O fenômeno se traduz por uma estranha impressão de já ter vivenciado a cena presente e mesmo saber o que se vai passar em seguida, ainda que a situação que esteja a ser vivida seja inédita. Conhecido como déjà vu, ou paramnesia (como também é conhecido), tem sido, ao longo dos anos, objeto das mais díspares tentativas de interpretação. Para Sigmund Freud, as cenas familiares seriam visualizadas nos sonhos e depois esquecidas e que, segundo ele, eram resultado de desejos reprimidos ou de memórias relacionadas com experiências traumáticas. Fabrice Bartolomei, Neurologista francês, a paramnesia é resultado de uma fugaz disfunção da zona do córtex entorrinal, situado por baixo do hipocampo e que se sabia já implicada em situações de "déjà vu", comuns em doentes padecendo de epilepsia temporal.
Experiências, conduzidas por investigadores do Leeds Memory Group, permitiram recriar, em laboratório e através da hipnose, as sensações de "déjà vu". Outros dados explicam que situações de stress ou fadiga possam favorecer, nesse contexto disfuncional, o aparecimento do fenômeno, mas a causa precisa deste "curto-circuito" cerebral permanece, ainda, uma incógnita.
Muitos de nós já tivemos a sensação de ter vivido essa situação que acabamos de relatar. Como já ter estado em um determinado lugar ou já ter vivido certa situação presente, quando, na realidade, isto não era de conhecimento anterior? Em alguns casos, ocorre a habilidade de, até, predizer os eventos que acontecerão em seguida, o que é denominado premonição. Seria um bug cerebral, premonição ou mera coincidência? A psiquiatria e a Doutrina Espírita explicam esta questão de formas diferentes.
Sabe-se que nossa memória, às vezes, pode falhar e nem sempre conseguimos distinguir o que é novo do que já era conhecido. "Eu já li este livro?" - "Já assisti a este filme?" - "Já estive neste lugar antes?" - "Eu conheço esse sujeito?" Estas são perguntas corriqueiras de nossa vida. No entanto, essas dúvidas não são acompanhadas daquele sentimento de estranheza que é indispensável ao verdadeiro déjà vu. Para alguns estudiosos, quando a sensação de familiaridade com as situações, lugares ou pessoas desconhecidas é freqüente e intensa, pode, até, ser um dos sintomas da epilepsia, na área do cérebro responsável pela memória, mas, essa mesma sensação pode indicar outros sintomas. Déjà Vu é um fenômeno anímico muito comum , embora de complexa definição científica.
Pode ocorrer com certa freqüência em indivíduos com distúrbios neuropatológicos, como a esquizofrenia e a epilepsia. Mas há, também, outras predisposições maiores por fatores não patológicos, como fadiga, estresse, traumas emocionais, excesso de álcool e drogas. Há, ainda, as teorias da psicodinâmica, da reencarnação, holografia, distorção do senso de tempo e transferência entre hemisférios cerebrais. São tão complexas as análises, que especialistas reagem contra a limitação do "vu", que restringiria ao mundo do que pode ser "visto", e já utilizam formas paralelas que fariam referência mais específica aos vários tipos de situação: "déjà véanus" ("já vivido"), "déjà lu" ("já lido"), "déjà entendu" ("já ouvido"), "déjà visité" ("já visitado") - o que pode, um dia, acarretar um "déjà mangé" ("já comido") ou um "déjà bu" ("já bebido").
Os especialistas, ainda, não sabem, concretamente, como ocorre, exatamente, a sensação do déjà vu em pessoas não epilépticas. A que ocorre em pessoas com a doença, no entanto, existem algumas hipóteses, como a batizada, pelo psicólogo Alan Brown, de "duplo processamento". (1) Segundo o psicólogo Alan Brown, professor da Universidade Southern Methodist, nos Estados Unidos, e autor do livro "The Déjà Vu Experience" (a experiência do déjà vu), dois terços da população mundial relatam ter tido, ao menos, um déjà vu na vida.
Para os conceitos espíritas tudo o que vemos e nos emociona, agradável ou desagradavelmente, nesta e nas encarnações pretéritas, fica, indelevelmente, gravado em alguma parte da região talâmica do cérebro perispiritual, e, em algumas ocasiões, a paramnesia emerge na consciência desperta. Pode, também, ser uma manifestação mediúnica se o médium entra, em dado momento, em um transe ligeiro, sutil, e capta a projeção de uma forma-pensamento emitida por um espírito desencarnado; essa é outra possibilidade.
A tese da reencarnação é difundida há milhares de anos. No Egito, um papiro antigo diz: "o homem retorna à vida varias vezes, mas não se recorda de suas pretéritas existências, exceto algumas vezes em sonho. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas." (2)
Em que pese serem as experiências déjà vu, segundo o academicismo, nada mais do que incidentes precógnitos esquecidos, urge considerar, porém, que existem situações dessa natureza que não podem ser explicadas dessa maneira. Entre elas, está em alguém ir a uma cidade ou a uma casa, pela primeira vez, e tudo lhe parecer muito íntimo, ao ponto de prever, com exatidão, detalhes sobre a casa ou a cidade; descreve, inclusive, a disposição dos cômodos, dos móveis, dos objetos e outros detalhes que estão muito além do âmbito da precognição normal. "Em geral, as experiências precógnitas são parciais e enfatizam certos pontos notáveis, talvez alguns detalhes, mas nunca todo o quadro. Quando o número de detalhes lembrado torna-se muito grande, temos que desconfiar, sempre, de que se trata de lembranças de uma encarnação passada". (3)
Apesar de não serem abundantes as publicações e depoimentos sobre o assunto, há teorias que associam o déjà vu a sonhos ou desdobramento do espírito, onde o espírito teria, realmente, vivido esses fatos, livre do corpo, e/ou surgiriam as lembranças de encarnações passadas, como disse acima, o que levaria à rememoração na encarnação presente. (4) Hans Holzer, registra uma história, em que ele descreve a experiência déjà vu: "durante a Segunda Guerra Mundial, um soldado se viu na Bélgica e, enquanto seus companheiros se perguntavam como entrar em determinada casa, em uma cidadezinha daquele país, ele lhes mostrou o caminho e subiu a escada à frente deles, explicando, enquanto subia, onde ficava cada cômodo. Quando, depois disso, perguntaram-lhe se havia estado ali antes, ele negou, dizendo que nunca havia deixado seu lar nos Estados Unidos, e estava dizendo a verdade. Não conseguia explicar como, de repente, se vira dotado de um conhecimento que não possuía em condições normais". (5)
Cremos que a experiência déjà vu é muito profunda e o sentimento é de estranheza. Devemos distinguir um sintoma do outro, pois, cada caso é um caso e nada acontece por acaso. Por ser um fenômeno profundamente anímico, é prudente separarmos as teorias da reencarnação, sonhos ou desdobramentos, das teorias de desejos inconscientes, fantasias do passado, mecanismo de autodefesa, ilusão epiléptica, entre outras, para melhor discernimento do que, realmente, seja uma paramnesia e o que seja, apenas, uma fantasia de nosso imaginário fecundo.
Jorge HessenE-Mail: jorgehessen@gmail.com Site: http://jorgehessen.net http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com
FONTES:
(1) Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u566377.shtml
(2) Papiro Anana" (1320 A.C.)
(3) Revista Cristã de Espiritismo, edição 35
Olá amiga Marcia. Apesar das diversas teorias que tentam explicar o deja vu, para nós espíritas o tema é mais ou menos claro.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Ainda temos muitos segredos a desvendar.O tema é instigante. Um abraço
ResponderExcluirMárcia, essa é a melhor explicação sobre o tema.
ResponderExcluirEu sempre sinto Déjà vu não de lugares, mas de momentos e pessoas também.
A ciência nunca terá uma explicação plausível: vai apenas fazer o papel de teoria.
Abraços!
Também penso que os espíritas tem a melhor explicação ... De fato é um fenômeno por demais instigante .
ResponderExcluirParabéns pelo belo post !
Realmente, para nós, deixa de ser complicado. Naturalmente O Espiritismo não disse tudo, pois tem o lado físico também. De qualquer forma, tudo tem origem no espiritual.
ResponderExcluirMeu Anjo, beijo no coração!
ótimo fim de semana!!!
Bela explanação de um tema complexo e que como ja dito, todos nós já experimentamos algo parecido.Muito interessante o relato do soldado no final do texto.Um abraço de paz e luz MArcia.
ResponderExcluirFez uma riquíssima postagem. Realmente, é difícil colher depoimentos de situações da natureza, voltados para o lado espiritual. Isso ocorre porque as pessoas e a própria ciência se recusam a admitir a possibilidade da reencarnação.
ResponderExcluirbjs.
excelente post, Márcia. eu vivo tendo essas sensações, mas sempre tento não me deixar influenciar por elas. um dia de luz para você.
ResponderExcluirPARABENS MARCIA QUE TEMA MARAVILHOSO E PROFUNDO DIGNO DE ESTUDO E REFLEXÃO ,ESTE TEMA NOS TRAZ SEMPRE ALGO DE NOVO,É UM ASSUNTO INESGOTAVEL
ResponderExcluirTENHA UMA ÓTIMA SEMANA MUITA PAZ MUITA LUZ ESPIRITUAL BJS MARLENE
Márcia. Esse assunto é bem complexo, mas foi muito bem colocado nesse post. Beijos e ótima semana.
ResponderExcluirDEUS É ONISCIENTE,E NOS CRIOU À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA. NADA MAIS NATURAL QUE SUAS CRIATURAS POSSAM EXPERIMENTAR ESSA CARACTERÍSTICA DIVINA, ENTRETANTO O FATO DE PREVERMOS O FUTURO NÃO NOS LEVARÁ PARA CASA! DISSE JESUS: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA, E NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM! CREIO QUE QUALQUER PESSOA, INDEPENDENTE DE SER ESPÍRITA OU ACREDITAR NA REFERIDA DOUTRINA, PODE DISPOR DE TAL DOM PREMUNITIVO, NÃO SENDO TAL FENÔMENO NECESSARIAMENTE UMA PROVA DA REENCARNAÇÃO! PERDOEM-ME SE MINHA SINCERIDADE INCOMODA ALGUÉM MAS CREIO ESTARMOS NUM PAÍS DEMOCRÁTICO, TOLERANTE, EM QUE AINDA TEMOS LIBERDADE PARA EXPRESSAR NOSSAS IDÉIAS. GRATO!
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