.

29/07/2011

CIÊNCIA ESPÍRITA - REFLEXOES FILOSÓFICAS

galileu 

A Religiãomilagres, profecias, prodígios e dogmas irracionais

Na condenação de Galileu ele foi obrigado a refugiar-se em sua própria casa e renunciar aos princípios científicos que divulgava. A Igreja da época estava dando o recado de que não suportaria a perversão dos fundamentos aristotélicos que ela adotava. O sistema do mundo criado por Deus correspondia ao que Aristóteles e Ptolomeu haviam decifrado: “Deus, como Ser supremo e onipotente, criou e pôs o mundo em movimento e, desde então, tudo funciona com perfeição e harmonia, com ou sem a sua presença.” “Ele estabeleceu a ordem para o Universo e nada pode mudá-la.” “As estrelas que estão fixadas e imóveis nas abóbadas do firmamento são formadas de uma substância divina diferente da que existe no mundo sublunar.” “A Terra ocupa o centro do Universo e o Sol, que vai de um extremo ao outro do horizonte, serve de lâmpada que ilumina o céu.” “Tudo que é perfeito e escapa ao entendimento humano é obra de Deus.” “O círculo é tido como a figura perfeita, submetendo os planetas a uma órbita circular nas suas trajetórias em volta do Sol.” “Não há qualquer ligação entre a vida do homem e a dos animais, eles fazem parte da criação apenas para povoarem o mundo.” “O Homem conhecido na época era o homem branco, originado de um casal criado no paraíso, de onde foi expulso por ceder à tentação do sexo.” “Condenado a viver na Terra, terá de seguir os mandamentos da Lei de Deus, que só a Igreja é competente para revelar, podendo ser salvo ou condenado a penas eternas conforme sua submissão.”

Como doutrina que esclarece o início e o fim do Homem, a Religião da época era um sistema acabado, pronto, e que não admitiria mudanças desnecessárias. Seu conteúdo era completo e suficiente para consolar e aliviar nossas dores, ensinar a tolerância aos nossos sofrimentos, justificar a incoerência aparente da Justiça divina e garantir a salvação para os fiéis submissos aos seus sacerdotes. As desigualdades também ocorrem por obra e vontade de Deus e não nos compete desafiá-Lo em seus desígnios.

Conseguindo “explicar” os mistérios do mundo e da vida, as concepções religiosas desempenhavam um papel superior ao da ciência iniciante que Galileu inaugurava na época. A religião com esse formato fornece segurança, conforta no sofrimento, alivia nossos medos, faz troca com nossos “pecados” e assegura a esperança numa vida futura, onde conseguiremos obter o que a Terra não nos privilegiou.

A Ciência – o estatuto do conhecimento verdadeiro, racionalidade, indeterminação, pensamento livre para criar a sua verdade

Galileu criou um novo sistema de entendimento do mundo, daí o perigo que ele representava para a Igreja. Usa o raciocínio matemático para comprovar as teses de Copérnico, deslocando o Sol para o centro e colocando a Terra no cortejo dos planetas ao seu redor. Num mundo tido como regular e perfeito ele descobre as irregularidades da superfície lunar onde viu suas crateras. Num sistema tido como imutável ele acrescentou luas acompanhando o planeta Júpiter, que não foram descritas por Aristóteles.

Ao mesmo tempo, o alicerce da Igreja via-se abalado por novas descobertas que se sucederam rápidas. Ticho Brahe testemunhou por dois meses a passagem de uma estrela nova no firmamento, que a Igreja supunha fixo e invariável. Johanes Kepler comprovou matematicamente que as órbitas dos planetas são elípticas e não círculos perfeitos como se supunha. René Descartes construiu um sistema filosófico que permitiria separar o corpo da Alma, e André Vessálius inaugurou o estudo da anatomia humana num corpo que lhe parecia comportar-se como uma máquina, capaz de mover-se com músculos sem a ajuda do Espírito.

Mais tarde, Isaac Newton, identificou a “força atrativa” que mantém os astros em suas órbitas, que movimenta as águas dos oceanos, no sobe e desce das marés, e provoca a queda dos corpos.

Gradativamente as “forças imateriais” que produziriam o movimento e a ordem do Universo foram reconhecidas como “forças da gravidade”. As Leis divinas que mantêm a regularidade dos fenômenos físicos foram substituídas por princípios matemáticos. Os “mistérios” que sustentam a vida foram compreendidos como combustão do oxigênio, fermentação dos alimentos ou metabolismo celular. Os “espíritos animais” que transitam pelo corpo humano produzindo seus reflexos e movimentos foram identificados quimicamente como neurotransmissores. A regularidade dos acontecimentos foi violada pelo princípio da incerteza. O determinismo linear de uma causa para cada efeito foi abalado pela casualidade circular em que o padrão de resposta determina a intensidade da causa.

O paradoxo: “ciência como religião” – dogmas, rituais, hierarquia, o sagrado e o profano

Historicamente a Religião tem base na tradição cultural dos seus seguidores. Seu conteúdo, que orienta o comportamento dos fiéis, está redigido em textos sagrados que persistem inalterados por séculos. A linguagem aí empregada é quase sempre simbólica, permitindo interpretações conflitantes. Daí a importância do sacerdote e do sistema de hierarquia que os classifica. Entre esses sacerdotes são distribuídas as regalias materiais e o poder divino que os pressupõem representantes de Deus na Terra.

Por outro lado, a construção do saber produzido pela ciência é uma conquista do esforço individual ou de um grupo de pesquisadores. Seus textos, embora redigidos em linguagem técnica, procuram ser o mais claro possível para compreensão dos interessados. A verdade é procurada exaustivamente pela observação ou pela experimentação. Textos escritos ou opiniões pronunciadas por personalidades hierarquicamente destacadas têm importância relativa e, para serem aceitas, precisarão submeter-se a comprovações realizadas por experimentadores independentes. O conhecimento científico tem duração relativamente curta, costumam reunir-se em um conjunto de proposições teóricas que constituem um paradigma e, de tempos em tempos, os cientistas envolvem-se na tentativa de proporem novos e mais adequados paradigmas.

A Ciência não deixou de ocupar-se, também, com dilemas que sempre estiveram sob o domínio das religiões. Ela tem, a seu modo, uma proposta para a origem do Universo e da vida na Terra. É apropriado para a Ciência pesquisar o mecanismo que desencadeia os fenômenos, como eles acontecem, mais do que tentar explicar por que eles acontecem. Ela se ocupa minuciosamente com a causa da dor e muito pouco com o porquê do sofrimento humano. A opção da Ciência é esclarecer, mais do que consolar.

Já é aceito por todos que para fazer ciência é preciso adotar o método científico. Classicamente a pesquisa precisa estar enquadrada na liturgia do método. Usa-se a dedução ou a indução; a observação ou a experimentação. Os fenômenos estudados fornecem os elementos que, aplicados a raciocínios matemáticos, fornecem o valor da verdade descoberta.

Algumas proposições científicas já estão de tal forma comprovadas e aceitas que deverão ter a duração eterna das verdades sagradas das religiões - a gravidade existe como força de atração em todo universo - a energia tem valor inviolável, ela se transforma, mas, não se cria nem se perde – o calor tende a se dispersar, assim como toda energia do universo onde a tendência é o caos - a luz é um fenômeno eletromagnético - a matéria visível em todo universo é da mesma natureza da matéria existente na Terra - as moléculas de todas as substâncias estão em constante movimento - a variedade das espécies se deve à evolução pela seleção natural.

A Ciência Espírita - Fundamentos teóricos, controle experimental, filosofia espiritualista e conteúdo moral

O texto da Doutrina Espírita teve início com as revelações transmitidas por Espíritos desencarnados de natureza superior, com o propósito de esclarecerem e orientarem a humanidade.

Os objetos de estudo da Doutrina Espírita incluem o mundo espiritual, os seres que o habitam, suas relações com o mundo material e as consequências dessa relação.

Para o Espiritismo, a grandiosidade do Universo e as leis inteligentes que o governam são provas suficientes para comprovarem a existência de Deus.

Deus é criador de tudo que existe e sua criação é incessante. Na situação evolutiva em que se encontra a humanidade, ainda não temos condições de compreender a origem do Universo e da vida na Terra. O que se tem como certo é que Deus sempre criou e sempre continuará criando.

Existem dois elementos fundamentais no Universo, o espiritual e o material. O elemento espiritual tem início como “princípio inteligente”. Essa “centelha espiritual” transita do mundo espiritual ao mundo material, ocupando corpos que lhe permitem evoluir na escala da vida inteligente na Terra. O Universo é preenchido por um “fluido” de natureza sutil, com propriedades que ainda escapam ao nosso entendimento. É dele que se origina toda a matéria conhecida. As propriedades das substâncias só existem em função desse fluido, e pela sua atuação essas propriedades podem sofrer as mais diversas alterações. A acidez ou a alcalinidade é dada pela presença desse fluido e, por sua atuação, um copo de água pode curar ou produzir malefícios.

Existe um propósito divino na criação. Estamos todos destinados a caminhar pela extensa fieira das existências, na Terra ou em outros mundos, buscando a condição de Espíritos angélicos que um dia atingiremos.

Deus atua por meio de Leis que a inteligência humana irá gradativamente descobrindo. Estamos todos “mergulhados no pensamento de Deus” e nada que ocorre no Universo escapa ao seu consentimento. Somos livres para agir e obrigados a arcar com as consequências dos nossos atos. Cada um é responsável pelo seu próprio destino. As Leis morais são pressentidas pela consciência de todos nós e, à medida que a humanidade avançar na sua evolução, o Homem será cada vez mais consciente da aplicação dessas Leis.

O mundo espiritual está permanentemente em íntimo contato com o mundo material. Um e outro processam trocas fluídicas entre si e exercem influência sobre o outro. Essa interferência recíproca é tão intensa que não há como permanecer sem sua convivência. Uma multidão de Espíritos desencarnados transita com cumplicidade em todos os ambientes da Terra. Eles nos acompanham e nós os atraímos compartilhando com eles nossa intimidade. Os pensamentos, que frequentemente temos como sendo nossos, são, muitas vezes, o pensamento deles. Dentro das Leis divinas está estabelecido que atraímos para nossa companhia aqueles com quem sintonizamos os nossos propósitos. O bem atrai os bons e o mal convive com a ignorância.   

Por envolver o mundo espiritual e os Espíritos que aí habitam, não temos controle da comunicação espiritual, e os métodos da ciência humana, seu sistema de controle e experimentação não se aplicam à ciência do Espírito. Entretanto, alguns homens têm em sua constituição uma disposição especial que lhes permite entrar em contato lúcido com os Espíritos desencarnados. Trata-se do fenômeno da mediunidade, que se registra em todos os povos e em todas as épocas da humanidade. A mediunidade é o grande campo de experimentação em que a doutrina espírita se apoia para revelação e comprovação dos seus postulados. A expectativa futura é de que no decorrer dos séculos todos os homens possam estar conscientes do seu intercâmbio com o mundo espiritual. Os fenômenos mediúnicos explicam uma série de ocorrências frequentemente tidas como sobrenaturais ou produzidas por uma energia desconhecida. A transmissão do pensamento, a visão a distância, as premonições, a xenoglossia, a psicometria, a psicografia e a psicofonia são exemplos já bem estudados e esclarecidos pelo Espiritismo.     

OCONSOLADOR.COM.BR                                                        NUBOR ORLANDO FACURE
lfacure@uol.com.br

27/07/2011

QUANDO A CIÊNCIA ADENTRA O TERRITÓRIO DA ESPIRITUALIDADE

Enquanto nos Estados Unidos o tema "Medicina e Espiritualidade" é pesquisado há décadas nas universidades, tendo como a disciplina, Saúde e Espiritualidade em mais de 50 escolas médicas, no Brasil os estudos a esse respeito ainda são bem recentes. O médico Sérgio Felipe de Oliveira, formado em Medicina pela USP (Universidade de São Paulo) e mestre em Ciências com a tese sobre "Estrutura da Glândula Pineal Humana", pela mesma universidade, abordou o tema "Saúde e Espiritualidade" no 6º Congresso Regional de Medicina, promovido pela APM (Associação Paulista de Medicina — Regional de Araçatuba), que ocorreu no último final de semana. 
Apesar do médico ressaltar a importância das pesquisas espirituais (não envolvendo fatores religiosos ou crenças), ele acredita que o tema espiritualidade deve estar em congruência com a ortodoxia do tratamento clínico. Nesta entrevista, concedida na sede da APM, ele aborda as questões relacionadas à alma, à vida e aos seres. 
Folha da Região — Sua formação espírita influenciou na busca pela espiritualidade relacionada à área médica? Por quê?
Sérgio Felipe de Oliveira — Sem dúvida, porque o Espiritismo prega que a religião deve estar ligada à Ciência como princípio fundamental, por isso e ao mesmo tempo, eu tenho uma ligação muito sólida com o pensamento científico. 
FR — Como é visto o tema "Saúde e Espiritualidade" nas universidades norte-americanas?
Sérgio Felipe — Nos Estados Unidos o tema surgiu como uma reivindicação da população, que desfruta de um sistema democrático de muito acesso nas políticas de governo. O "National Institute of Health" (que é o Ministério da Saúde dos Estados Unidos) proibiu as práticas espirituais em saúde. A população contestou por considerar que a proibição da prática, sem provas de que não funcionaria, além de não ter dado nenhuma alternativa, uma vez que a medicina formal não cura todas as doenças. Então eles foram obrigados, sob o ponto de vista jurídico, a atender a população, e começaram a desenvolver modelos de pesquisas possibilitando o envolvimento da espiritualidade na prática médica, com os critérios da ética médica e com o rigor da ciência. Atualmente, mais de cinqüenta universidades nos Estados Unidos têm Saúde e Espiritualidade em sua grade disciplinar. 
FR — E no Brasil, o tema Saúde e Espiritualidade ainda é muito recente?
Sérgio Felipe — Por enquanto existem núcleos isolados, estamos apenas no início. Entretanto, se as escolas médicas não enxergarem a importância de desenvolver esse tipo de pesquisa, continuaremos fadados a ficar nas mãos de esotéricos. A doença deve ser interpretada sob os aspectos patológicos, psicológicos e espiritual, levando em consideração o meio-ambiente. 
FR — Sua tese de mestrado na USP foi sobre "Estrutura da Glândula Pineal Humana". Esta é a glândula mais misteriosa do corpo humano e fica localizada exatamente no centro do cérebro. Ela era chamada pelos antigos filósofos de "sede da alma" e "controlador do pensamento". Fale sobre a glândula pineal.
Sérgio Felipe — A glândula pineal é um órgão sensorial da telepatia, inclusive da mediunidade que seria uma telepatia transdimensional que os indivíduos têm com a dimensão espiritual. A glândula pineal é o órgão sensorial da capacidade de captar o que o outro sente, seja esse outro uma pessoa encarnada ou um espírito desencarnado. A glândula pineal gerencia todos os ritmos do organismo, como a que horas cada indivíduo vai produzir cada hormônio, as batidas do coração, os ciclos do humor, os hormônios sexuais, o ciclo da fome. Enfim, todos os ciclos, sempre ligados ao meio ambiente. Um desequilíbrio da pessoa leva à desarmonia desses ciclos. A pessoa em equilíbrio reflete isto para o corpo. E para onde ela reflete? Reflete para a glândula pineal que, captando essa energia equilibrada, transfere o equilíbrio para o organismo. 
FR — Por que o senhor afirmou que existe uma sincronicidade entre algumas pessoas no nível da captação, da telepatia, ou seja, um pensa o que outro está pensando. Seria afinidade de almas?
Sérgio Felipe — Sim. A sintonia pode ser positiva ou negativa. A sintonia por afinidade positiva leva a uma integração e são afinidades de alma. Já a sintonia negativa é quando alguém está sempre com uma pessoa na cabeça, mas gerando o efeito contrário, leva para a ódio. 
FR — Essas afinidades de alma podem ter vindo de vidas passadas, ao ponto de uma pessoa acabar de conhecer a outra e sentir uma sensação de familiaridade, proteção e até saudades?
Sérgio Felipe — Sim, há pessoas que se unem pela paixão e depois começam vir à tona as diferenças de vidas passadas. Começam surgir reações negativas na relação daqueles que se uniram pela paixão e não sabem de onde vem o sentimento ruim, uma mistura de amor e ódio. Isto acontece também nas relações de família. Entretanto, existem dois tipos de situação. Uma, que a pessoa projeta um mito ou uma imagem que ela criou de determinada pessoa pela qual ela se apaixonou. Conforme a pessoa vai convivendo com o "mito" criado, ela constata que foi uma projeção psíquica. A outra situação é que, factualmente, foi em reencontro de outras vidas em que se criam afinidades de trabalho, amorosas, fraternas, conforme o que representou aquela pessoa no passado. Esses reencontros são muito freqüentes em todas as situações de nossas vidas. 
FR- As vidas passadas trazem os chamados "anjos da guarda", encarnado em outra pessoa, e nem sempre por não o enxergarmos acabamos não seguindo o caminho daquela luz?
Sérgio Felipe — As nossas relações na Terra são regidas por afinidades do passado. Existem pessoas com as quais temos que reaver a forma de lidar, de transformar o ódio em amor, o rancor em perdão. Há aquelas pessoas que têm sintonia com outro, numa missão de unir esforços para darem conta de uma determinada tarefa, têm as pessoas que vieram para ser cuidadas por alguém e tem aquelas pessoas que vieram para prover alguém. Eu acredito que cada pessoa tenha o seu mentor, o anjo da guarda, que é o responsável pelo seu projeto encarnatório aqui na terra. Os papéis mudam como numa peça de teatro, na dramaturgia da vida. 
FR — A glândula pineal tem a ver com a sintonia de almas?
Sérgio Felipe — Não, o que acontece é que o corpo capta os reflexos dessa sintonia de almas, que pode se transformada em desejo sexual porque reagiu junto aos hormônios. Se essas pessoas viveram uma paixão em outra existência, pode ficar na memória. Quando elas voltam para a existência e ao reencontro, a paixão pode somatizar como produção hormonal e intensificar o desejo sexual. O envolvimento sexual é um catalizador de reações psíquicas e traz tudo o que a pessoa tem de bom e ruim.
FR — O senhor diz que "A ciência se cala quando a fé se inicia". Qual é a explicação pzara esta frase?
Sérgio Felipe — O conceito de fé é interpretado de várias formas. Há um tipo de fé que é sinônimo de conhecimento, o indivíduo acredita naquilo que ele conhece. Esse conhecimento pode ser o caminho de sua predestinação, a pessoa sabe que ela tem que seguir aquele caminho. Neste caso, é a fé raciocinada, é a fé da ciência. Entretanto, nem tudo nós conseguimos conceber pela razão porque o universo possui um território de nossa convivência que a razão não consegue alcançar. Por isso, às vezes, por mais que alguém queira se entender com determinada pessoa, ela nunca conseguirá se explicar. Por outro lado, com um sorriso, um abraço, tudo se resolve. Este comportamento é a fé que tem um sentimento de religiosidade, que lida com aquilo que a razão não consegue explicar. O território onde a razão e ciência não alcançam é do sentimento e da espiritualidade. 
FR — Emoções negativas enfraquecem o sistema imunológico. Elas geram as doenças psicossomáticas?
Sérgio Felipe — O senso comum da pessoa percebe uma relação entre a emoção e as alterações do organismo, positivas ou negativas. Os poetas do século 19, por exemplo, quando entravam em tristeza profunda, acabavam morrendo. As emoções são uma produção das pessoas que projetam para o corpo, provocando alterações saudáveis ou doenças, conforme a tonalidade de suas impressões emocionais. Quando a tristeza da alma é profunda, as doenças podem surgir no organismo. 
FR — Estudos da Johns Hopkins University demonstram que pessoas com problemas emocionais ou mal-humoradas estão mais propensas a adquirir doenças graves como o câncer, entre outras enfermidades. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — As pessoas mal-humoradas são deprimidas, auto-referentes, são negativas consigo mesma e transportam esse negativismo em tudo que as cercam. Sob o ponto de vista endócrino, essas pessoas provocam o aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que atua sobre as suprarenais, que aumentam a produção do cortizol, inibindo a defesa imunológica. É por isso que a tristeza que está na alma se transporta para o corpo. São as doenças psicossomáticas. 
FR — Há como evitar captar energias negativas de outras pessoas?
Sérgio Felipe — Se uma pessoa entrar em sintonia com a outra que tem energia negativa, ela reforça e acaba fazendo parte dessa psicoesfera. Ma, se ela não entrar na onda da outra, ela consegue manter uma defesa. Entretanto, se a pessoa se ligar a uma mente perturbada e se deixar penetrar, a mente perturbada passa a interferir. 
FR — Por que a Organização Mundial de Saúde colocou a espiritualidade na área da saúde?
Sérgio Felipe — Embora a doutrina médica pregue que a medicina tradicional deva ter um envolvimento da questão humanística e espiritual, a espiritualidade é recente na área. Entretanto, a OMS é bem assintótica no sentido de que a medicina deve ser bio-psico-socio-espiritual. Como a OMS se propõe a coordenar programas de Saúde para as comunidades e todas as populações têm problemas orgânicos, mentais, sociais que envolvem crenças, hábitos e visões de vida num contexto espiritualista, ela entendeu que as experiências científicas sobre a espiritualidade envolvendo saúde, são uma conseqüência da própria postura do órgão. 
FR — O senhor é diretor do Projeto UniEspírito e disponibiliza dois cursos na Internet. Fale sobre isto.
Sérgio Felipe — O UniEspírito (Universidade Internacional de Ciências do Espírito) é um projeto da Fundação Espírita André Luiz que já tem dez anos de trabalho. Ele busca os pontos de encontro entre a filosofia, a ciência e a religião, visando a integração do homem numa abordagem bio-psico-sócio-espiritual. Construiremos uma universidade livre, aberta, democrática, popular e comprometida com a ciência e a cultura de alto nível. A Universidade envolve vários países com grupos que trabalham de forma coordenada. Estamos investindo em um ensino "on line", que são cursos multimídia, denominado de "e-learning", no qual a pessoa faz o curso por meio de várias mídias e também com aulas presenciais, marcadas no local com calendário específico. O governo estabelece regras para os cursos "e-learning". Estamos fazendo uma experiência pedagógica, na qual disponibilizamos dois cursos no site
www.uniespirito.com.br. "Fenomenologia Orgânica e Psíquica da Mediunidade" (que eu ministrei em vários países da Europa e estou agendado para falar sobre o assunto na Johns Hopkins Universisty, que faz parte das 50 melhores universidades dos Estados Unidos sobre o tema) e "Viajando pelo Cérebro e a Mente". 
FR — O cérebro é um órgão do corpo humano, mas não é raro confundir o cérebro com a mente. Qual é a diferença?
Sérgio Felipe — O cérebro nós pegamos com mão, e a mente é uma expressão do espírito, é o intelecto. Há pessoas com uma mente mais esperta, inteligente e ágil, e outras mais demensiadas. 
FR — Estudos publicados em revistas científicas comprovam que as pessoas que têm fé vivem mais e se curam com mais facilidade. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — Depende. Se a pessoa tem uma "fé de barganha", ou seja, ela dá uma coisa para Deus para receber algo em troca, ela nunca conseguirá nada. Mas se a pessoa se utilizar da fé como força de vida, de coragem, como uma visão existencial, contextualizando sua vida na busca de destinos superiores, do auto-conhecimento, sabendo aliar a transcendência à nossa realidade prática aqui, sabendo mobilizar suas forças positivas, praticando o bem, lhe fará bem para a saúde. A pessoa quando está acometida de um câncer, e não tem uma esperança conduzida pela sua fé, ela se entrega. 
FR — De que forma se produz energia positiva?
Sérgio Felipe — A física entende que quando se imprime uma força que desloca a matéria se produz energia, realizando o trabalho. Quando a pessoa utiliza as forças dela para a realização transformadora da vida, como profissional, cidadão, como pais, filhos, enfim quando ela produz positivamente ela utiliza a sua energia positiva, transformando o meio que rodeia. O estado de euforia saudável da pessoa depende daquilo que ela realiza no mundo de acordo com a sua vocação aptidão. 
FR — Distúrbios psicóticos podem estar envolvidos com casos de possessão e transe?
Sérgio Felipe — Sim, no contexto patológico de certos distúrbios psicóticos pode haver um envolvimento da questãitual como os estados de transe e possessão, inseridos no CID 10, item 44.3 (Código Internacional de Doenças). A possibilidade de interferência de um mundo espiritual nos processos de cura ou doença são fenômenos cuja visualização científica permeia a raridade. Tanto a doença como a cura são processos de conquista diária, e no caso de cura árdua luta que leva tempo. Neste caso somente no momento em que a pessoa se faz merecedora é que advém a cura (lei de ação e reação espiritista). Esta cura está centrada na transformação do espírito em direção de determinados valores como a fraternidade, a humildade, o perdão, o trabalho e o amor.
FR — Afinal, o que faz bem para o espírito?
Sérgio Felipe — O que faz bem para o espírito é a capacidade de amar porque tudo que existe no universo é amor. Biblicamente Deus é amor, tudo que Ele construiu é amor. Mas existem os objetos da criação divina que apesar de serem amor não são capazes de amar porque são seres inanimados. Os seres vivos de diferenciam dos seres inanimados porque eles são capazes de amar. O importante para o esporte é sustentar a capacidade de amar.

http://amigoespirita.ning.com/group/entrevistas/forum/topics/entrevista-do-dr-sergio-felipe?xg_source=shorten_twitter

22/07/2011

AS MULHERES DA VIDA DE JESUS

 

Cristo na Casa de Marta e Maria

As mulheres da vida de Jesus

Elas protagonizaram passagens que definiram o cristianismo, estiveram com ele nas pregações e não o abandonaram no calvário. Saiba quem foram as representantes do sexo feminino que acompanharam Cristo em toda sua trajetória.

Os homens dominam a história do cristianismo. A começar por Deus, o Pai, onipresente e onipotente, criador e não criadora, passando pelos 12 apóstolos, que não incluíam uma mulher sequer, e culminando com Jesus, Filho e não filha. Curiosamente, porém, são as mulheres que não só participaram, como protagonizaram boa parte dos momentos cruciais da vida de Cristo. Da concepção à crucificação, enquanto homens traíam ou fingiam não conhecer o Messias, elas não se acovardaram diante das dificuldades. Mas quem são essas mulheres e por que elas são importantes? E como, hoje, as cristãs batalham para encontrar mais espaço dentro da Igreja?
Com a leitura dos Evangelhos como relatos simbólicos aliada ao estudo histórico do tempo de Cristo, é possível resgatar o protagonismo de algumas mulheres na vida de Jesus. “Cada época lê os Evangelhos de uma maneira”, resume Stephen Binz, biblista formado pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, e autor do livro “Mulheres nos Evangelhos: Amigas e Discípulas de Jesus”, a ser publicado nos Estados Unidos em janeiro de 2011. “E as verdades e conclusões tiradas do texto derivam da vida e das prioridades de quem o lê.”João Loes  

Parte do artigo da Revista  ISTO É |   Edição:  2146  Atualizado em 22.Jul.11 - 12:54

                              -   X   -   X   -  X   -

AS MULHERES SEMPRE FORAM OS PILARES DO EDIFÍCIO CRISTÃO

A revista IstoÉ(1) divulgou interessante matéria sobre “As mulheres da vida de Jesus”, demonstrando que elas não foram simples coadjuvantes das passagens que marcaram o cristianismo. Os evangelistas são explícitos quanto à numerosa presença feminina na paixão e ao pé da cruz. Foram elas as testemunhas de momentos-chave dos tempos apostólicos.
Historicamente, o patriarcado ancestral tem dominado a trajetória do cristianismo. A exemplo de Deus, o “Pai” e não Mãe, Criador e não Criadora, passando pelos 12 apóstolos e não apóstolas, e culminando com Jesus, Filho e não filha. Curiosamente, contudo, são as mulheres que não só participaram, como protagonizaram boa parte dos momentos cruciais da vida de Cristo.
Foi no encontro com Maria que Isabel confirmou o projeto divino à prima, ao anunciá-la como bendita entre as mulheres, além de bendizer o fruto de seu ventre. “Isabel, idosa e estéril, mas grávida de João Batista, representaria o passado que abre caminho e dá as boas vindas ao novo, que é Maria, jovem e grávida de Jesus.” (2)
Maria de Magdala (Madalena), que foi libertada de sete algozes espirituais (desobsidiada) por Jesus passou a segui-Lo e se tornou importante no ministério cristão. A mais poderosa das demonstrações de confiança do Mestre Jesus em Madalena, e, por extensão, nas mulheres, foi o fato de tê-la escolhido para ser a primeira testemunha de seu ressurgimento após a crucificação. A história de outras duas mulheres próximas de Jesus no Evangelho é exemplo disso. Marta e Maria, irmãs de Lázaro, têm dois episódios marcantes junto ao Messias.
A importância das mulheres, aliada ao fato de que muitas não foram identificadas, alimentou um verdadeiro aluvião de lendas sobre o papel que elas tiveram nos momentos apoteóticos do Evangelho. O certo é que o legado feminino deixado pelas mulheres contemporâneas de Jesus tem valor inestimável. Os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João, compilados entre os anos 30 d.C. e 80 d.C., dão enorme importância à presença feminina na Boa Nova.
É fato! O Cristianismo primitivo foi o primeiro movimento histórico que tentou dar à mulher uma condição de "status" social igual à do homem. Mas com o passar dos anos, o movimento cristão fragmentou-se, e a única vertente que sobreviveu e cresceu sobre a função social da mulher foi a interpretação de Paulo de Tarso, o “Convertido de Damasco”.
O “Apóstolo dos Gentios” era formado no rígido patriarcalismo da lei judaica, mesmo tendo realizado profundas transformações morais com relação aos costumes e tradições legados de sua estirpe racial. Ainda assim, após sua conversão, não superou alguns de seus costumes cristalizados, sobretudo em referência às mulheres.
Comprovam sua rigidez em relação a elas as suas missivas a Timóteo: "Não permito à mulher que ensine, nem se arrogue autoridade sobre o homem, mas permaneça em silêncio, com espírito de submissão."(3) Ou ainda aos cristãos de Corinto, quando prescreve "Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa; não é conveniente que a mulher fale nas assembléias."(4) E aos Colossenses, admoesta: "mulheres, sejam submissas a seus maridos, pois assim convém a mulheres cristãs."(5)
Percebe-se, sem muito esforço de interpretação, que o apóstolo de Tarso não assimilou, na prática, que a liberdade de consciência que ele apregoava envolvia também os anseios femininos – distorção que o Espiritismo corrigiu , desautorizando qualquer ideia de rebaixamento da mulher em relação ao homem e vice-versa.
Em verdade, a mulher é exponencial referência do equilíbrio definitivo do Planeta. Cabe a ela influir decisivamente sobre os seres que reencarnam, transmitindo-lhes a primeira noção da vida. Sabemos que "homem e mulher são iguais perante Deus e têm os mesmos direitos porque a ambos foi outorgada a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir."(6) Não existem sexos opostos, mas complementares.
“Em pleno século XXI, temos um cristianismo que, no que diz respeito às mulheres, ainda está na Idade Média.” (7) Portanto, nada mais justo que a luta pela causa de maior liberdade e direito para a mulher. Afinal, na Ordem Divina não há distinção entre os dois seres. Mas, obviamente, urge muita cautela. Os movimentos feministas, não obstante tenham seu valor, costumam cair no radicalismo, querendo fazer da participação natural uma imposição. Muitas vezes, em seus intuitos, ao lado de compreensíveis pleitos, enunciam propósitos que fariam da mulher não mais mulher, mas imitação ridícula e imperfeita do homem.
Jamais podemos deixar de lembrar das irmãs Fox,  Florence Cook, e das jovens senhoritas que colaboraram intensamente com Kardec na qualidade de médiuns. Segundo informações históricas, as corajosas vanguardeiras da mediunidade chamavam-se Julie Baudin, Caroline Baudin, Ruth Japhet e Aline Carlotti. As duas primeiras psicografaram a quase totalidade das questões de O Livro dos Espíritos nas reuniões familiares dirigidas por seus pais e assistidas pelo Codificador.(8)  Ruth foi a medianeira responsável pela revisão completa do texto, incluindo adições.(9) Aline fez parte do grupo de médiuns através do qual Kardec referendou as questões mais espinhosas do livro, fazendo uso da concordância dos ensinos (CUEE – Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos).(10)
Atualmente, embora as mulheres ainda não usufruam do prestígio e reconhecimento que tinham nos tempos de Cristo, a força das histórias daquelas que viveram a fé de forma plena, por meio de atos e palavras, deixou sua marca e continua estimulando mudanças estruturais. No século XIX, se o Consolador Prometido não contasse com a mão-de-obra, com a grandeza, com a persistência e com a moralidade feminina, certamente a Doutrina Espírita inexistiria.

Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
(1)    Revista IstoÉ, edição nº 2146   de 22.dez.2010
(2)    idem
(3)    I Tim. 2, 9-13.
(4)    Coríntios 14, 34-35
(5)    Colossenses 3: 18
(6)    Kardec, Allan. Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2001 pergs. 817 a 822
(7)    Revista IstoÉ, edição nº 2146   de 22.dez.2010
(8)    Revista Espírita, 1858, jan. p.35, Edicel
(9)    idem
(10)    Kardec cita essa última checagem em Obras Póstumas, p.270 (26ªedição da feb).Aline era filha de sr. Carlotti, um dos iniciadores de Rivail nas coisas do invisível.em Obras Póstumas há uma mensagem do Espírito de Verdade, recebida pela srta.Carlotti( pag.281, da edição citada).mais detalhes sobre o principio da verificação universal podem ser encontrados na introdução(II) do Evagelho.Segundo o Espiritismo.

20/07/2011

OS GÊNIOS MIRINS

Kouichi

NAS PRÉ-EXISTÊNCIAS FORJAM-SE OS GÊNIOS-MIRINS.

Temos visto crianças e jovens portando patrimônio moral e intelectivo que seria impossível terem sido adquiridos em um período de tempo de apenas uma existência física. É o caso do argentino Kouichi Cruz, nascido em Bahia Blanca, na província de Buenos Aires. Com apenas 13 anos de idade, é o aluno mais jovem da Faculdade de Matemática, Astronomia e Física (FAMAF) da Universidade de Córdoba. Ele estudará, simultaneamente, engenharia informática e ciências econômicas na mesma universidade. O reitor, Daniel Barraco, afirmou que é a primeira vez que um menino de 13 anos está entre os universitários dessa carreira. Como temos observado, a imprensa tem noticiado fatos dessa natureza com uma freqüência impressionante.

Eventos de crianças precoces sempre despertaram a atenção dos estudiosos. Muitos cientistas atribuem esse fenômeno natural a “milagres biogenéticos”. Será que pela genética conseguimos explicar os admiráveis fatos de crianças precoces, "superdotadas", verdadeiros virtuoses da música, da pintura artística, das ciências etc. Diríamos que isso depende do organismo? Essa seria uma doutrina monstruosa e torpe. O homem não seria mais que uma máquina, joguete da matéria.

Atribuir tais fenômenos a uma ocasional regalia genética é, no mínimo, extravagante. Admitamos ao contrário a reencarnação, ou seja, uma sucessão de existências anteriores progressivas e tudo estará aclarado, conforme a Justiça Divina. Deste modo, deduzimos que nas pré-existências (reencarnações) forjam-se os gênios-mirins.

Sem a pluralidade existências não há como se conceber o progresso humano. Há o caso do “jovem Maiko Silva Pinheiro que lia qualquer livro, sem dificuldade alguma, aos 4 anos; que aprendeu a fazer contas aos 5 e, aos 9 era repreendido pela professora porque fazia as divisões usando uma lógica própria, diferente do método ensinado na escola. Estudou economia no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, sendo bolsista integral. Quando tinha 17 anos, os diretores do Banco Brascan disseram ter se surpreendido com sua capacidade lógico-matemática."(1)

O jovem sergipano, Carlos Mattheus, pobre estudante que estudou em escola pública, conseguiu um fato inédito em um dos melhores centros de formação da América Latina, o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, onde obteve os títulos de mestre e doutor em matemática com 19 anos de idade.

Wolfgang Amadeus Mozart, aos 2 anos de idade, já executava, com facilidade, diversas peças para piano; dominava três idiomas (alemão, francês e latim) aos 3 anos; tirava sons maviosos do violino, aos 4 anos; apresentou-se ao público, pela primeira vez e já compunha minuetos aos 5 anos; escreveu sua primeira ópera, La finta semplice, com apenas 12 anos de idade. Paganini dava concertos, aos 9 anos, em Gênova, Itália. Pascal, aos 12 anos, sem livros e sem mestres, demonstrou trinta e duas proposições de geometria, do I Livro de Euclides; aos 16 anos, escreveu "Tratado sobre as cônicas" e, logo adiante, escreveu obras de Física e de Matemática. Allan Kardec, examinando a questão da genialidade, perguntou aos Benfeitores: - Como entender esse fenômeno? Eles então responderam que eram "lembranças do passado; progresso anterior da alma (...).”(2)

Conhecendo e entendendo os mecanismos da reencarnação, tornam-se claras e explicáveis as emaranhadas investigações, que teimam em permanecer obscuras ante os apressados argumentos daqueles que não se dão ao trabalho de observar os fatos que a comprovam, mesmo porque, contra as evidências não há o que contra-argumentar.

A Física, a Genética, a Medicina e vários paradigmas da Psicologia vêm sendo convocadas para oferecer o contributo das suas análises. Os pesquisadoras Ian stevenson, Hemendra Nath Banerjee, Edite Fiore e outros, trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista. Estamos convictos de que, nos próximos vinte ou trinta anos, assistiremos a Academia de Ciência declarando esta importante constatação como, há dois mil anos, Jesus ensinou a Nicodemos: “É necessário nascer de novo”.

O físico francês Patrick Drouot pesquisa a reencarnação com a autoridade de quem se formou na Universidade de Nancy e fez doutorado em física teórica pela conceituada Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, e, ao presidir o Instituto de Pesquisas Físicas e da Consciência, em Paris, já tem catalogados mais de sete mil casos de regressão.

O professor de psicologia Erlandur Haraldsson, da Universidade de Iceland, e vários pesquisadores psiquiatras americanos revelaram, cientificamente, que a reencarnação é um fato consumado, graças aos processos de submersão no armazenamento psíquico das vidas anteriores, onde tudo está registrado. A cientista Hellen Wambach, que já fez 4500 pessoas regredirem na memória, fez pesquisa com uma senhora de 43 anos, cega de nascença, que descreveu ambientes da antiga Roma na época em que era esposa de um soldado. Ela foi capaz de falar, com toda precisão, das cadeiras, mesa, cama, das expressões faciais dos que a rodeavam, das luzes e das cores. Aliás, todos esses detalhes foram, historicamente, devidamente comprovados, segundo afirmou o Dr. James Pareyko, professor de Filosofia da Universidade Estadual de Chicago. Pareyko atesta que tal tipo de percepção numa pessoa que já nasceu sem enxergar é inexplicável sob o ponto de vista médico.

Na máxima "nascer, morrer, renascer e progredir, incessantemente, tal é a lei", encontramos o mais arrazoado pensamento universal sobre o processo da evolução humana. É verdade!  Allan Kardec confirmou essa tese em “O Livro dos Espíritos”, declarando que somente com a Reencarnação entendemos melhor a Justiça de Deus e a Evolução da humanidade.

Jorge Hessen - http://jorgehessen.net - Referências:

 (1)       Publicada na Revista Época, edição de 15 de maio, 2006

(2)       Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, perg. 219

18/07/2011

A AÇÃO DOS MÉDIUNS

mediunica

"Ajuda, pois, aqueles que no Além-Túmulo sofrem e te advertem com a aflição deles.
Talvez não sejas um grande médium, conhecido e disputado pela louvação dos homens no entanto, procura constituir-te obreiro do amor, que não é ignorado pelos infelizes, podendo ser identificado pelos sofredores da Erraticidade." (Dimensões da Verdade)

O médium, desde os instantes iniciais de sua trajetória na seara mediúnica espírita, aprende que a prática dessa faculdade exigirá dele – se quiser produzir algo proveitoso em benefício dos que sofrem e, concomitantemente, conseguir o desenvolvimento de sua aptidão – esforço e dedicação, estudo metódico e constante no Espiritismo, perseverança e disciplina e muita vontade de se renovar, de se transformar, para o que deverá também aliar o trabalho da caridade aos requisitos mencionados.

Somando esforços e experiências, empenhando-se profunda e sinceramente neste mister, cônscio de sua responsabilidade, irá aos poucos conseguindo educar e desenvolver a sua faculdade. No trabalho incessante, adquirirá a imprescindível prática, que muito o ajudará no bom desempenho das tarefas a que for chamado a desincumbir.

Não se descurando do estudo, cuidando por melhorar o seu íntimo – auto-evangelizando-se -, adquirirá a confiança dos Instrutores Espirituais, que o requisitarão, cada vez mais, para trabalhos na seara do Mestre.

E, como os médiuns devotados ao labor da caridade, e que operam em nome de Jesus, são por ora em pequeno número, é natural que aqueles que se sobressaiam na dedicação e no amor fraternal, a serviço dos semelhantes, sejam convocados ao sublime dever de secundar os esforços dos Benfeitores do Mundo Maior.

Dentre todos os trabalhos que o campo bendito da mediunidade oferece, um dos mais importantes é o ministério da desobsessão. Isto porque ele engloba, praticamente, todas as atividades da caridade e do amor ao próximo que podemos auferir das faculdades medianímicas, pois os médiuns que integram uma equipe de desobsessão terão oportunidade de exercer vários tipos de atendimento, nos quais servirão como instrumentos do Alto.

Quando uma equipe se apresta a atender um caso de obsessão, numerosas providências serão tomadas e os medianeiros atuarão em vários campos: no trabalho de passes no obsidiado; na tarefa de esclarecimento a este; no exercício da psicofonia (ou em outros tipos de mediunidade) durante as reuniões; nos instantes dos trabalhos mediúnicos, fornecendo fluidos, utilizados pelos trabalhadores espirituais na sustentação do ambiente da reunião, permitirão a criação de painéis fluídicos necessários ao esclarecimento dos comunicantes e, ainda, transfusão de energias vitais, ao contacto das quais o desencarnado venha a se fortalecer e aliviar as suas dores e aflições. E mais: serão testados na boa vontade, paciência e perseverança no trato tanto do obsidiado como dos obsessores; serão mesmo vigiados por estes últimos que lhes espreitam os passos, pondo-lhes à prova a resistência e a fé. Estarão, enfim, cooperando para o labor sagrado da cura das almas – finalidade maior da Doutrina Espírita.

Todas essas atividades são expressões do mais acendrado amor ao semelhante, pois, se não estiverem elas permeadas desse sentimento, a produtividade e o êxito serão nulos, no que se refere aos encarnados.

A equipe deve formar um todo harmônico, visto que a mesma quota de doação será requisitada pelos Mentores aos doutrinadores, ao dirigente, a todos os integrantes.

A atuação propriamente dita dos médiuns, durante uma sessão mediúnica de desobsessão, é de vital importância para o bom andamento dos trabalhos. Eles são os instrumentos de que o Mundo Maior se utilizará para o pronto atendimento aos Espíritos sofredores e obsessores.

Emmanuel afirma: "Ser médium é ser ajudante do Mundo Espiritual. (Seara dos Médiuns, Emmanuel). E para que essa ajuda seja efetiva, é fundamental que o médium esteja preparado, como já vimos, através de um adestramento feito com fé, disciplina, estudo e amor. Para integrar um grupo de desobsessão, é preciso que o médium já se encontre equilibrado e afeito aos trabalhos mediúnicos.

A incorporação de um obsessor ou de um suicida, por exemplo, é bastante penosa para o medianeiro. As vibrações desses Espíritos, a atmosfera psíquica em que vivem repercutem profundamente no médium. Este passa a se identificar com os sofrimentos ou perturbações que apresentem, como também sentirá os reflexos das angústias e dos sentimentos de que são portadores.

O ambiente psíquico de tais entidades causa grave mal-estar, e muitos médiuns conseguem captar o panorama mental que estejam emitindo. E estes quadros mentais são tão deploráveis e deprimentes, que o medianeiro deve estar bem equilibrado para não se deter ou se impressionar com as tristes cenas que lhe são projetadas e nas quais o desencarnado se fixa por serem aquelas que o levaram à queda ou à desencarnação.

Em nossas modestas tarefas como médium, nas reuniões de desobsessão do Centro Espírita Ivon Costa, nas comunicações de entidades sofredoras ou obsessoras por nós recebidas, ao nos ligarmos ao comunicante, ficamos cientes dos seus dramas, dos seus pensamentos emitidos naquele instante do intercâmbio, assim como do modo como desencarnou e de todo o ambiente psíquico que o envolve. Vemos cenas inteiras a se desenrolarem. Muitas dessas cenas apagaram-se, com o tempo, da nossa memória, enquanto que outras parecem ficar gravadas, talvez como lições que precisamos trazer bem vivas dentro de nós.

Dentre as comunicações em que vimos clichês mentais exteriorizados pelo comunicante, citaremos três, as quais estão bem vivas em nossa lembrança.

1°) CASO

Uma das características das reuniões de desobsessão que freqüentamos é que em determinadas noites, sem aviso prévio aos encarnados, e dando como que uma pausa às comunicações dos obsessores, os Mentores Espirituais trazem um grupo de Espíritos que desencarnaram de maneira semelhante ou que tiveram um padrão de vida mais ou menos análogo. Assim, às vezes, vêm aqueles que desencarnaram assassinados, ou os que se desprenderam pelo suicídio, ou os que foram alcoólatras, toxicômanos, etc. Ou ainda os que partiram em acidentes violentos. Nessas noites, em que as aflições dos Espíritos se mostram de forma inenarrável, a reunião assemelha-se a um pronto-socorro espiritual, com toda a equipe – tanto do plano físico quanto do espiritual- amparando, medicando e aliviando os que estão passando por grandes sofrimentos. Os médiuns recebem esses irmãos com todo-amor, exprimindo para o grupo as dores sem conta que padecem. Muitos deles passam gradativamente do estado aflitivo ao da prostração e do sono benfazejo, sendo levados para locais de tratamento na Espiritualidade, onde despertarão em melhores condições.

Foi, pois, numa dessas noites, em que as manifestações eram todas de entidades vítimas de assaltos, que recebemos, psicofonicamente, uma senhora que residira num subúrbio do Rio de Janeiro. Através das cenas mentalizadas por ela, ficamos cientes da sua desencarnação, quando visualizamos todas as ocorrências. Estando sozinha em casa – já que o esposo não estava -, pressentiu que em seu quarto havia entrado um homem com intuito de assaltá-la. Era tarde da noite, e ela, deitada na cama, despertara, surpreendendo o ladrão. Tomada de pavor quis gritar, reagir e mesmo fugir, mas foi por ele apunhalada. O horror experimentado pela comunicante nos invadiu também e vimos toda a cena do brutal assassínio, bem como os detalhes do quarto envolto em penumbra.

Essa senhora foi acalmada pelo doutrinador, através do passe e de palavras reconfortantes, que a levaram a um estado de sonolência, com a finalidade de desligá-la do clichê mental que revivia continuamente e do estado de pavor e revolta em que se debatia.

2º CASO

Comunicou-se uma entidade desencarnada por afogamento, num desastre com uma kombi. Esta caiu no rio, repleta de passageiros, inclusive crianças. Ninguém se salvou. Esse desastre ocorreu há alguns anos. A comunicação deu-se um mês e pouco depois do fato.

O Espírito revivia mentalmente a cena, debatendo-se em incalculável aflição, e esta foi também vislumbrada por nós, emocionando-nos a impressionante visão dos passageiros em luta com a morte. Foi um quadro muito triste e que até hoje não se apagou da nossa mente – lembramo-nos com nitidez da ocorrência tão lamentável. Foi socorrido e aliviado, sendo amparado pelos Mentores.

3º CASO

Ligou-se a nós um Espírito que desencarnou pelo suicídio. Apresentava-se como uma moça bastante nova, e o quadro da sua desencarnação era repetido continuadamente.

Foi num quartinho pobre que se enforcara, num ato de supremo desespero. A cena desenrolava-se desde o momento em que ela subia a escada do prédio velho e sujo, até quando entrava no quarto e consumava o gesto extremo.

Estava no auge de suas agonias e do cansaço. Medicada, aliviada, passou ao estado do sono anestesiante, quando foi levada pelos Amigos da Espiritualidade.

Sopesando as razões aqui expostas, não é difícil entender-se o quanto é indispensável que a atuação dos médiuns seja a mais segura e equilibrada possível. De tal modo que, ao término dos trabalhos, já estejam refeitos, plenamente desvinculados dos clichês mentais exteriorizados pelos comunicantes, bem como dos fluidos negativos. O normal é que estejam revigorados pela assistência dos Benfeitores Espirituais, deixando o recinto da reunião com o coração leve e feliz pelo dever cumprido. Outrossim. o médium que, ao final da sessão, prosseguir sentindo-se mal mesmo após ter-lhe sido ministrados passes antes do encerramento, evidencia que não apresenta ainda condições ideais para o ministério da desobsessão.

Já presenciamos casos em que, após o fim dos trabalhos, o médium se apresentava desequilibrado, dizendo-se envolvido por entidade que desejam comunicar-se, a tal ponto que foi preciso socorrê-lo com novos passes e até doutrinação dele mesmo.

Também já ouvimos de pessoas que participam de trabalhos mediünicos a afirmativa de que saem das sessões com dor de cabeça e piores de que quando entraram. Em tais situações deduz-se, de duas uma: ou o problema é com o médium que ainda não se educou e equilibrou, ou a reunião não está sendo conduzida com todos os requisitos fundamentais para trabalhos desse teor, apresentando falhas que se refletem nos participantes.

Existe também uma corrente de opinião que merece mencionada. Muitos defendem o ponto de vista de que é imprescindível a presença de um médium vidente nos trabalhos desobsessivos. Em realidade, a presença deste não é fundamental. Caso, porém, exista este elemento no grupo, deve ele ser disciplinado e controlado, pois não é de bom alvitre que fique narrando a todo instante o que está vendo. Esse método pode sugestionar ou induzir os outros médiuns, além de ser uma "quebra" na concentração, por despertar o interesse e curiosidade.

Há outras formas de percepção, talvez mais seguras que a própria vidência. Referimo-nos, principalmeme, à possibilidade que tem o médium de distinguir pelas vibrações, pela sintonia, o tipo de entidade que se comunica e, assim, captar o seu pensamento.

A atuação dos médiuns videntes, é, aliás, um item muito interessante que mereceria um estudo à parte. De passagem, diremos apenas que esta faculdade exige muita humildade, discernimento e prudência por parte do médium. Qualidades estas que o ajudarão a discernir o que está vendo sem se envaidecer, sem se exaltar, sem exagerar, bem como a ter um critério muito ponderado e moderado sobre o que deve e o que não deve dizer ao grupo. Quando se trata de visão de Espíritos perseguidores, obsessores, o bom-senso tem de funcionar para que não venha a dizer, por exemplo, a um obsidiado o quanto é terrível e de aspecto apavorante o seu obsessor. Se se trata, por outro lado, de quadros de grande beleza, convém funcionar a humildade e a prudência; pois na maioria das vezes o médium deve calar-se sobre as suas mais belas visões.

Quando o médium, numa reunião de desobsessão, se desliga do cotidiano em que vive e se esquece de si mesmo e se volta com todo o seu potencial de atenção para o trabalho que irá se efetuar;

- quando, desligado dos problemas físicos, das preocupações que muita vez lhe afligem o coração, se eleva em prece e se apresta, assim, a bem amar a todos os sofredores que se apresentarem;

- quando sente inundado o seu próprio mundo Íntimo dos sentimentos que avassalam o visitante do espaço;

- quando, penetrando na multidimensão da Vida Maior, sintoniza com a esfera do Bem e com os trabalhadores de Jesus que operam em todas as faixas do Amor;

- quando assim se coloca na fronteira entre os dois mundos, então estará ele integrado na bênção divina do labor da Caridade Maior, a Caridade espiritual, que só a Doutrina Espírita tem condições de promover e propiciar com toda a amplitude.

E, por um prodígio maravilhoso: quanto mais ele se esforce, quanto mais se dedique, sofrendo até (e quase sempre) para cumprir a sua tarefa, quanto mais se doe, mais venturas, alegrias e felicidade experimentará diante da sensação de ter cumprido realmente o seu dever e ter contribuído para minorar a dor de seu semelhante.

Não existe na face da Terra alegria mais suave e verdadeira que aquela que invade o nosso coração quando conseguimos contribuir para a felicidade alheia. É como se, de repente, o céu azul invadisse a nossa própria vida, dando-nos uma dimensão de infinito, uma sensação de bem-estar inefável, fazendo com que haja música celestial em nossos ouvidos e ao nosso redor.

É a sensação de estar em paz com o mundo e de que o mundo todo está em paz.

Suely C. Schubert

14/07/2011

O SEXO E A HOMOSSEXUALIDADE À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA

sexualidade

Desde o reino animal, os contatos sexuais constituem um veículo importante com que o princípio inteligente trabalha os rudimentos dos sentimentos de afeto com vistas a atingir patamares mais elevados de manifestação.

O Espírito, como princípio inteligente, a priori, não tem um sexo definido. Isto equivale a dizer que, apesar da potencialidade sexual ser algo inerente a todos os Espíritos, não existe, previamente, uma diferenciação de gênero, masculino ou feminino, no princípio inteligente. Essa característica não é uma exclusividade para o aspecto sexual do comportamento da criatura, pois o mesmo ocorre em todas as demais áreas de atividade do ser, uma vez que o Espírito não possui qualquer bagagem espiritual ou cultural no início da sua trajetória de desenvolvimento anímico. Entretanto, isso não impede que ele adquira um comportamento altamente polarizado na área genésica como função da sucessão das experiências encarnatórias.

O Criador dotou as manifestações de caráter sexual de altos níveis de sensação para que a reencarnação, e com ela a perpetuação da espécie, pudesse ser sustentada através da produção contínua de novos corpos materiais. De fato, este mecanismo estaria associado às Leis naturais de reprodução e conservação, em concordância com “O Livro dos Espíritos”. Ademais, desde o reino animal, os contatos sexuais constituem um veículo importante para a constituição dos laços familiares, onde o princípio inteligente trabalha os rudimentos dos sentimentos de afeto, visando, ao trabalhar as sensações, atingir sentimentos e patamares mais elevados de manifestação espiritual.

De qualquer maneira, a intensidade do instinto sexual constitui algo extremamente marcante no comportamento da criatura, o que levou Freud a definir o ser humano como “um animal sexual”. Realmente, herança das sensações animais aliada à ausência de ideais superiores torna o ser humano escravo de suas manifestações fisiológicas. Por isso, Joanna de Ângelis divide os seres humanos em homens fisiológicos e homens psicológicos. Os primeiros só teriam interesses e atitudes visando satisfazer suas necessidades sensoriais, como comer, dormir e manter relações sexuais. Os últimos não se restringiriam a essas manifestações e, apresentando valores mais elevados, seriam portadores de ideais superiores, ou seja, objetivos existenciais maiores nas áreas do trabalho, da educação, da fraternidade, da religiosidade etc. Ademais, os homens psicológicos desenvolveriam suas atividades fisiológicas com profundo respeito a si mesmos, ao corpo físico de que são portadores e aos irmãos envolvidos nessas manifestações, evitando excessos que podem acarretar processos cármicos de difícil resolução.

Prostitutas e homossexuais são, dentro do contexto da tradição judaico-cristã, tratados de forma pouco fraterna

Esse grande impacto comportamental oriundo de nossas energias, tendências e experiências sexuais responde por vários desequilíbrios da humanidade. O ser humano sempre oscilou entre o completo desregramento e a abrupta castração das energias sexuais. O desregramento seria uma consequência de propostas materialistas que visam à obtenção do prazer sensorial até a exaustão como principal forma de realização humana. A castração, na maioria das vezes com origem em tradições culturais alicerçadas em religiões machistas, seria motivada pela consciência de culpa em manifestações afetivo-sexuais que trazemos tanto de forma consciente como de maneira inconsciente, incluindo, aí, bagagens de reencarnações anteriores. Essa consciência de culpa, em função de vários desequilíbrios nessa área, levou os religiosos do passado a considerar, equivocadamente, o sexo como algo extremamente pecaminoso e com funções exclusivamente ligadas à procriação. Desta forma, o indivíduo que almejasse ser considerado “santo” e “dirigente religioso” precisaria “por decreto” abster-se de quaisquer manifestações sexuais. Obviamente, não se pode alterar um comportamento tão marcante simplesmente pela imposição de uma regra. Essa mentalidade gerou profundos conflitos afetivo-sexuais em inumeráveis religiosos, os quais continuam ocorrendo até os dias atuais, gerando, nos casos mais drásticos, tristes acontecimentos como pedofilia, abusos sexuais, entre outros. 

Realmente, os traumas na área sexual são tão intensos que os diversos tipos de preconceitos focados na questão sexual são dos mais discriminatórios e cruéis de nossa sociedade. Prostitutas e homossexuais são, sobretudo dentro do contexto da tradição judaico-cristã, tratados de forma muito pouco fraterna até os dias de hoje. É interessante e ao mesmo tempo triste constatar que quando desejamos ofender alguma pessoa, normalmente acusamos os homens de serem homossexuais ou maridos traídos e as mulheres de serem prostitutas. Obviamente, as ofensas são mais sentidas quando direcionadas a seres queridos como é o caso das mães, o que motivou, infelizmente, a elaboração dos mais divulgados “palavrões” de nossa sociedade. Isso explica em parte a chocante constatação de que a maioria dos homens de nossa sociedade é mais ofendida quando é acusada de ser homossexual do que de ser assassino ou ladrão. Essa espécie de “ódio sexual” decorre, no mínimo parcialmente, da nossa pouca elevação ao trabalhar as bagagens instintivas que trazemos de nossa estada em etapas primitivas do reino animal, onde a energia sexual era um ponto decisivo na formação dos grupos e na determinação da hierarquia dos mesmos.

As tendências sexuais em níveis variados constituem uma característica inerente ao processo reencarnatório

Neste contexto, vale registrar que a tendência homossexual em si mesma não representa qualquer tipo de queda espiritual, uma vez que o Espírito imortal percorre incontáveis reencarnações podendo alternar o sexo dos corpos utilizados. Assim sendo, as tendências sexuais em níveis variados constituem uma característica inerente ao processo reencarnatório. De qualquer maneira, tal como ocorre com a heterossexualidade, a homossexualidade requer muita vigilância para não ser “motivo de escândalos” ao seu portador, tendo-se em vista o comportamento sexólatra generalizado em nossa sociedade.

Como todo comportamento, o sexo é antes de tudo uma atitude mental. Desta forma, a partir das contínuas experiências reencarnatórias, o Espírito adquire hábitos sexuais que se tornam marcas muito arraigadas em sua personalidade. Desta forma, após trilhar incontáveis experiências no reino animal, o Espírito chega à condição hominal com condicionamentos profundos na área sexual, independentemente da vestimenta física que carregue em uma reencarnação específica. 

Logo, fatores como educação familiar deficiente; ausência de elevado nível de educação religiosa para orientação sexual sólida (que é fruto da orientação moral de uma forma geral) e isenta de preconceitos; influência de amigos sem maiores recursos ético-morais, sobretudo na área sexual (já que na adolescência, fase decisiva para a formação do comportamento sexual do indivíduo, o jovem deseja ser aceito pelo grupo e desenvolve uma gama de atividades, na maioria das vezes, vinculado a uma turma de amigos); excessivo apelo sexual em todos os meios de comunicação; influência de entidades espirituais infelizes, entre outros, favorece um tipo de “sexualização” do comportamento de nossas crianças e jovens de maneira extremamente precoce, em uma fase em que o indivíduo ainda está formando seus valores pessoais na nova reencarnação. Desta maneira, grande número de jovens recém- saídos da infância já apresenta comportamento sexualmente ativo, muitas vezes com alto grau de promiscuidade, antes mesmo de ter a mínima condição para administrar suas próprias vidas. Consequentemente, adolescentes e até mesmo pré-adolescentes enfrentam a chamada “gravidez indesejada”, iniciando processos reencarnatórios irresponsáveis que afetam vários indivíduos. Isso quando permitem que tais reencarnantes nasçam, o que, indiscutivelmente, já apresenta significativo mérito, pois, em vários casos, as jovens mães optam pela lamentável alternativa do aborto.

Há Espíritos que trazem marcas profundas do sexo
oposto em sua organização psicológica

Por outro lado, vale adir que em nossa sociedade, carente de valores morais, nós saímos de uma terrível homofobia para um comportamento misto, onde determinados núcleos aceitam e até estimulam a homossexualidade e outros centros continuam apresentando quase que um verdadeiro ódio ao homossexual.

Ora, nosso corpo físico constitui uma ferramenta fundamental à nossa encarnação e, como espíritas, sabemos que “o acaso não existe”. Desta forma, nós não podemos acreditar que reencarnamos no sexo errado, assim como seria ilógico acreditar que reencarnamos na família errada ou em uma situação socioeconômica equivocada e assim por diante. Desta forma, a atitude natural dos pais seria, obviamente, favorecer a formação heterossexual das crianças e jovens, uma vez que o corpo que Deus nos concedeu tem uma função específica atrelada ao sexo em questão. Obviamente, há Espíritos que trazem marcas profundas do sexo oposto em sua organização psicológica e são aqueles que, até certo ponto pertinentemente, afirmam que “não escolheram sua orientação sexual, mas nasceram assim”. Por outro lado, em muitas famílias, crianças e jovens com conflitos sexuais muito sutis, inclusive explicáveis dentro do contexto dos conflitos naturais da idade, que seriam perfeitamente contornáveis com o apoio familiar e a orientação espírita, recebem um inadequado estímulo ao comportamento homossexual. Algumas vezes são, inclusive, estimulados nessa escolha por psicólogos e educadores, em uma atitude de consequências lastimáveis do ponto de vista espiritual. São aqueles que muitas vezes sem nenhuma marca mais efetiva do sexo oposto “fazem a opção homossexual”. Ora, a homossexualidade não deveria ser uma opção como a escolha de um curso no vestibular ou de um modelo de carro na concessionária porque, em princípio, a escolha natural deve ser aquela devida pela própria constituição física do indivíduo.

Certamente, adversários espirituais podem astutamente aproveitar desse descuido de pais e de educadores para acentuar perturbações mínimas a ponto de engendrar profundas problemáticas sexuais. Os obsessores, obviamente, aproveitam-se da fragilidade espiritual das futuras vítimas, para forjar desequilíbrios que venham a desajustar o reencarnado, já no início da sua jornada, o que pode comprometer toda a reencarnação do indivíduo, que, em princípio, poderia nem ser realmente um homossexual.

A obsessão sexual tem nos desequilíbrios sexuais da
própria criatura a antena psíquica correspondente

Nesse ponto, o apoio espírita é fundamental para que a criança e o jovem tenham a quem recorrer já que em muitos casos o jovem não tem com quem conversar sobre o assunto, pois em sua família não teria abertura para abordar o problema. Nessa área, evangelizadores, dirigentes de mocidade espírita e trabalhadores da casa espírita de uma forma geral têm uma grande responsabilidade no que se refere ao auxílio fraterno a esses irmãos.

Sobre a chamada “obsessão sexual”, podemos citar o excelente livro de Manoel Philomeno de Miranda pela mediunidade de Divaldo Pereira Franco, intitulado “Sexo e Obsessão”, bem como “Sexo e Destino” (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira), “No Mundo Maior” (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier) e outros da lavra de André Luiz como valiosas fontes de informações concernentes a um quadro de verdadeira “pandemia obsessiva” na área sexual que viceja em nossa sociedade. Logicamente, como acontece com todo processo obsessivo, a obsessão sexual tem nos desequilíbrios sexuais da própria criatura a antena psíquica para captar mensagens afins a essas tendências. Isto implica que esse quadro real de influenciação de maneira nenhuma nos exime de nossas responsabilidades, pois tais contatos estão alicerçados em nossos próprios desejos e fixações conscientes e subliminares.

Se levarmos em consideração as informações obtidas através dos médiuns mais confiáveis sobre reencarnações de personalidades conhecidas, chegaremos à conclusão que a repetição de um mesmo sexo é o fenômeno mais comum. Emmanuel, Yvonne Pereira, Francisco de Assis, Allan Kardec, Chopin, Joanna de Ângelis, Napoleão Bonaparte, entre outros, teriam reencarnado em várias ocasiões em um mesmo sexo. O próprio Dr. Hernani Guimarães Andrade, afirmando que “o sexo é uma das áreas do comportamento humano que mais imprime caráter no ser humano”, chega a concluir que a reencarnação é fator decisivo para a ocorrência do comportamento homossexual, quando o indivíduo que psiquicamente construiu uma trajetória em um sexo se reencarna no sexo oposto. Sendo o sexo uma atitude mental, uma sequência reencarnatória significativa em um mesmo sexo formataria uma série de fixações psicológicas difíceis de serem modificadas somente através de uma única experiência reencarnatória, quando da definição do sexo do novo corpo durante o planejamento reencarnatório. 

O Assistente Silas diz que a inversão sexual ocorreria
em casos de missão e em casos de expiação

Ora, a não ser em casos mais graves, em que tal medida fosse, por motivo de força maior, algo realmente imprescindível, as sucessivas e constantes inversões sexuais causariam profunda perturbação espiritual. Se “Deus é amor”, “é a Inteligência Suprema...” e “não dá fardos pesados a ombros frágeis”, não promoveria uma transição tão brusca nessa área se isso não fosse, de fato, extremamente necessário. De fato, o objetivo da reencarnação é a educação do Espírito e essa é premissa básica de todo tipo de planejamento reencarnatório. Obviamente, a escolha do sexo é um ponto capital nesse planejamento, pois afeta diretamente os tipos de atividade assim como os laços de relacionamento que serão desenvolvidos e/ou retomados. 

Assim, a inversão sexual mais brusca deve ocorrer somente quando seja estritamente necessária e/ou quando não causar maior trauma nos Espíritos em questão. André Luiz elucida essa questão em “Ação e Reação” ao relatar os esclarecimentos do Assistente Silas (capítulo 15), que assevera que a inversão sexual ocorreria em casos de missão e em casos de expiação, que sejam referentes especificamente a quedas na área sexual.

Se considerarmos a experiência do Dr. Hernani Guimarães Andrade em estudos de reencarnação, poderíamos acrescentar os casos onde o Espírito não apresenta um comportamento sexual tão polarizado em um dos sexos. Neste caso, a inversão poderia causar um impacto muito menor, ou seja, muito menos conflitos e traumas. Esse perfil psicológico seria, sob certo aspecto, semelhante à inversão sexual motivada por grandes missões espirituais aqui na crosta, pois seria, por diferentes motivos, mais facilmente administrável pelo próprio reencarnante. Na missão, essa inversão não prejudicaria, e, pelo contrário, beneficiaria o missionário, pois, fora de uma condição mais condizente com seu psiquismo, a obra seria protegida de perigos desnecessários, sem perturbar o missionário em função de sua evolução espiritual nessa área. Nos casos de ausência de maiores marcas de caráter sexual, apesar de o Espírito não apresentar tamanha evolução, ele se adaptaria com certa facilidade tanto a um polo sexual quanto ao outro.

Jesus oscilava com perfeição e harmonia entre as qualidades masculinas e femininas, conforme cada situação

O fato de o sexo ser, antes de tudo, uma atitude mental, explicaria, em concordância com elucidações do mentor André Luiz em Evolução em Dois Mundos (pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira), o fato de Espíritos de homossexuais poderem mudar suas respectivas formas perispirituais com o passar do tempo, após a chegada ao mundo espiritual. Entretanto, como existem diferentes vertentes de comportamento homossexual, é plausível supor que tal processo seja mais comum nos chamados transexuais do que em outros tipos de homossexuais, uma vez que os transexuais apresentariam, em princípio, um quadro psicológico que corresponderia de maneira mais contundente à inversão da forma sexual, isto é, a uma nova morfologia corporal.

De fato, o aprendizado referente às qualidades do sexo oposto poderia, pelo menos, até certa extensão, ser apreendido sem a necessidade absoluta de reencarnação no outro sexo. Tal propósito poderia ser assimilado, mesmo que parcialmente, através de uma atitude evangélica e lúcida de aproveitamento das oportunidades evolutivas tanto do ponto de vista intelectual como sob a perspectiva moral. De fato, as necessidades atuais da sociedade têm proporcionado e estimulado o aprendizado de uma gama de atividades que tradicionalmente pertenciam ao chamado “sexo oposto”. Essa realidade tem repercutido positivamente em uma relação de maior fraternidade e menos preconceito entre homens e mulheres.

Joanna de Ângelis analisa em “Jesus à luz da psicologia profunda” (pela mediunidade de Divaldo Pereira Franco) a personalidade no nosso maior mestre, modelo e guia, Jesus de Nazaré. Nesta obra, a mentora espiritual ressalta que Jesus oscilava com perfeição e harmonia entre as qualidades masculinas e femininas, de acordo com cada situação, uma vez que, como Espírito puro, o Mestre já possuía em nível de excelência ambos os grupos de qualidades. Ele não precisava ser fisicamente uma mulher para demonstrar a ternura materna em sua mais elevada expressão, assim como exibia o comportamento que tipifica o amor mais característico dos pais em outras situações. Portanto, que o exemplo de Jesus seja uma constante em nossas vidas como meta a ser seguida, inclusive em relação ao profundo respeito e amor que devemos ao sexo propriamente dito e a todos os irmãos, independentemente de seus hábitos sexuais de quaisquer espécies.

http://www.oconsolador.com.br/ano3/144/especial.html

LEONARDO MARMO MOREIRA

11/07/2011

Perdão e Auto Perdão

brilhe_sua_luz

Toda vez que a culpa não emerge de maneira consciente, são liberados conflitos que a mascaram, levando a inquietações e sofrimentos sem aparente causa.

Todas as criaturas cometem erros de maior ou menor gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente, antes mesmo de passarem por uma análise de profundidade, seja de referência à própria pessoa ou a outrem.

Cedo ou tarde, ressumam de maneira inquietadora, produzindo mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de conduta.

A culpa é sempre responsável por vários processos neuróticos, e deve ser enfrentada com serenidade e altivez.

Ninguém se pode considerar irretocável enquanto no processo da evolução.

Mesmo aquele que segue retamente o caminho do bem está sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os desafios que se apresentam e o estado emocional do momento.

Há períodos em que o bem-estar a tudo enfrenta com alegria e naturalidade, enquanto que, noutras ocasiões, os mesmos incidentes produzem distúrbios e reações imprevisíveis.

Todos podem errar, e isso acontece amiúde, tendo o dever de perdor-se, não permanecendo no equívoco, ao tempo em que se esforcem para reparar o mal que fizeram.

Muitos males são ao próprio indivíduo feitos, produzindo remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja coragem para revivê-los e liberar-se dos seus efeitos danosos.

Uma reflexão em torno da humanidade de que cada qual é possuidor permitir-lhe-á entender que existem razões que o levam a reagir, quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor desculpar, a fazer o mal, quando lhe compriria fazer o bem…

A terapia moral pelo autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo.

Torna-se essencial, portanto, uma reavaliação da ocorrência, num exâme sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha-se em estado de paz interior.

O autoperdão é essencial para uma existência emocional tranquila.

Todos tem o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando-se dos cipós constringentes do remorso.

Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o bom humor e a alegria de viver.

Em face do autoperdão, da necessidade de paz interior inadiável, surge o desafio do perdão ao próximo, àquele que se tem transformado em algoz, em adversário contínuo da paz.

Uma postura psicológica ajuda de maneira eficaz e rápida o processo do perdão, que consiste na análise do ato, tendo em vista que o outro, o perseguidor, está enfermo, que ele é infeliz, que a sua peçonha caracteriza-lhe o estado de inferioridade.

Mediante este enfoque surge um sentimento de compaixão que se desenvolve, diminuindo a reação emocional da revolta ou do ódio, ou da necessidade de revide, descendo ao mesmo nível em que ele se encontra.

O célebre cientista norte-americano Booker T. Washington, que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de ser negro, e que muito ofereceu à cultura e à Agricultura do seu país, asseverou com nobreza: Não permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de você vir a odiá-lo.

Desejava dizer que ninguém deve aceitar a ojeriza de outrem, o seu ódio e o seu desdém a ponto de sintonizar na mesma faixa de inferioridade.

Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela agressão moral constituem o antídoto para o ódio de fácil irrupção.

Sem dúvida, existem os invejosos, que se comprazem em denegrir aquele a quem consideram rival, por não poderem ultrapassá-lo; também exameiam os odientos, que não se permitem acompanhar a ascensão do próximo, optando por criar-lhes todos os embaraços possíveis; são numerosos os poltrões que detestam os lidadores, porque pensam que os colocam em postura inferior e se movimentam para dificultar-lhes a marcha ascensional; são incontáveis aqueles que perderam o respeito por si mesmos e auto-realizam-se agredindo os lidadores do dever e da ordem, a fim de nivelá-los em sua faixa moral inferior…

Deixa que a compaixão tome os teus sentimentos e envolve-os na lã da misericórdia, quanto gostarias que assim fizessem contigo, caso ainda te detivesses na situação em que eles estagiam.

Perceberás que um sentimento de compreensão, embora não de conivência com o seu erro, tomará de ti, impulsionando-te a seguir adiante, sem que te perturbes.

Sob o acicate desses infelizes, aos quais tens o dever de compreender e de perdoar, porque não sabem o que fazem , ignorando que a si mesmos se prejudicam, seguirás confiante e invencível no rumo da montanha do progresso.

Ninguém escapa, na Terra, aos processos de sofrimento infligido por outrem, em face do estágio espiritual em que se vive no Planeta e da população que o habita ainda ser constituída por Espíritos em fases iniciais de crescimento intelecto-moral.

Não te detenhas, porque não encontres compreensão, nem porque os teus passos tenham que enfrentar armadilhas e abismos que saberás vencer, caso não te permitas compartilhar das mesmas atitudes sos maus.

Chegarás ao termo da jornada vitoriosamente, e isso é o que importa.

O eminente sábio da Grécia, Sólon, costumava dizer que nada pior do que o castigo do tempo , referindo-se às ocorrências enesperadas e inevitáveis da sucessão dos dias. Nunca se sabe o que irá acontecer logo mais e como se agirá.

Dessa forma, faze sempre todo o bem, ajuda-te com a compaixão e o amor, alçando-te a paisagens mais nobres do que aquelas por onde deambulas por enquanto.

Perdoa-te, portanto, perdoando também, ao teu próximo, seja qual for o crime que haja cometido contra ti.

O problema será sempre de quem erra, jamais da vítima, que se depura e se enobrece.

Pilatos e Jesus defrontaram-se em níveis morais diferentes.

A astúcia e a soberba num, a sua glória mentirosa e a sua fatuidade desmedida.

A humildade real, a grandeza moral e a sabedoria profunda no outro, que era superior ao biltre representante do poder terreno de César.

Covarde e pusilânime, Pilatos não lhe viu culpa, mas não o liberou, porque estava embriagado de ilusão sensorial, lavando as mãos, em torno da Sua vida, porém, não se liberando da responsabilidade na consciência.

Estóico e consciente Jesus aceitou a imposição arbitrária e infame, deixando-se erguer numa cruz de madeira tosca, a fim de perdoar a todos e amá-los uma vez mais, convidando-os à felicidade.

Perdoa, pois, e autoperdoa-te!

Joanna de Ângelis

06/07/2011

PROVAS DA EXISTÊNCIA E SOBREVIVÊNCIA DO ESPÍRITO

espiritos

Aparentemente seríamos apenas o corpo com que vivemos neste mundo. Ora, tudo indica - e a análise química o comprova - que o nosso corpo é formado exclusivamente de matéria, como os demais corpos da Natureza. É verdade que essa matéria recebe a mais o influxo energético de uma substância organizadora sutilissima - o princípio vital -, absorvida naturalmente pelo organismo e que lhe comunica o dinamismo em virtude do qual se realizam todas as funções vitais; princípio que existe, aliás, também nos outros seres vivos, vegetais e animais.

Mas a análise consciente e uma observação mais profunda mostram que no homem existe algo mais que matéria e princípio vital. O homem pensa e tem consciência plena de sua existência; relaciona idéias, estabelece conceitos, elabora juízos, constrói raciocínios, tira conclusões, e, servindo-se de um instrumento maravilhoso, que á a linguagem, comunica tudo isto aos seus semelhantes. Nada que a isto, sequer, se pareça, ocorre no mineral bruto, na rocha inerte, como em nenhum vegetal, na mais esplêndida e frondosa árvore, no mais belo e florido flamboyant; como não existe nos animais, mesmo naqueles em que já aparecem alguns vislumbres de inteligência e afetividade, mas nos quais em realidade só existem sensações, vagas percepções, atividades puramente instintivas e uma inteligência muito rudimentar. No homem, porém, é a inteligência elaborada, cultivada, plenamente desenvolvida, superior; ele pensa; e nele brilha a luz da razão.

Cogito, ergo sum. - escreveu Descartes -; Penso, logo existo (em tradução rigorosamente literal). Entretanto, o que devia estar no raciocínio do grande filósofo não pode deixar de ser o seguinte: - Penso; ora, a matéria por si mesma não pensa; logo, existe em mim , além do corpo material, algo mais, que é o agente do meu pensamento; em virtude do qual, portanto, existo como ser inteligente e tenho plena consciência da minha existência. É um raciocínio perfeitamente lógico e conforme à mais pura razão humana. Deveria bastar para que nenhuma dúvida existisse no homem a respeito de que nele vive essencialmente um Espírito, isto é, um ser imaterial, porém, real, independente do corpo e a ele sobrevivente, e somente ao qual são inerentes as faculdades superiores da inteligência e da razão, outras faculdades existem ainda no homem, que nada têm a ver com a matéria, e que são funções de uma consciência individual superior, a todas sobrelevando o senso moral. Entretanto, muitos há que não crêem na realidade da própria existência, em Espírito imortal. Sim, há descrentes, que vivem na negação ou, talvez, apenas em dúvida, pois no fundo do seu ser hão de ter a mesma aspiração, natural, de toda criatura: não morrer. Então Deus, em sua infinita bondade e amor, como Divina Providência, concedeu ao homem, com as manifestações espíritas, as provas cabais de que nele vive um Espírito, e que esse Espírito sobrevive à morte.

Manifestações de Espíritos ocorrerem em todos os tempos, desde a mais remota antigüidade, mas em caráter excepcional, ou consideradas de origem sobrenatural.

Em sua verdadeira causa, só eram conhecidas dos iniciados, nos chamados mistérios, dos templos de antigas civilizações. As Escrituras Sagradas estão cheias desses fatos. Indivíduos excepcionais - os profetas - serviam de intermediários entre os Espíritos e os homens e muitas coisas anunciavam como expressões da vontade de Deus; e uma das coisas então anunciadas foi que viria o tempo em que essa faculdade de intermediação se generalizaria, dando lugar a manifestações que ocorreriam, insopitáveis, por toda parte, a sacudir as consciências e os corações dos homens, despertando-os para a grande realidade de um mundo espiritual. A profecia cumpriu-se e, após alguns casos isolados de uns poucos precursores, que não tiveram ampla repercussão, ocorreram nos Estados Unidos da América do Norte fatos notáveis que chamaram rapidamente a atenção. Ocorridos inicialmente no vilarejo de Hydesville, rapidamente se propagaram à cidade de Rochester e a outras importantes cidades da América do Norte; dali espalharam-se por toda a Europa, chegando primeiro à Inglaterra, à França, à Alemanha; em toda parte ocorreram, deste então, insopitáveis os fatos espíritas.

Que fatos são esses? - Antes de tudo são fenômenos consistindo em efeitos físicos diversos: ruídos, dando a impressão de arranhões, estalidos, pancadas, ou de passos, produzidos em portas, paredes, assoalhos, sem causa física conhecida;

projeção ou trazimento (transportes) de objetos de diversas formas e naturezas - pedras, roupas, utensílios domésticos, jóias, moedas, alimentos e até flores -, através de paredes, portas e janelas fechadas; movimentos de objetos sem contato visível, tanto leves como pesados, incluindo móveis, mesas, cadeiras, armários, balcões, etc.

A simples produção desses efeitos físicos nada provaria, em sí mesmos, quanto à existência dos Espíritos, porquanto poderiam ser produzidos por forças outras, naturais e desconhecidas. Mas o fato singularíssimo de que é causa produtora dos mesmos se revela estar associada uma inteligência, que dirige a ação, e que essa inteligência é capaz de mostrar que é a alma de um morto, dando iniludíveis sinais de sua identificação, mostra que a sua verdadeira causa são os Espíritos. Hoje, a sobrevivência da alma humana outra coisa não é senão um Espírito encarnado, está amplamente demonstrada pelos fatos espíritas, investigados, ao contrário, com todo rigor científico por numerosos e eminentes sábios e investigadores do século passado e deste século. Após criteriosas investigações, cépticos a princípios, renderam-se os sábios à evidência de que a vida continua além-túmulo e de que podem as almas daqueles que morreram neste mundo vir comunicar-se com os homens, com os seres queridos que deixaram na Terra, e, outrossim, com Espíritos especialmente prepostos, por superiores desígnios de Deus, à missão de trazer-lhes a revelação dessa verdade.

A tal ponto ficou isso demonstrado nas experimentações dos sábios que um deles - entre os mais eminentes do século passado, Alfred Russell Wallace faz esta afirmativa categórica: O Espiritismo está tão bem demonstrado como a lei da gravitação.

Em sua difusão rápida por todo o mundo, a notícia dos fenômenos surgidos em Hydesville chegaram também a França e ali se generalizaram, assumindo sobretudo a modalidade das chamadas mesas girantes, ou seja mesas que se moviam em causa física aparente, mas sob a influência de uma força desconhecida, parecendo emanada de certas pessoas, especialmente dotadas. Mas as mesas eram também falantes, no sentido de que respondiam inteligentemente - por meio de suspensões, seguidas de certo número de batidas convencionais de um dos pés -, às perguntas formuladas por pessoas presentes ao fenômeno. Foi exatamente esse caráter inteligente assumido pelo fenômeno que levou o Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail a interessar-se e, logo depois dedicar-se profundamente ao seu estudo, como dos demais fenômenos espíritas, deduzindo deles todas as conseqüências filosóficas, morais e religiosas que eles comportam, com o auxílio dos próprios Espíritos, cujos ensinos, por ele ordenados e codificados, vieram a construir o admirável corpo da Doutrina Espírita, consubstanciada em O Livro dos Espíritos, por ele publicado em 1ª edição a 18 de abril de 1857, como se sabe, adotando, então, o pseudônimo de Allan Kardec.

Allan Kardec escreveu um outro livro, complementar do primeiro - O Livro dos Médiuns - cuja Segunda Parte - Das Manifestações Espíritas - é totalmente dedicada ao estudo circunstanciado dessas manifestações, isto é, de toda a fenomenologia espírita. É O Livro dos Médiuns a primeira obra sua que se deve consultar sobre esse importante assunto e, como obra geral, nenhuma outra existe que a supere, vindo logo depois o livro de Léon Denis, No Invisível. Seguem-se-lhes numerosas obras, quer gerais, tratando de toda toda a fenomenologia, quer particulares, quer dizer, tratando de determinados fenômenos. Sob este último aspecto, vale citarem-se, apenas como exemplos, os livros: de William Crookes Fatos Espíritas em que são estudados fenômenos de efeitos físicos e especialmente o fenômeno de materialização do Espírito de Katie King, com o auxílio, respectivamente, das mediunidades de Daniel D. Home e de Florence Cook; de Friedrich Zollner - Provas Científicas sobre a Sobrevivência, em que esse sábio físico e astrônomo alemão relata suas experiências com o médium Henri Slade, inclusive o extraordinário fenômeno de desmaterialização da matéria, tornando possível a penetração de corpos materiais por outros e a escrita direta sobre uma lousa, sem intermediário material algum; de Arthur Findlay - No Limiar do Etéreo, onde são relatados admiráveis fenômenos de voz direta por intermédio de Johan C. Sloan, finalmente, o livro de Oliver Lodge - Raymond - em que esse sábio físico inglês descreve experiências com diversos médius, através das quais pôde, com toda a evidência, constatar a manifestação de seu filho Raymond Lodge, jovem engenheiro, morto em 1915, aos 26 anos, numa trincheira, em Flandres, Bélgica, durante a guerra de 1914-1918, tendo fornecido claros sinais de identificação de sua personalidade individual.

Vaga e confusa a princípio, nos fenômenos das casas mal assombradas, a personalidade oculta começa a firmar-se na tipologia e depois na escrita; adquire caracteres determinados na incorporação mediúnica e torna-se tangível nas materializações. Nessa ordem é que se têm desenvolvido os fatos, multiplicando-se, de modo a atrair a atenção dos indiferentes, a forçar a opinião dos céticos e a demonstrar a todos a sobrevivência da alma humana. - Essa ordem, a que se poderia chamar histórica, é a que por nossa parte adotaremos em nosso estudo dos fenômenos espíritas.

Embora incompleta, a classificação acima é muito prática, porque também muito simples; aliás, o grande autor que foi Léon Denis, no estudo que fez na obra citada, considera outras modalidades de fenômenos nas classes que lhes são afins. Assim, por exemplo, no fenômeno da escrita considera tanto a escrita direta, que ele chama também psicografia, enquanto Kardec pneumatografia, como a que ele chama escrita mediúnica, que, para Kardec, é a verdadeira psicografia.

Mas Denis continua: Poder-se-ia igualmente dividir este - quer dizer, o estudo dos fenômenos espíritas - em duas categorias: os fatos de natureza física e os fatos intelectuais. Nos primeiros, o médium desempenha papel passivo; é o foco de emissão, de que emanam os fluidos e as energias com cujo concurso os invisíveis atuarão sobre a matéria e manifestarão sua presença. Nos outros fenômenos, o médium exerce função mais importante. É ele o agente transmissor dos pensamentos do Espírito; e (...) seu estado psíquico, suas aptidões, seus conhecimentos influem, às vezes, de modo sensível nas comunicações obtidas. (...) (*)

Bibliografia:  Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita - FEB - Programa I - Edição 1996                                                                                                                             (*) DENIS, Léon. Fenômenos espontâneos. Casas mal-assombradas. Tipologia. In:-No Invisível. Trad. de Leopoldo Cirne. 9. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1981. Pags. 185-186. XAVIER, Francisco Cândido. In: Fonte Viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 20 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995, lição 139, p. 312.

O homem e o Espírito

1. No homem existe algo mais que matéria e princípio vital. O homem pensa e tem consciência plena de sua existência; relaciona idéias, estabelece conceitos, elabora juízos, constrói raciocínios, tira conclusões e, servindo-se do instrumento maravilhoso da linguagem, comunica tudo isto aos seus semelhantes.

2. "Cogito, ergo sum", escreveu Descartes ("Penso, logo existo"). Eis o que Descartes quis dizer: - Penso; ora, a matéria por si mesma não pensa; logo, existe em mim, além do corpo material, algo mais, que é o agente do meu pensamento, em virtude do qual, portanto, existo como ser inteligente. Esse é um raciocínio perfeitamente lógico e conforme à mais pura razão humana. Deveria bastar para que nenhuma dúvida existisse no homem a respeito de que nele vive um Espírito, isto é, um ser imaterial, porém real, independente do corpo e a ele sobrevivente.

3. Outras faculdades existem ainda no homem, que nada têm a ver com a matéria, e que são funções de uma consciência individual superior, sobrelevando sobre todas o senso moral. Há, contudo, indivíduos descrentes que vivem na negação ou apenas em dúvida, pois no fundo do seu ser hão de ter a mesma aspiração, natural, de toda criatura: não morrer. Deus, então, em sua infinita bondade e amor, como Divina Providência que é, concedeu ao homem, com as manifestações espíritas, a prova de que nele vive um Espírito e que esse Espírito sobrevive à morte.

Manifestações espíritas

4. Manifestações de Espíritos ocorreram em todos os tempos, desde a mais remota antigüidade. A sua verdadeira causa só era conhecida dos iniciados. Os profetas serviam de intermediários entre os Espíritos e os homens e muitas coisas anunciavam como expressões da vontade de Deus. Uma das coisas anunciadas foi que viria o tempo em que essa faculdade de intermediação se generalizaria, dando lugar a manifestações que ocorreriam por toda a parte, a sacudir as consciências e os corações dos homens, despertando-os para a realidade do mundo espiritual. Foi o profeta Joel o intermediário dessa predição.

5. A história do Moderno Espiritualismo – denominação pela qual o Espiritismo foi inicialmente conhecido na América do Norte - começou por fatos dessa natureza, ocorridos em Hydesville a partir de 1848, sendo médiuns duas adolescentes da família Fox, as jovens Kate e Margareth Fox.

Os "apports"

6. Os fenômenos físicos se apresentam sob as mais variadas formas. A força que serve para produzi-los presta-se a todas as combinações. Ela penetra todos os corpos, atravessa todos os obstáculos, transpõe todas as distâncias. Sob a ação de uma vontade poderosa, consegue decompor e recompor a matéria compacta. É o que demonstram os fenômenos de "apports", ou transportes de flores, frutos e outros objetos através de paredes, em aposentos fechados. Zöllner, o astrônomo alemão, verificou a penetração da matéria por uma outra matéria. Com o auxílio da força psíquica, as entidades a que são devidas as manifestações chegam a imitar os mais estranhos ruídos. (N.R.: Ao traduzir um dos clássicos do Espiritismo sobre o fenômeno de transporte, escrito por Ernesto Bozzano, Francisco Klörs Werneck diz que dois termos técnicos se aplicam ao assunto: apport e asport. Apport quando o objeto é levado de fora para dentro. Asport quando levado de dentro para fora, de tal modo que o vocábulo trazimento não tem razão de ser. Transporte é, assim, o termo já consagrado e abarca ambos os casos.)

7. Em memorável sessão realizada em 16 de dezembro de 1868, em Londres, o médium Home, em transe mediúnico, foi levantado e projetado da parte de fora de uma janela e, suspenso no ar, entrou por uma outra janela.

Os "raps

"

8. Os "raps" são fenômenos que consistem em efeitos físicos diversos, como ruídos, estalidos, pancadas e imitação de passos, produzidos em portas, paredes, móveis e assoalhos, tudo isso sem causa física conhecida. A simples produção desses efeitos físicos nada provaria quanto à existência dos Espíritos, porquanto poderiam ser produzidos por forças outras, naturais e desconhecidas, mas a esses fatos singulares se revelou associada uma inteligência capaz de dirigir a ação e que, quando provocada, deu provas iniludíveis de ser o Espírito de um morto a verdadeira causa do fenômeno. No caso da família Fox, o Espírito produtor dos fenômenos revelou ter sido um mascate que se chamara Charles Rosma em sua última encarnação.

9. Hoje a sobrevivência da alma humana encontra-se perfeitamente demonstrada por fatos que têm sido investigados com todo o rigor científico por numerosos e eminentes sábios deste e do século passado. A tal ponto chegou o resultado dessas experimentações, que Alfred Russel Wallace, um dos mais eminentes investigadores dos fatos espíritas, fez esta afirmativa categórica: "O Espiritismo está tão bem demonstrado como a lei da gravitação".

Allan Kardec e as mesas girantes

10. As mesas girantes foram também chamadas de mesas falantes, porque, valendo-se das pancadas que nelas soavam, podiam responder inteligentemente às perguntas das pessoas presentes às sessões. Foi exatamente esse caráter inteligente assumido pelo fenômeno que levou o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail a interessar-se e, logo depois, dedicar-se profundamente ao seu estudo, bem como ao dos demais fenômenos espíritas, deduzindo deles todas as conseqüências filosóficas, morais e religiosas que eles comportam, com o auxílio dos próprios Espíritos. Os ensinos por ele reunidos e ordenados constituíram o admirável corpo da Doutrina Espírita enfeixado em "O Livro dos Espíritos", livro a que se seguiram outras obras, como "O Livro dos Médiuns", cuja segunda parte - Das Manifestações Espíritas - é totalmente dedicada ao estudo dessas manifestações.

11. É "O Livro dos Médiuns" a primeira obra de Kardec que se deve consultar sobre o tema mediunidade, visto que, como obra geral, nenhuma outra existe que a supere, vindo logo depois o livro "No Invisível", de Léon Denis.

12. Seguem-se-lhes numerosas obras, quer gerais, tratando de toda a fenomenologia espírita, quer particulares, ou seja, que tratam de determinados fenômenos. Sob este último aspecto, vale citar, a título de exemplos, os livros de William Crookes ("Fatos Espíritas"), Friedrich Zöllner ("Provas Científicas da Sobrevivência"), Arthur Findlay ("No Limiar do Etéreo"), Oliver Lodge ("Raymond"), Ernesto Bozzano ("Fenômenos de Transporte") e Gabriel Delanne ("O Fenômeno Espírita"), dentre muitos outros.

http://www.oconsolador.com.br/14/esde.html