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04/07/2009

Esopo e a língua

04/07/09

Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.
Certo dia em que o patrão conversava com outro companheiro, discorrendo sobre os males e virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
_ Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado. _
Como? Interrogou o amo, surpreso. Tens certeza? Vê lá, hein? Como podes afirmar tal coisa?
- Não só afirmo, como, se meu amo me conceder a autorização, irei até lá e trarei à vossa presença e de vosso amigo, a maior virtude da Terra.
Estás autorizado. Mas, vê se não me envergonhas! Caso o que trouxeres não for realmente a maior virtude da Terra, punir-te-ei com o pior dos castigos.
Saiu Esopo e, dali a minutos, voltava carregando um pequeno embrulho nas mãos. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
_ Meu amo, não vos enganei. A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela, podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua, os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis renegar essas verdades? _
Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és tão desembaraçado, que tal trazer-me o pior vício do mundo, ou achas que o nosso mercado não o tem em estoque?
_ É-me perfeitamente possível, Senhor, e, com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda a Terra.
Concedida a permissão, saiu novamente Esopo, e, dali a minutos, voltava com outro pacote muito semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os dois amigos encontraram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:
_ Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transformam no pior dos vícios. Através dela, tecem-se as intrigas e as calúnias, as mentiras cruéis, as injúrias e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por elas mesmas ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através dela, estabelecem-se as discussões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? _
Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade, que Esopo aceitou reconhecidamente, tornando-se, mais tarde, o fabulista mais conhecido da antiguidade, cujas histórias, até hoje, se espalham por todo o mundo
( Apostila da Federação Espírita Brasileira )

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