidas que o combatam, ninguém pode acautelar-se do alastramento do mal sem a colaboração do bem que o elimine.

- Quando a pessoa conhece as próprias res­ponsabilidades e pratica o mal mesmo assim, en­treguemo-la a si mesma, convencidos de que essa pessoa carregará no subconsciente a dor da culpa até que se liberte, pelo sofrimento, da sombra em que se envolveu.

- Situemos-nos em lugar dos nossos irmãos caídos e verificaremos que eles precisam muito mais de assistência que de censura.

- Quando as circunstâncias nos impeçam o abraço fraternal imediato aos que nos feriram, não nos esqueçamos de que, ainda assim, ser-nos-á possível auxiliá-los sempre através da oração.

Emmanuel
Livro: Bênção de Paz - Francisco Cândido Xavier

15/05/2010

A DOR E O TEMPO

autumn_wallpaper 

As coisas naturais são constantes lições de paciência ao nosso redor. Tudo no mundo nos ensina duas lições fundamentais: a da evolução e a da imortalidade. Porque tudo se desenvolve em direção ao futuro e tudo morre para renascer. A Ciência reconhece que nada se perde, tudo se transforma. A Filosofia, mesmo em suas correntes mais atuais e mais negativas, reconhece a evolução geral e admite que o homem é um projeto, ou seja, uma flecha que atravessa a existência em direção a um alvo superior.
Se nos recusamos a entender as lições que nos rodeiam e as que brotam do fundo de nós mesmos é porque, segundo explica a questão 738 de O Livro dos Espíritos: “Durante a vida o homem relaciona tudo ao seu corpo”. Mas, diz a mesma questão: “após a morte (o homem) pensa de outra maneira”. Apegados ao corpo, limitados pelas percepções físicas, avaliamos a dor pela medida do tempo. Entretanto os Espíritos nos lembram, nessa mesma questão: “Um século do vosso mundo é um relâmpago na eternidade”.

Jesus nos ensinou, por isso, o desapego, advertindo: “Quem se apega à sua vida perde-la-á” (João 12:25).  Maria Dolores se comunica em poesia para nos tocar ao mesmo tempo o sentimento e a razão. É a mesma técnica usada por Jesus nas parábolas e na poesia do Sermão do Monte. A didática moderna confirma a eficiência desse método que nos relaciona com as coisas naturais, que se serve do estímulo do ambiente, da lição das coisas concretas para nos levar à compreensão do sentido da vida.
A dor, ensinou Léon Denis, discípulo e sucessor de Kardec, é uma lei de equilíbrio e educação. A Psicologia moderna comprova que aprendemos através de tentativas frustradas, de ensaios sucessivos. É por meio dos erros que chegamos ao acerto. A sabedoria popular nos diz: “O que arde cura, o que aperta segura” As pessoas inquietas perguntam porque tem de ser assim, porque Deus não nos criou perfeitos e bons. Mas o educador e filósofo Jean Jacques Rousseau (1712-1778) já ensinava que tudo sai perfeito das mãos do Criador. A  perfeição, porém, inclui o livre arbítrio, pois, só através dele chegamos à consciência plena.

A dor de um minuto nos desperta para a felicidade sem limites como a ventania de um instante limpa a atmosfera por muitos dias.

Irmão Saulo Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires/ Espíritos Diversos

13/05/2010

CONCEITOS DA DOUTRINA

estradalinda
..O espírito é a centelha inteligente do universo. É a luz que cruza a vastidão do tempo, indo do passado ao futuro na carruagem da evolução.
O espírito abraça a matéria numa co-dependência de existência: dá forma ao mineral, sensibilidade ao vegetal, instinto ao animal e inteligência ao homem.
Somos, fomos e seremos sempre espírito, e somos finitos na medida que almejamos e olhamos para o eterno, mas somos imortais e temos a potencialidade de evoluirmos infinitamente, e isto nos coloca próximos a Deus, à sua semelhança.
Em múltiplas vidas, o espírito vai se aperfeiçoando, adquirindo novas experiências e conhecimentos, errando e acertando, caindo e levantando, unindo o passado ao futuro numa cadeia ininterrupta de existências, até o momento do despertar da consciência superior, revelando uma inteligência e moral puras.
Diferentemente da matéria que se organiza de átomos em moléculas, que formam planetas, sóis, galáxias, para depois se desorganizarem e voltarem ao átomo em um ciclo material contínuo, a consciência espiritual evolui sem retrocessos, do instinto à inteligência, à intuição superior, à consciência crística. Fazemos uma marcha inexorável do homem ao anjo, e do anjo a Deus. Saímos da dualidade para a unidade, das sombras para a claridade, do medo para a confiança e a realização plena.
Mediunidade é a porta pela qual o mundo invisível encontra o visível, dividindo o mesmo destino. Através da mediunidade, podemos esquecer um pouco da nossa solidão e sentirmos a companhia de nobres almas que nos visitam como a um país distante. Também nos permite consolar e orientar aqueles que partiram despreparados para a jornada final da alma. Pela mediunidade confirmamos muitos dos nossos sonhos ou certificamos nossos piores medos.
Triste seria o homem que ao olhar o céu noturno e estrelado, nada visse senão grandes astros em fogo eterno, como grandes fornalhas devorando o combustível do universo, ou somente visse estradas abandonadas de poeira cósmica, ou mesmo grandes vastidões frias e silenciosas. Feliz do espiritualista que  crendo em Deus,  que é todo fecundo e nada cria sem dar um sentido pleno, olha para os astros distantes e vê a antiga morada de seus pais ou a futura casa de seus filhos, que ouve a música das esferas, e percebe um chamado longínquo de milhões de raças, de milhões de vozes, pois vasto é o universo e mais vasto ainda é a distância que a vida alcança

Fórum Espírita/Jorge Cordeiro

12/05/2010

DESAFIOS EXISTENCIAIS

 

desafios existenciais

Toda existência é oportunidade de aprendizado para todos nós, que partimos um dia do mundo espiritual a fim de realizar essa experiência ímpar chamada vida.

A vida, esta do lado de cá da existência, tem um propósito claro e inequívoco aos olhos de Deus: o de nos oferecer chances de progresso e melhoria pessoal.

Ao nos criar Espíritos imortais, nos fez a todos simples e ignorantes... Ou seja, sem capacidades intelectuais ou morais pré-determinadas.

Desta forma, a pergunta que mais nos ocorre é a seguinte: de onde vêm os nossos pendores, os dons com os quais nascemos, ou as virtudes e paixões que trazemos na alma?

Se somos criados todos iguais, por que somos aqui na Terra tão diferentes uns dos outros? Por que, irmãos gêmeos, sob a mesma educação, os mesmos pais, são tão diferentes?

Ao nascermos novamente, ao retornarmos à experiência de nascer, trazemos conosco toda uma bagagem que adquirimos nos caminhares que já fizemos em nossa história.

Trazemos no cofre de nossa alma todos os tesouros e todas as quinquilharias que, porventura, fomos juntando nos nossos caminhares, pelos caminhos que já percorremos ao longo de nossas existências.

Assim, todas as nossas virtudes e todos os nossos sentimentos são conquistas feitas em algum momento de nossa história, e que hoje trazemos para mais este capítulo do livro que estamos escrevendo desde muito.

Se hoje sentimos raiva, vingança e ódio, se temos inveja ou ciúmes, são desvalores que adquirimos por opção própria, e que ainda fazem parte de nossa estrutura emocional.

Por outro lado, se trazemos na alma a doçura, a compaixão pelo próximo, a benevolência no olhar, são resultantes dos esforços que fizemos para adquiri-los e tê-los na intimidade da alma.

Se hoje percebemos em nós sentimentos que já não são coerentes com nossos conceitos e valores, começa aí o esforço para a transformação da alma.

A vida é exatamente essa oportunidade que a Providência Divina nos oferece para que a modificação da alma, para melhor, se faça.

E para tanto, nossa vida é pródiga de oportunidades para modificarmos as coisas da alma que precisam ser mudadas.

Seja a esposa intolerante, o marido incompreensível, o filho exigente, o chefe às vezes tirano, todos nos oportunizam a chance de experimentar outros valores e desenvolver renovados sentimentos na alma.

Muitas vezes, o convite da vida vem através da doença, do revés financeiro que nos abala, ou do ente querido que parte para o Mundo Espiritual nos deixando órfãos emocionalmente.

Todos esses desafios que a vida nos oferece são convites silenciosos que ela nos faz, nos oferecendo a chance de renovar paisagens emocionais, repensar posicionamentos e principalmente, redirecionar nossos passos para caminhos que nos conduzam à felicidade.

Em qualquer momento de sua vida, perceba ser ela oportunidade bendita que Deus lhe oferece de iniciar a construção do Reino de Deus dentro de você.

Redação do Momento Espírita

08/05/2010

O HOMEM DE BEM

amizade-2

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

*  *  *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

04/05/2010

A CONSTRUçãO DA ESPIRITUALIDADE NA MEDICINA

espiritualidade

Cada vez mais, “minorias criativas” (1) buscam a integração entre Fé e Razão, tendo em vista que é impossível compreender o mundo, o universo e o próprio ser humano, sem as luzes de um paradigma, de um modelo, que contemple todas as áreas das cogitações humanas. As revoluções conceituais da física , no século XX, muito contribuíram para essa nova visão da realidade, demonstrando que a matéria cedeu lugar à energia, o tempo é variável, o movimento descontínuo, a interconectividade não localizada, e a consciência é capaz de influir nos eventos, selecionando possibilidades. Nesse novo tempo, especialistas passaram a enxergar o ser humano de forma integral, conectado a uma imensa rede invisível, que engloba todas as coisas, do micro ao macrocosmo, e não têm nenhum pudor em reconhecer a complementaridade entre Ciência e Religião, valorizando a integração da Espiritualidade à vida humana.
Foi assim que ganhou impulso, na década 1970, uma dessas minorias criativas, formada por médicos que buscam implantar nas universidades estudos de Medicina e Espiritualidade. Sob essa denominação, já há cursos regulares ou opcionais, e também de pós-graduação, em 2/3 das universidades americanas, entre outras, nas Escolas Médicas de Harvard, com Herbert Benson, judeu, de Duke, com Harold Koenig, católico, do Novo México, com William Miller, luterano. Afirmamos, com renovada alegria, que nós, médicos espíritas, fazemos parte de uma dessas minorias criativas que tenta levar Espiritualidade às universidades, porque os fundamentos da Medicina Espírita estão em sintonia com o que é realizado, hoje, na maioria das universidades norte-americanas.
A obra do ilustre físico e humanista Fritjof Capra, especialmente, O Ponto de Mutação , está na vanguarda dessa luta em favor de um novo paradigma para a humanidade, em particular para a Medicina, com sua proposta de Assistência Holística à Saúde, que contempla o ser humano integral – Mente-Corpo. Nessa luta por um novo modelo de saúde, engajou-se também o físico quântico, Amit Goswami, com sua teoria sobre a Consciência, exposta em sua obra, especialmente, O Universo Autoconsciente. Nela, ele sustenta que a Consciência está fora da matéria, sendo, na verdade, fonte criadora do mundo material.
Hoje, tanto quanto nos séculos XIX e XX, há fortes evidências científicas da existência do Espírito. Pesquisadores, em sua maioria não espíritas, têm investigado casos de Experiências de Quase Morte (EQM), Visões no Leito de Morte, Experiências Fora do Corpo, Transcomunicação Instrumental e Reencarnação, acumulando evidências em favor da sobrevivência da alma.
O neuropsiquiatra, Peter Fenwick, os cardiologistas Michael Sabom e Pim Van Lommel, os psiquiatras, Raymond Moody Jr , Elizabeth Kübler-Ross e Sarah Kreutziger, o pediatra Melvin Morse, os psicólogos, Kenneth Ring, Phillis Atwater e Margot Grey, entre outros, relataram casos de EQM, contando o que centenas de sobreviventes da morte vivenciaram, quando foram considerados clinicamente mortos. A conclusão dos pesquisadores e dos sobreviventes é de que algo imaterial sobrevive à morte do corpo físico.
Na alentada obra Reincarnation and Biology, de Ian Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, EUA, constatamos também, nos 2.600 casos pesquisados, não apenas evidências da sobrevivência do espírito, mas igualmente da reencarnação, podendo-se acompanhar, inclusive, a correlação entre as marcas de nascença e os defeitos congênitos da existência atual com as vivências anteriores.
Hoje, já há centenas de trabalhos publicados em revistas científicas prestigiadas, como The Lancet, New England Journal of Medicine; British Medical Journal, JAMA etc. sobre o valor da prece na terapêutica (ver site: www.ncbi.nlm.nih.gov, do NIH).

Do mesmo modo, experiências realizadas pelo psicólogo brasileiro, Júlio Peres, em parceria com o neurocientista, Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, EUA, evidenciaram áreas do cérebro em funcionamento, que são ativadas e rebaixadas, durante as sessões de Terapia por Regressão de Memória, realizadas com pacientes do Instituto Nacional de Terapia de Vivências Passadas (INTVP) do Brasil. Essas pesquisas, somadas às que o dr. Newberg realizou com pessoas em estado de vigília e meditação, mostram um campo promissor para o estudo do Espírito e sua atuação sobre a matéria.
No Japão, Massaru Emoto, após 8 anos de investigação, publicou o livro, Messages from the Water, mostrando como a água pode formar cristais perfeitos ou não, conforme a ação exercida sobre ela pelos pensamentos e sentimentos humanos. Tanto as experiências de Andrew Newberg e Júlio Peres, quanto as de Massaru Emoto trazem subsídios importantes para validar a Terapêutica Complementar Espiritual e entreabrem novos campos para a pesquisa em medicina energética.
Hoje, com o progresso vertiginoso da Ciência e, igualmente, o aumento maciço das doenças da alma, é imperioso que esses cursos de Medicina e Espiritualidade se multipliquem nas Escolas Médicas do mundo. A mudança de mentalidade, porém, não é nada fácil. Há três séculos, a ênfase tem sido para a visão de um ser humano esquizofrênico, dividido entre as investigações científicas e a busca religiosa, consideradas e alimentadas como irreconciliáveis. Esse paradigma antigo, materialista reducionista , está calcado no predomínio do egoísmo sobre o amor, do intelecto sobre o sentimento, e tem sido responsável pelo recrudescimento da violência, da ambição sem freios, dos vícios, da intolerância religiosa e das grandes desigualdades e calamidades sociais. Nele, o ser humano é reduzido tão-somente às funções neuroquímicas do cérebro, destituído de qualquer elemento imaterial que anime suas células. Com esse modelo, não haverá paz no mundo.
Contra ele, a favor da integração espírito-matéria, coloca-se o movimento em prol da Medicina e da Espiritualidade. Com a preponderância deste modelo, que tem na solidariedade uma de suas importantes vigas-mestras, acreditamos que os médicos estarão muito mais aptos a lidar com a dor humana, esforçando-se por diminuir os sofrimentos e angústias dos seus irmãos em humanidade.

Notas: (1) Expressão do historiador Arnold Toynbee, que designa grupos minoritários de pessoas, defensoras de mudanças evolutivas, em contraposição, à grande maioria, arraigada à mentalidade arcaica.
(2) Tese desenvolvida no seu livro O Universo Autoconsciente

* Dra. Marlene Nobre é Médica Ginecologista, CREMESP 10304, Presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil e Internacional.

02/05/2010

A RECEITA DA FELICIDADE

caminhos para a felicidade

Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
Tocado de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiências políticas da época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe:
— Tadeu, como interpreta você a felicidade? — Senhor, a felicidade é a paz de todos.
O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
— Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você realmente feliz.
O discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
— Mestre, suponho que atingiria a suprema tranqüilidade se pudesse alcançar a compreensão dos outros.
Desejo, para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.
Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.
Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que me sinta credor, em face da elevação de meu ideal.
Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.
Regozijar-me-ia se a maledicência me esquecesse.
Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais.
A indiferença e a calúnia doem-me no coração.
Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento das criaturas.
A impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro.
Em razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa-vontade que presumo conservar em minh’alma.
Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas descabidas.
Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo.
Calou-se o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria.
Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura: 25 — Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você.
E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.
Pelo Espírito Neio Lúcio                                                                 Do livro: Jesus no Lar                                                           Médium: Francisco Cândido Xavier