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30/11/2010

A PAZ VENCERÁ

a paz na terra

Vivemos momentos cruciais no planeta, e muitos têm as suas convicções de justiça abaladas. Alguns descrêem da Providência Divina, acreditando que Deus perdeu o controle de sua criação.

Logicamente, esta é uma observação destituída de razão, porque aquilo que parece falta de controle está debaixo de um rigoroso planejamento.

Deus concede a liberdade para que o Homem possa crescer.

Deus preside os destinos do Universo, e nós estamos inseridos nessa comunidade universal. Podemos parecer impotentes ante a sanha da violência, não só a do terrorismo, mas a do crime organizado, das quadrilhas de traficantes, dos crimes passionais, da miséria, da fome e até da violência doméstica e sexual. O que fazer?

Entreguemos nossas vidas e o nosso mundo a Deus, mas não deixemos de fazer a nossa parte em prol do bem geral; pois, no mundo, somos instrumentos de Deus para a pacificação, para a justiça social e para o amor. Só assim o mundo terá sanidade.

Nao importa o nome que damos a Deus ou como o concebemos. O que importa, realmente, é que Deus não pode ser mau, protecionista, rancoroso ou vingativo. Concebemos Deus conforme nos ensinaram os espíritos: Inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas.

O Criador deu a cada espírito o livre-arbítrio e uma meta a alcançar: a perfeição. Temos liberdade de agir como quisermos, porém somos responsáveis pelos nossos atos; o que equivale a dizer: somos livres para semear, mas somos obrigados a colher.

Toda essa onda de violências vai passar, e o mundo entrará numa era de paz e realizações. Corrigiremos as injustiças, sanearemos a moral, acabaremos com a fome, e cuidaremos para que todos tenham o suficiente para viver com dignidade.

Este é o desafio que temos de enfrentar, mas com certeza venceremos.

A PAZ VENCERÁ!

Amilcar Del Chiaro Filho

29/11/2010

E QUEM É O MEU PRÓXIMO?

Amistad3
O próximo a quem precisamos prestar imediata assistência é sempre a pessoa que se encontra mais perto de nós.
Em suma, é, por todos os modos, a criatura que se avizinha de nossos passos. E como a Lei Divina recomenda amemos o próximo como a nós mesmos, preparemo-nos para ajudar, infinitamente...
Se há Cristianismo em nossa consciência, o cultivo sistemático da compreensão e da bondade tem força de lei em nossos destinos.
Um cristão sem atividade no bem é um doente de mau aspecto, pesando na economia da coletividade.
Sabemos que o Divino Mestre amou e amparou, lutou em favor da luz e resistiu à sombra, até à cruz.
Lembra-te sempre de que estás situado na Terra para aprender e auxiliar.
Texto extraído do Livro Fonte Viva – Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

27/11/2010

CARTA DO SENADOR PÚBLIO LENTULUS AO IMPERADOR

"Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra:

é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.

Tem os cabelos da cor amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.

Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis.

A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.

Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa.

É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a majestade tua, ó Cézar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.

De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada.

Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça.

Muitos se riem, vendo-o assim,porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.

Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes.    Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este
Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.

Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles eu o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.

Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo... Públio Lentulus, presidente da Judéia Lindizione setima, luna seconda.”

(Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus.)

25/11/2010

CRISTO EM CASA

lar2

Se desejas extinguir
A sombra que aflige e atrasa,
Não olvides acender
A luz do Evangelho
em casa.
Quando possível, nas
horas
De doce união no lar,
Estende a Lição Divina
Ao grupo
familiar.
Na chama viva da
prece,
O culto nobre inicia,
Rogando
discernimento
À Eterna
Sabedoria.
Logo após, lê, meditando
O Texto Renovador
Da Boa
Nova sublime,
Que é fonte de todo o amor.
Verás a tranquilidade,
Vestida em suave brilho,
Irradiando
esperança
Em todo o teu
domicílio.
Ante a palavra do Mestre,
Generosa, clara e boa,
A experiência na Terra
É luta que aperfeiçoa.
Mentiras da vaidade,
Velhos crimes da avidez,
Calúnia e
maledicência
Desaparecem de
vez...
Serpentes envenenadas
Do orgulho torvo e escarninho,
Sob o clarão da verdade,
Esquecem-nos o
caminho.
Dificuldades e provas,
Na dor amargosa e lenta,
São recursos salvadores
Com que o Céu nos apascenta.
E o trabalho por mais rude,
No campo de cada dia,
É dádiva edificante
Do bem que nos
alivia.
É que, na Bênção do Cristo,
Clareia-se-nos a estrada
E a nossa vida ressurge,
Luminosa e transformada.
Conduze,
pois, tua casa
À inspiração de Jesus.
O Evangelho em tua mesa
É pão da Divina
Luz.
Fonte: LUZ no LAR
Autor Casimiro Cunha
Psicografia de:
Chico Xavier

24/11/2010

OBSESSAO ESPIRITUAL, CAUSA DAS GRANDES ANGÚSTIAS HUMANAS

obsessao 1 

Para garantir-nos contra a sua influência urge fortalecer a fé
pela renovação mental e pela prática do bem nos
moldes dos códigos evangélicos

Confrades vez ou outra nos indagam por que viver na Terra é tão complicado e quase sempre tão amarga é a vida? Digo-lhes que essa sensação eventualmente pode ser uma aspiração à felicidade e à liberdade e que, algemado ao envoltório físico que nos serve de cárcere, aplicamo-nos a inúteis esforços para dele sair. Contudo, alguns se abatem no desencorajamento, e a todo o instante reverberam suas lamentações. Mas é preciso resistir energicamente a essas sensações de desânimo e desesperanças, porque os sonhos para a felicidade de viver são intrínsecos a todos os homens, embora não a devamos sofregamente procurar somente na experiência material e transitória da vida terrena.

Comentando sobre a melancolia, encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo o Espírito François de Genève, ditando o seguinte: “Precisamos cumprir, durante nossa prova terrena, tarefas e compromissos que não suspeitamos, seja no que tange à devoção à família, ou cumprindo diversos deveres que Deus nos confiou. Se no transcurso dessa experiência, no desempenho das tarefas, observamos os cuidados, as inquietações, os desgostos esmagarem nossos ânimos d'alma, sejamos fortes e corajosos para derrotá-los. Avancemos e encaremos sem temor; pois que as aflições são de curta duração e devem nos conduzir para situações bem melhores no futuro”.

Há, porém, muitas amarguras que podem ter suas origens na infidelidade aos compromissos cristãos, daí a melancolia se instala no ser, do que poderá resultar um processo obsessivo. Mas o que é uma obsessão? Etimologicamente, o termo tem sua origem no vocábulo obsessione, palavra latina que significa impertinência, perseguição. Para alguns estudiosos espíritas, a obsessão é percebida como um grande flagelo mundial. Essa visão se reveste de profunda gravidade na sociedade, que atualmente está bem instrumentalizada tecnologicamente, seja no campo das comunicações e da informática, seja nas outras áreas do saber, ampliando e aprofundando as responsabilidades de cada um em face da vida coletiva. 

Obsessão é uma influência maléfica na mente

Aurélio Buarque define obsessão como sendo uma preocupação com determinada ideia, que domina doentiamente o espírito, resultante ou não de sentimentos recalcados; ideia fixa; mania. Da mesma forma a terminologia obsessão é usada, vulgarmente, para significar ideia fixa em alguma coisa, tique nervoso, gerador de manias, atitudes estranhas etc. Entretanto, sob o ponto de vista espírita, o termo tem um significado e interpretação mais amplos. Consubstancia-se numa influência maléfica relativamente persistente que desencarnados e/ou encarnados, tão ou mais atrasados que nós mesmos, podem exercer sobre a nossa vida mental. 

Para a escola clássica da psiquiatria, obsessão é um pensamento, ou um impulso, persistente ou recorrente, indesejado e aflitivo, que vem à mente involuntariamente, a despeito de tentativa de ignorá-lo ou de suprimi-lo. Psiquiatras que não admitem nada fora da matéria não podem entender uma causa oculta (espiritual), mas quando a academia científica tiver saído da rotina materialista, ela reconhecerá na ação do mundo invisível que nos cerca e no meio do qual vivemos uma força que reage sobre as coisas físicas, tanto quanto sobre as coisas morais. Esse será um novo caminho aberto ao progresso e a chave de uma multidão de fenômenos mal compreendidos do psiquismo humano.

E, óbvio, não descartando a possibilidade da anomalia psicossomática, a Doutrina Espírita faz-nos conhecer outras fontes das misérias humanas, mantidas pela fragilidade moral dos seres. Reconhecemos que o uso dos fármacos antidepressivos estabelece a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto, agem simplesmente sobre os efeitos, uma vez que os medicamentos não curam a obsessão em suas intrínsecas causas, apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuroniais, corrigindo o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Sócrates já afirmava que "se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma”.

Por insinceridade, em nosso tênue esforço para a reforma moral, obstamos as relações equilibradas e equilibrantes conosco e com o próximo. Toda a nossa desarmonia leva a desenvolver sintonias viciosas com outras mentes doentias, seja de desencarnados ou encarnados, o que aguça sobremaneira nosso próprio desarranjo interior, resultando daí as ingentes dificuldades para nos libertarmos das algemas em que nos aguilhoamos ante as garras do mal.

Na intimidade do lar, da família ou do Centro Espírita, do ambiente de trabalho profissional, adversários ferrenhos do pretérito se reencontram. Convocados pelos Benfeitores do Além ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se veem possuídos uns à frente dos outros, e (re)alimentam com paixão, no imo de si mesmos, os raios tóxicos da antipatia que, concentrados, se transformam em pontiagudos dardos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a própria morte. 

A obsessão espiritual é sintonia ou troca de vibrações afins. Kardec define obsessão como a ação persistente que um Espírito inferior exerce sobre um indivíduo, apresentando caracteres variados que vão desde a simples influência moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. A obsessão é o encontro de forças inferiores retratando-se entre si. 

As múltiplas facetas da obsessão

Há quadros de obsessões explodindo por todos os lados em todos os níveis, quais sejam de desencarnados sobre encarnados e vice-versa; de encarnados sobre encarnados, bem como de desencarnados sobre desencarnados. 

Nosso mundo mental rege a vida que nos é peculiar em todas as suas dimensões, contudo, nos encontramos ainda no início do entendimento das implicações da força mental, do significado e abrangência das construções mentais na vida. Os obsessores são hábeis e inteligentes, perfeitos estrategistas que planejam cada passo e acompanham as presas por algum tempo, observando suas tendências, seus relacionamentos, seus ideais. Identificam seus pontos vulneráveis (quase sempre ligados ao descaminhamento sexual) e os exploram pertinazes.

O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando bom e edificante, ajusta-se às Leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco. 

Nosso universo mental é como um céu, mas do firmamento descem raios de sol e chuvas benéficas para a vida planetária, assim como, no instante do atrito de elementos atmosféricos, desse mesmo céu procedem faíscas elétricas destruidoras. Da mesma forma funciona a mente humana. Dela se originam as forças equilibrantes e restauradoras para os trilhões de células do organismo físico, mas, quando perturbada, emite raios magnéticos de elevado teor destrutivo para a nossa estrutura psíquica. 

O mestre lionês redarguiu dos Espíritos, na questão 466 d' O Livro dos Espíritos, por que permite Deus que os obsessores nos induzam ao mal? Os Espíritos responderam: "Os seres imperfeitos são instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito, deveis progredir na ciência do infinito, razão por que passais pelas provas do mal, a fim de chegardes ao bem. Nossa missão é a de colocar-vos no bom caminho e quando más influências agem sobre vós, é que as atraís, pelo desejo do mal. Os Espíritos inferiores vêm em vosso auxílio no mal, sempre que desejais cometê-lo; e só vos podem ajudar no mal quando quereis o mal. Então, se vos inclinardes para o assassínio, tereis uma nuvem de Espíritos que vos alimentarão esse pendor. Entretanto, tereis outros que procurarão influenciar-vos para o bem. Assim se restabelece o equilíbrio e ficais senhor de vós mesmos”.

Renovação moral como base para a desobsessão espiritual

O venerável Codificador, em O Livro dos Médiuns, afirma que as imperfeições morais dão acesso aos obsessores e o meio mais seguro de nos livrarmos deles é atrair os bons Espíritos pela prática do bem. A obsessão é impotente diante de Espíritos redimidos! E o que é um Espírito redimido? É aquele que reconhece as suas limitações e, como enunciado pelo apóstolo Paulo, sente a alegria de saber-se "matriculado na escola do bem”.

Esse desarranjo psicoespiritual deverá ser eliminado da sociedade no instante em que o lídimo exemplo do amor for experimentado e disseminado em todas as direções, consoante Jesus consubstanciou e vivenciou até as agruras da morte, prosseguindo desde tempos apostólicos até os dias atuais. 

O Espiritismo, desvendando a intervenção dos Espíritos endurecidos no mal em nossas vidas, lança luzes sobre questões ainda desconsideradas pelas ciências materialistas como de causa psicopatológica.

Muitas vezes procurado pelos obsidiados, o Cristo penetrava psiquicamente nas causas da sua inquietude e, usando de sua autoridade moral, libertava tanto os obsessores quanto os obsidiados, permitindo-lhes o despertar para a vida animada rumo à recuperação e à pacificação da própria consciência. Porém, é muito importante lembrar que Jesus não libertou os obsidiados sem lhes impor a intransferível necessidade de renovação íntima, nem expulsou os perseguidores inconscientes sem fornecer-lhes o endereço de Deus.

Conclusão

Em síntese, identificamos sempre na obsessão (espiritual) o resultado da invigilância e dos desvios morais. Para garantir-nos contra a sua influência urge fortalecer a fé pela renovação mental e pela prática do bem nos moldes dos códigos evangélicos propostos por Jesus Cristo, não nos esquecendo dos divinos conselhos do Vigiai e Orai.

Bibliografia consultada:

Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, cap. V, item 25. Dicionário Aurélio eletrônico; século XXI. Rio de Janeiro, Nova Fronteira e Lexicon Informática, 1999, CD-rom, versão 3.0. Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, Cap. Dominação Telepática. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, GB., 2003, perg. 644. Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 19987- (Mateus 26:41; Marcos 14:38; Lucas 21:36 e I Pedro 5:8). Revista Espírita, fevereiro, março e junho de 1864. A jovem obsedada de Marmande. Kardec, Allan. O Que é o Espiritismo, Cap. II, Escolho dos Médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2003.Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Resumo da doutrina de Sócrates e de Platão, item XIX, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001.

21/11/2010

A Ação dos pais na educação moral dos filhos

 

 

 

 

 

 

No capítulo XVIII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, há interessante ressalva de Allan Kardec sobre o ensino dos Espíritos superiores, alertando-nos de que “nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância”. 1 Com o mesmo cuidado, o insigne Codificador exorta-nos para que possamos aproveitá-lo com afinco, transformando-nos moralmente e não apenas admirando-o como coisas interessantes e singulares sem tocar-nos o coração e sem alterar a nossa maneira de ser.
Um dos mais valiosos aforismos encontra-se na definição de moral dada pela Doutrina Espírita:
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.  2 No entanto, a despeito dos preceitos doutrinários que nos chegam do mundo espiritual, não obtemos resultados mais significativos na formação moral das crianças e dos jovens que educamos e, a cada dia, surpreende-nos a diversidade que surge da maneira pela qual a moralidade é interpretada, mormente a que se origina de transformações sociais profundas e que influenciam os procedimentos de toda uma geração; costumes nem sempre compatíveis com a justiça e a ética e que interferem na transmissão de ensinamentos para aquisição de hábitos salutares que tentamos infundir para melhoria do comportamento dos filhos. Por essa razão, unicamente, hábeis sermões dirigidos a eles não são suficientes para uma educação moral verdadeiramente eficaz. Mas – questionarão os pais apreensivos –, o que é necessário fazer para superação desses obstáculos? É oportuno destacar certos aspectos que, possivelmente, intervêm na educação que ministramos.
Importante alerta é dado, pelos benfeitores espirituais, na resposta à questão 208, de O Livro dos Espíritos, ao afirmarem que os pais exercem grande influência sobre os rebentos,
transformando-se, o ato de educar, numa missão para o desenvolvimento deles e “tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho”. 3 Cabe-nos perguntar: somos coerentes com os ensinos que irão preponderar, positivamente, nas condições de adiantamento de nossa prole? Embora seja inegável que discursos morais, sobretudo os de caráter espírita, entusiasmem as pessoas, é preciso pensar nas qualidades e exemplos daqueles que os proferem, nem sempre condizentes com as regras de conduta que pregam.
Nesse caso, a educação moral é transmitida, não no sentido de ser, mas no de parecer. Vinícius, em uma de suas obras espíritas, considera que “quando se trata de qualidades e virtudes, é muito mais fácil simulá-las que adquiri-las”.
Ao final, deduz o autor: A Moral, considerada outrora por Sócrates como a ciência por excelência, consiste hoje em acompanhar passivamente a opinião da maioria dominante, com menosprezo, embora, dos mais comezinhos princípios do decoro e da decência. 5
Grave advertência para não nos deixarmos entusiasmar por estilos e preconceitos de certos ambientes sociais, pois, sem o sentirmos, esse modo de viver se transforma em hábito, condicionando-nos e estabelecendo estreitos limites para nossa evolução espiritual.
O Espírito Valérium se expressa sobre o assunto por meio de metáfora, ao comparar a similaridade da vida na Terra a um rio caudaloso e que, como espíritas, em muitas ocasiões, é preciso nadar “contra a corrente dos preconceitos e prejuízos da convenção”, 6 mesmo que o percurso normal de nossa trajetória seja viver com todos, sem nos tornarmos criaturas antissociais.Assegura, ele: Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar. Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria. Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar. Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria.
Jamais se indispondo contra o erro. Só dizendo “sim” para tudo e para todos. Seguindo despreocupadamente, sem o exame dos próprios atos. [...]
Mas, subir contra a corrente do mundo é mais difícil.
É preciso valor para enfrentar a adversidade.
É necessário paciência para fugir aos erros de tradição.
É indispensável ser forte para tornar-se exceção no esforço maior.7
Precisamos manter as atitudes que assumimos ao nos identificar com os ensinamentos da Doutrina Consoladora – teorias que nascem da reflexão pura e sincera e que se transformam em práticas conscientes a serem aplicadas nas experiências do cotidiano, de maneira espontânea, natural, tanto na vida privada como em sociedade. Contudo, motivar nossos filhos para a aquisição de qualidades essenciais, baseadas na ética e na moral dos costumes, não consiste, somente, em absorver o verdadeiro pensamento do Espiritismo, sem termos dúvidas de segui-lo fielmente, mas está, também, na ação a ser exemplificada e promovida no ato de corrigir (ensinar) para tomada de consciência daqueles que educamos.
Em uma das obras de Aristóteles (384-322 a.C.), Ética a Nicômaco (apud HOURDAKIS, 2001), que constitui sua teoria mais ordenada a respeito dos valores morais, ele analisa a virtude não como um conhecimento, [...] mas um hábito voluntário (hexis proairetikê) e um uso. Em outros termos, não se trata de uma predisposição natural, mas de algo que resulta de uma atividade e de um exercício perseverante e que não se adquire mediante o ensino, mas pela prática. A ética do homem se forma a partir do hábito, que significa familiaridade e essa ética se adquire, primeiramente, no interior da família e depois na cidade estado, que legisla tendo em vista a educação correta dos cidadãos. 8
Ponderação corroborada Allan Kardec, ao afirmar que não se refere à educação moral adquirida pelos livros, mas “[...] sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos,
porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.9 Há, pois, necessidade de estimular nossos filhos ao exercício da prática de ações que possam persuadi-los a agir
com honestidade, justiça e caridade.
Ajudá-los para se tornarem “homens de bem”, incentivando-os às boas iniciativas e organizando atividades cotidianas de modo fértil, fazendo com que desenvolvam suas experiências, tanto na vida moral, como na social, de forma equilibrada e saudável.
Kardec, exímio educador, exalta, pelo exemplo, as explicações para aquisição das virtudes que o Cristo ensinou, ao oferecer-nos rica metodologia de como educar os seres sob
a nossa guarda. No capítulo XIII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, lega-nos extraordinária lição: Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida [...].À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos.
É que ela vai acalmar ali todas as dores.
Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras [...].
[...] Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: “[...] Quando visitamos os doentes, tu me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. [...] Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti. [...]” 10  (Grifo nosso.)
Essa orientação-modelo de como ministrar lições de cunho moral que, de modo exaustivo, repetimos verbalmente aos filhos, contrapõe-se à maneira repressiva de educar, sem nos precavermos para não aumentar, excessivamente, a carga que pesa sobre os ombros daqueles que criamos, ao querer que demonstrem conduta moral irrepreensível, sem ainda terem clara consciência de como manifestar isso.
Ao auxiliarmos para que se tornem pessoas moralmente melhores, precisamos incentivá-los a pensar sobre a ação a ser praticada, desenvolvendo posturas que os façam ter espírito de iniciativa nas realizações voltadas para o bem proceder, sem esperar, contudo, que conquistem expressivo progresso moral em apenas uma existência, de acordo com os princípios espíritas.
É fundamental, pois, estudar a Doutrina e o Evangelho de Jesus, embasando-nos pelo estudo, especialmente quando estivermos ao lado de outros pais (em reuniões, grupos, ciclos de encontros etc.), para valorizar e analisar as vivências do cotidiano familiar e as implicações decorrentes desses problemas na educação das crianças e dos jovens que protegemos e amamos.
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.18, item 12, p. 332.
2_____. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 629.
3_____. _____. Q. 208.
4VINÍCIUS (pseudônimo de Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 12. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. Ser, e não parecer, p. 71.
5_____. _____. p. 72.
6VIEIRA, Waldo. Bem-aventurados os simples. Pelo Espírito Valérium. 15. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 39, p. 101.
7_____. _____. p. 100-101.
8HOURDAKIS, Antoine. Aristóteles e a educação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Edições Loyola, 2001. Cap. A etologia da educação, p. 56.
9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Comentário de Kardec à q. 685a.
10_____. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 13, item 4.   http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=183      Clara Lila Gonzales de Araújo

20/11/2010

ALCOOLISMO JUVENIL: UMA OMISSãO FAMILIAR

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“Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)

Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.

Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o caráter.

Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”, campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas de mídia e aceito com naturalidade por nós.

Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente em todos os setores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um ato de afirmação do jovem, como sinônimo de que ele já começa a adentrar o sonhado mundo dos adultos. Puro engano.

Pena que a sua visão de vida e os seus objetivos na existência, muito acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de conscientização que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.

Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão corrosiva substância. Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da personalidade.

Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.

Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.

Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa “tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.

No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família. Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande maioria dos nossos jovens.

Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.

E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.

Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde física e ao caráter, pois que são escravos do vício.

É triste, muito triste mesmo, identificar que muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade. O alcoólatra não é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.

Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família. Esses pais, indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente, chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.

Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados. Eles precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos, especialmente dos adultos com quem convivem.

O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito frequentemente, vítima da omissão familiar.

Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações se entre as paredes do lar a indiferença continuar.

Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.

WALDENIR APARECIDO CUIN
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Votuporanga, São Paulo (Brasil)http://www.oconsolador.com.br/ano4/185/principal.html