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26/05/2011

Os instrumentos da perfeição

 

Jesus e os


Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto.
Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes.
Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública.
Guardava, por isso, o semblante carregado e austero.
Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu
o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio.
Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor:
— E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?
— Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente. — Coloquei cada
um no lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Meu tio
é raro exemplar de sovinice e meu primo é mentiroso contumaz. Provei, perante numerosa
assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.
O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo:
— Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa?
— Naturalmente, trabalha — redargüiu o interpelado, irritadiço.
— Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado.
— Usando ferramentas.
Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou:
— As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos.
Quando falhamos no aproveitamento deles, que constituem elementos de nossa melhoria, é quase impossível triunfar com recursos alheios, porque o Pai nos concede os problemas da
vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução. A ave é obrigada a fazer o ninho, mas não se lhe reclama outro serviço. A ovelha dará lã ao pastor; no entanto, ninguém lhe exige
o agasalho pronto. Ao homem foram concedidas outras tarefas, quais sejam as do amor e da humildade, na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade
não sejam mitos na Terra. Os parentes próximos, na maioria das vezes, são o martelo ou o serrote que podemos utilizar a benefício da construção do templo vivo e sublime, por intermédio
do qual o Céu se manifestará em nossa alma. Enquanto o marceneiro usa as suas ferramentas, por fora, cabe-nos aproveitar as nossas, por dentro. Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe a bondade
à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer. Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos
ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.
Calou-se Jesus e, talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou
serenamente:
— Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai
que se encontra no Céu?
Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.

Trecho do livro Jesus no Lar, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de Neio Lúcio.

10 comentários:

  1. Amiga Marcia, não é àtoa que Jesus é o governador da terra, pois se trata da Sabedoria Viva, que continua inspirando a todos nós.
    Um abraço. Tenha um bom dia.

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  2. lindo texto e explanação do Mestre a respeito doa pessoas como ferramentas doadas a nos para que possamos contribuir em seu e nosso progresso espiritual,são lindas palavras com explicação tão terna e amavel do Mestre Jesus, um grande abraço
    grata por seu carinho e amizade bjs marlene

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  3. Nossa que texto fantastico desta passagem,onde a sabedoria reina em cada palavra do mestre,que até o tempo parou.Um abraço amiga,que Deus nos cuide sempre.

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  4. Jesus foi mesmo o maior sábio que já pisou na face da terra.
    Felizes foram os seus seguidores e apóstolos, que além de escutar seus ensinamentos,vivenciaram suas emoções.
    Bjus!

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  5. Olá Marcia! Passando para te cumprimentar e me deliciar com a leitura deste belo texto. Linda escolha. Parabéns!

    Beijos e muita paz pra ti e para os teus.

    Furtado.

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  6. Uma página linda, onde Jesus, como sempre, mostra o caminho a seguir
    Beijos..

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  7. Maravilhoso texto.
    vermos os familiares difíceis como os instrumentos de construção do nosso templo interior é realmente de uma força grandiosa. talvez por isso mesmo, temos receio de aprender e compreender a lição desta forma.

    Lindo mesmo!!!

    Um beijo, meu Anjo!!!

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  8. E ainda existem descrentes que não entendem as sábias palavras e ensinamentos deixados a milhares de anos ... quiçá falte-lhes HUMILDADE e nem se trata de ausência de fé...

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  9. Márcia, não conhecia essa parábola de Cristo.
    Quando tivermos obedecendo a esses preceitos do Mestre, já chegamos à perfeição.

    Gostei sobremaneira, sempre eclética na escolha das mensagens.

    Abraços do amigo.

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